TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Maçã sem papel

Comi a maça , perdi o paraíso,
e teimo em não gozar o prêmio de liberdade ....
Por falta de presente, e medo do futuro ,
deixo as sandálias , no batente do passado .

Ando devagar, a pressa é desnecessária ...
A memória tem visão ora turva , ora clarificada ...
Nem que chova , nem que turve ,
as imagens são vivas , e ensolaradas!
Embora seja histórico , parece conto de fadas ...

Mudei a cara da vida ,mudaram a cara do Crato ...
As pessoas se esconderam no destino ...
debaixo de terra , dentro de casa ,
dormindo em serenatas , desapaixonadas !
Uns poucos, sobrevivem ...Relatam passagens ,
ilustram com figuras que merecem estátuas .

Se eu fosse escultora , faria o busto de " Pedro Cabeção " ...
seu riso de troça ,seu ofício , lustrando um cromo alemão.

Se eu fosse pintora , reproduziria em cartolina :"O Gordo e o Magro ", "A Vingança do Zorro " , " As Aventuras de Tarzan" ...
Compraria papel de seda , de todas as cores , na bodega de Seu Abidoral ; passa-raivas , lá em Seu Sá , uns briquedos de menina , na lojinha do Zé vilar ...Compraria guloseimas em Bantim , Joaquim Patrício , João Gualberto ,Cícero Beija-Flor ... , e umas fitas de seda , em Moacir , pra enfeitar os cabelos ... Uns metros de fustão , nas casas Abraão , um par de sapatos em Anísio , um bibelô na "Babilônia" , uma meada de lã na Cearense ....
E o CONTO DE REIS , acabou !

Saudades do carro de Pedro Maia , De Moreirinha( o mágico do nanquim) ; dos Educandários que fecharam , e dos sermões de Pe. Frederico ...
Falei em poucos , quando são tantos !

E ainda pergunto : Que fim levou Gilberto Milfont ?

3 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Socorro: a fórmula da eternidade se compõe de uma pitada do contemporâneo, outra das escolhas do passado, junte um punhado de sonhos, misture tudo e mexa até o caldo engrossar. Separe numa tijela à parte e deixe esfriar. Vá na esquina e encontre um grupo de pessoas em animada especulação da vida. Apanhe um molho de versões distintas, pique-as sobre o caldo deixado a esfriar. Agora bata em neve os desejos do presente, ajunte as noites solitárias e mexendo tudo, vá, lentamente, deitando as almas da juventude. Peque esta clara e misture ao caldo deixado a esfriar. Leve aos teclados do computador e asse-os nos bytes da memória repassando-os para as distâncias do rede mundial.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Socorro, pra completar a saudade integral, só faltou mesmo um passeio no parque, no domingo, pra ver os bichos exóticos, naquelas jaulas serpenteadas, em frente à maternidade do São Francisco.
Poema massa, para além!

elmano rodrigues pinheiro disse...

A diferença entre o Crato, e dezenas de outras cidades ditas importantes, está na alma jubilida que está viva, no coração do nosso povo.
A emoção bate forte, toda vez que caminho entre os textos escritos, pelos iluminados que habitam a nossa Nação Cariri.
Cultivar essa arte de encantamento,é a cada dia um exercício e uma obrigação de todos, que tão bem representam a cultura, e o pensamento tradicional humanístico do povo do Crato.
Parabéns grande Socorro.