A “FRUSTRAÇÃO” COM A IGREJA – José Nilton Mariano Saraiva
Particularmente, não compactuamos com o velho adágio popular que, de forma equivocada, medrosa e inconsistente, prega que “política, religião e futebol” não se discutem, já que considerados temas por demais polêmicos. Advogamos, sim, que se existem argumentos convincentes e consistentes, devam ser brandidos e utilizados na elucidação de dúvidas e querelas a respeito.
Assim (com o devido respeito a quem pensa diferente), e partindo-se do pressuposto de que reportar-se à “instituição Igreja” é necessário, permitimo-nos exibir a opinião de alguém que a vivenciou em toda a sua plenitude, porquanto por muitos anos um dos seus principais e badalados pastores: Leonardo Boff.
José Nilton Mariano Saraiva
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IGREJA, A GRANDE “MADRASTA” – Leonardo Boff
“O padre, o seminarista, é educado para ter um “VERDADEIRO CASAMENTO" com a instituição Igreja; assim, aquilo que a pessoa dá em termos de libido, de amor à sua companheira, à sua mulher, ele é educado a dar à sua Igreja.
Agora, há uma fase em que o padre desperta. Geralmente quando “cai na vida real”, como pároco, como agente de pastoral, aí ele se dá conta de que essa Igreja é UMA GRANDE MADRASTA. Que usa a força dele, sua libido, sua inteligência em favor dos interesses institucionais dela e não das pessoas humanas. Que ela, Igreja, não se interessa muito pelos problemas do homem da rua, que tem problema com limitação de natalidade, com eventual aborto, com fracasso no matrimônio e a vontade de começar um outro. Ela, a Igreja, não se interessa, ela é fria e sem piedade e aplica a doutrina.
E AÍ O PADFRE ENTRA EM CRISE, fica entre o pastor que sente o próximo, e a subjetividade que foi criada nele de ser o representante da instituição, da doutrina; e entra num conflito onde muitos sucumbem: ou ele abre e entra num novo estado de consciência e é um pastor que viola as doutrinas, ou ele se enrijece, recalca aquele mundo e fica o homem da instituição, do poder, da palavra rígida e até se transfigura. Ou, então, a terceira alternativa: MUITOS ABANDONAM.
E aí vão atrás das causas profundas que podem ser, digamos, O ENCONTRO COM UMA MULHER. Não é apenas o encontro com uma mulher, quer dizer, ao encontrar a mulher e descobrir o mundo da intimidade, da ternura, da compreensão, do companheirismo, da vida como todos os mortais vivem, que é carregada de valores, e que isso foi tolhido a ele, conclui: "Puxa, mas Deus não pode ser inimigo disso, Deus tem de ser pensado como um prolongamento disso ao infinito e não como corte disso". E aí, muitos então saem, profundamente FRUSTRADOS COM A INSTITUIÇÃO IGREJA.
Então, a educação é levada nesse sentido; POR FORÇA DO CELIBATO você não pode ter o intercurso sexual. Então, a mulher se torna a tentação próxima. E você é educado a não olhar nos olhos da mulher, porque ela é tentadora, de nunca conversar com ela sozinho, mas sempre acompanhado de outros”.
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