Crato (CE), 6 de dezembro de 2007.
Excelentíssimos Senhores,
No ensejo deste auspicioso encontro, qual seja: propiciar uma reflexão proativa em busca de soluções para os graves problemas ambientais que assolam o nosso município e a região do Cariri,- vimos, respeitosamente, expor o nosso pensamento para ao final requerer.
Observamos, com pesar, que muitas preocupações acerca da qualidade de vida e das condições do meio ambiente regional vêm passando ao largo das políticas públicas que são implementadas nesta região, tanto no nível federal como nas esferas estadual e municipais.
É patente a falta de vigilância para com os recursos naturais da região, com ênfase na rica biodiversidade da Chapada do Araripe, que há muito vem sendo dilapidada por inescrupulosas e criminosas práticas de biopirataria, desmatamento e queimada, sem que se tenha, até o presente, sido encontrada uma solução definitiva.
Na mesma situação, encontram-se os nossos recursos hídricos, principalmente os provenientes das fontes araripenses,- o que vem acarretando a morte dos rios Batateiras e Granjeiro, dentre outros. O rio Batateiras, por exemplo, vem sendo vítima da captação de suas águas em total desrespeito à legislação vigente. O desvio das águas do rio Batateiras representa a morte de todo um ecossistema dependente, formado por animais nativos e plantas que formam a vegetação ciliar. Por sua vez, o rio Granjeiro foi transformado em um imundo e grande esgoto a céu aberto, cortando bairros e o centro do Crato, o que representa um dos mais contundentes atestados do subdesenvolvimento desta cidade.
Lamentável, também, é a situação pela qual passa a população mais pobre, desprovida, na sua grande maioria, de um requisito indispensável para a qualidade de vida, que é o saneamento básico. Neste ponto, é imprescindível fazer ecoar a opinião veiculada em uma revista de circulação nacional[1], que afirma que as vítimas preferenciais da falta de esgoto são mulheres grávidas e crianças de 1 a 6 anos. Mulheres não comandam o voto em casa. Crianças não votam. Ademais, saneamento não dá visibilidade política em época de eleição. O que é uma pena.
Por fim, gostaríamos de relacionar outro problema de preocupante impacto ambiental: a destinação e tratamento dos resíduos sólidos. Em pleno século XXI, é inadmissível atestar que os principais municípios do Cariri não dispõem, nem de forma consorciada, de um aterro sanitário. O lixo não tratado é outro atestado do estágio neolítico em que, por vezes, nos encontramos. Verdadeira situação de ameaça que coloca em risco todo um avanço conquistado, por séculos e séculos, pelas ondas prodigiosas da civilização.
Sabemos que todos esses problemas não são emergentes, no sentido de que não apresentam nenhuma novidade. Isso aumenta mais ainda a responsabilidade de todos, incluindo o segmento político e a sociedade civil. São problemas antigos, apesar de que, sob o calor da refrega, outras questões são colocadas como mais prementes. Claro que não podem ser desmerecidas, pois carecem, igualmente, de apoio. Porém, devemos ter claro o efetivo papel dos órgãos públicos no planejamento, gerenciamento e resolução das demandas ambientais desta região. E, por fim, como esses órgãos devem atuar cooperadamente no enfrentamento das mazelas que assolam o meio ambiente e, conseqüentemente, a vida da população local.
Desta forma, excelentíssimos senhores, vimos solicitar especial atenção para os problemas elencados neste documento, subscrito por uma representação de cidadãos desta região, que reivindicam uma tomada de posição efetiva, a partir do encaminhamento desses problemas, com urgência e determinação, para as eclusas institucionais competentes, sejam das esferas federal, estadual ou municipal.
Atenciosamente,
Luiz Carlos Salatiel
Carlos Rafael Dias
Océlio Texeira de Souza
Ed Alencar
Tarso Araújo
Wilson Bernardo
Luciano Carneiro
Evaldo P. da Silva
Eldinho Pereira
Fábio Bezerra
José do Vale Pinheiro Feitosa
Marcos Vinícius Leonel Tavares
José Sales Costa Filho
[1] André Petry na revista Veja
7 comentários:
Carlos: pelo manifesto não vi uma voz em contrário a uma plataforma precisa para políticas públicas ambientais. Pode ser que o Salatiel na refrega do debate tenha manifestado que sem uma plataforma o escritório é mera burocracia. Nisso ele tem razão, embora reconheçamos que a burocracia faz parte da institucionalidade das ídéias. Sem instituições permanentes, neste tipo de civilização de manchete, em que as coisas passam à velocidade das edições dos meios de comunicações, toda a força das idéias se dilue. De qualquer modo acho que vocês estão criando uma plataforma consistente, esgoto, lixo, água e acrescento desmatamento pela invasão principalmente da classe média em direção à vertentes da chapada. Sei que o manifesto já completou o seu trabalho, mas, pelo menos simbolicamente, assino embaixo com todas as letras do meu nome JOSÉ DO VALE PINHEIRO FEITOSA
Zé do Vale,
Reconheço a necessidade da BUROCRACIA para "organizar" as ações. Entretanto, a gente reverencia por demais os ÓRGAOS e detentores de cargos públicos mesmo quando não atendem aos anseios da comunidade. As Organizações Não Governamentais estão tapando os buracos cavados pela omissão do órgãos ditos "públicos" e a gente já está se acostumando e achando "normal". Toda esquina tem uma ONG tapa-buraco.
Aqui, estamos enfrentando sérios problemas ambientais (lixo, saneamento, desmatamento, gestão das águas, etc. e tal) e se a gente não "espernear" nada acontece.
Então, estamos apenas no começo de uma nova estória para esta cidade que torcemos tanto por ela (como o torcedor do Corinthian, com muito sofrimento).
Um grande abraço,
Não, Zé, o manifesto apenas começa uma luta que será árdua porém ardorosa. Com sua permissão vou acrescentar seu nome a ele.
Um grande abraço.
Também assino embaixo
Marcos Vinícius Leonel Tavares
Se os amigos deste excelente blogspot permitirem, também assino em baixo, com letra maíscula JOSE SALESCOSTA FILHO.
Cordialmente
E tem mais, temos qua fazer uma zoada medonha aqui em Fortaleza também e, avisar o Greenpeace, para que está zoada s transforme em nacional. Já estou mandando email para o representante estadual o Adv. João Alfredo. O Ministério da Cultura e o IPHAN que recentemente concederam o Prêmio Rodrigo Mello de Andrade já está sendo informado também através do representante da 4ªSR, Professor Romeu Duarte. Hoje à noite em solenidade do IAB, no Passeio Público, vou tentar falar contra este atentado programado pelo "povin" de Brasília, que desconhece este imenso Brasil e suas regiões.
Marcos e Zé Sale, considerem-se incorporados à luta. Grato pela solidariedade. É assim que se ganha uma causa.
Grande abraço
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