Reginaldo Farias

Reginaldo Farias é um dos maiores artistas plásticos do Cariri, não bastasse isto ele tem se mostrado o nosso mais importante Design Gráfico. Este ano ele apresentou uma Exposição ( Crato, Juazeiro, Fortaleza) : "Computadores Fazem Arte" em que prova a antítese disto : sem um grande artista plástico infeliz ou felizmente os computadores definitivamente não fazem arte
Reginaldo sabe como poucos mesclar técnicas tradicionais com os instrumentos mais modernos na confecção de sua arte. Abaixo o texto de apresentação da sua Exposição feita por este desavisado escrivinhador de horas vagas:

“A expressão reta não sonha.
Não use o traço acostumado.
A força de um artista vem de suas derrotas
Só a alma atormentada pode trazer para voz um
formato de pássaros.
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transvê o mundo.”
Manoel de Barros

Talvez a síntese mais perfeita imersa na tese da Exposição “Computadores Fazem Arte” seja justamente a sua Antítese. A de que por trás do fascinante instrumento cibernético ,há de existir e sobressair-se o sopro do gênesis, aquele capaz de transformar abismo & caos num Fiat Lux artístico e criador. Neste caso específico, por trás dos chips frios e enigmáticos do PC , posta-se um dos maiores artistas plásticos cearenses e o mais importante Design Gráfico de toda nossa região : Reginaldo Farias.Utilizando a paleta eletrônica, numa técnica mista de pintura digital, desenhos manuais e colagens fotográficas, Reginaldo transvê um Cariri grávido de religiões, crenças, superstições, infortúnios e alegrias. Destas cores saltam a extrordinária capacidade do Homem-Cariri de transformar pobreza em fartura, miséria em festim, trapos & farrapos em felicidade. Um povo que a cada aurora refaz o milagre dos pães e a cada crepúsculo recria o milagre do vinho. Ante espantos e perplexidades, nosso artista se posta não como observador privilegiado, mas como um mágico que carrega consigo a capacidade de transvê o mundo. Pois sabe ter sido o artista e não o homem que foi feito à imagem e semelhança de Deus. E , assim, como extensão do Criador , escreve certo por linhas tortas. Como um “Borboleta Azul” cósmico , um Reginaldo visionário mescla a tradição e a vanguarda e dilui fronteiras geográficas e históricas imprimindo no seu trabalho tintas de universalidade. Não se espantem se as telas lhes parecerem cotidianas e familiares , é que elas apenas canalizam um rio de vivências e emoções pelo qual todos flutuamos com a mesma naturalidade com que o sangue fluía misticamente dos lábios de Maria de Araújo.

J. Flávio Vieira
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