DO “RUGIR” DO LEÃO AO “MIAR” DO GATINHO – José Nílton Mariano Saraiva
Durante meses, antes da eleição presidencial de 2022, nos palanques da vida o então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, tal qual um leão ensandecido foi pródigo e incisivo em rugir desafiadoramente contra o constitucionalmente estabelecido, ao ameaçar colocar na rua o “meu exército” (sic), para quem ousasse desafiá-lo ou sequer contestá-lo.
Investindo sem qualquer escrúpulo contra tudo e contra todos, o
psicopata que na oportunidade estava Presidente da República se detinha,
entretanto, em dois alvos preferenciais: o Supremo Tribunal Federal (STF) e o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, na sua versão, seriam os principais
responsáveis por questionar os seus descalabros, as suas diatribes, os seus
excessos, as suas irresponsabilidades.
Como integrantes das duas cortes citadas, os ministros Alexandre de
Moraes e Gilmar Mendes foram seus alvos prediletos, quando aventou, inclusive,
a perspectiva de se mover um processo de impeachment contra os mesmos (embora
sem nenhuma prova das acusações que proferira contra eles).
Já em particular, usando sua condição de Presidente da República, chegou
a convocar e receber, em palácio, uma reunião extraordinária com os
embaixadores de diversos países que detinham vínculos com o Brasil, onde mentiu
desbragadamente sobre as urnas eletrônicas usadas em nossas eleições, já que,
na sua opinião, seriam passíveis de fraudes ao final da apuração de cada uma
delas (embora ele e os filhos mafiosos hajam sido eleitos com os votos advindos
delas, em mais de uma oportunidade).
Enfim, enquanto estava no trono e cercado por uma camarilha de generais
golpistas, reacionários, ultrapassados e comprovadamente mercenários, rugiu em
alto e bom som (Braga Neto, Villas Boas Correia, Augusto Heleno, Pazzuelo,
dentre outros).
Covarde de primeira hora, medroso, inconfiável e frouxo, ao perder uma
eleição onde gastou bilhões de dinheiro público na tentativa de reeleger-se,
abandonou a Presidência da República e fugiu do país na calada da noite para os
Estados Unidos, onde assistiria de camarote o desfechar de um golpe de estado
arquitetado por ele e seus medíocres generais reacionários, cujo objetivo seria
reassumir na marra o poder (tanto que Braga Neto chegou a afirmar para os
vagabundos acampados em Brasília, em frente ao quartel do Exército, que
tivessem paciência que algo ia acontecer em breve).
E a prova disso tudo foi materializada quando a Polícia Federal achou
com um dos seus principais assessores (Anderson Torres, então Ministro da
Justiça) uma minuta detalhada de como se daria o golpe de estado (só que, após
04 meses preso, alegando depressão, saudades das filhas e saúde debilitada, foi
incompreensível e esdruxulamente liberado pelo Supremo Tribunal Federal para
cumprir prisão domiciliar).
Em resumo, agora que a tentativa de golpe foi definitivamente descoberta
e esclarecida, Bolsonaro deixou de rugir feito um leão e passou a miar como um
gatinho, alegando não ter feito nada de errado, mas que em algumas
oportunidades simplesmente estava “brincando” ao incitar o seu “gado”.
Com o julgamento sobre a sua inelegibilidade em andamento (em razão das
“cabeludas” mentiras e inverdades proferidas quando da reunião extraordinária
com os embaixadores estrangeiros), espera-se que não pare por aí; assim,
levando-se em conta que está incurso em diversas ações judiciais, é imperioso e
necessário colocá-lo na prisão, se possível de segurança máxima (face a alta
periculosidade que apresenta), a fim de pagar pelos muitos e graves crimes
cometidos.
Afinal, e até prova em contrário, para quem atua à margem da lei o lugar
apropriado, merecido e correto é mesmo uma prisão de segurança máxima.
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