Mesmo quando se diz algo que gostaríamos de ouvir, observe a intenção de quem o disse. Um exemplo claro é este poema atribuído a Vladimir Maiakóvski (mas existe a possibilidade que seja de um pastor Luterano Martin Niemöller): primeiro, eles vêm à noite, com passo furtivo/ arrancam uma flor / e não dizemos nada. Já ouvi este poema pela voz do mais radical de direita quando na verdade o poema era outra coisa, denunciava o nazismo alemão dos idos de 30. Já o vi usado contra Stalin e com a intenção de criticar a revolução russa de 1917. Já o vi pelas cordas vocais (pelos tendões manuais digitadores de ideologias) de um ferrenho adepto do czarismo. E, no entanto, Vladimir Maiakóvski definia sua obra e seu ânimo artístico deste modo: "Sem forma revolucionária não há arte revolucionária."
Assim, recordo-me quando vejo esses caninos destilando veneno com o moralismo da corrupção. O sistema como um todo leva o povo à miséria e eles se queixam do outro que levou o butim por eles desejado. A mídia nacional, flor maior de algumas famílias, aponta o dedo acusador contra alguns e se locupleta nas mais tenebrosas jogadas. Sempre que algum paladino da moralidade surge, junto a si está o espectro do mais puro cinismo em busca de vantagens (em negócios e na política). É preciso uma verdadeira “semiologia” do texto para ir à busca dos seus signos e significações.
Passado algum tempo, recordo-me do caso Severino Cavalcanti. Aquele nordestino miúdo, malandro, espertalhão, de sotaque forte, cabeça chata e de um provincianismo a toda prova. Recordo-me do dito cujo perdido naquela mesa imensa da direção da Câmara dos Deputados. Aquele “símio” do zoológico dos horrores da classe média, “sul-sudestina”, recebendo pedradas do Deputado estelar Fernando Gabeira. A mídia nacional transforma a estrela em capas de revista e o “símio” em lixo da história. A estrela, por sobre o cadáver daquele “traste nordestino”, quase se elege prefeito da cidade do Rio de Janeiro. E os letrados, os “limpos” dos bares da Zona Sul carioca, votaram em peso no tipo bem urdido. O azar do esquema “vitorioso”, a ética como “Button” de um convencional, quase a frase: quer emagrecer? Pergunte-me como. O azar foi confiar nos “limpos”, era um feriadão e todos se mandaram para os embalos do interior.
Pois o ético, o deputado transparente, aquele que pode, pois nasceu no sudeste, em Juiz de Fora, acha que pode, mas não os Severinos. Seus porteiros, seus faxineiros, seus pedreiros, seus potenciais eleitores. O Gabeira levou o carinho para passear na Europa com o dinheiro público. Mas o Gabeira pode, ele sabe o que faz, ele sabe apreciar o bom e o melhor do velho continente. Mas os Severinos? Devem permanecer nos confins da civilização em sua grosseria essencial, embebidos do mais perfeito sumo da ignorância. Foi tudo o quê Gabeira falou ao se referir a apenas um Cavalcanti.
Não são necessárias provas. Pobre não pode ter compensação social, não pode estudar, nem desejar a justiça. Pobre nem religião pode ter, pois sempre a sua religiosidade é o piso pantanoso de suas almas porcas. Eis o discurso que muito branco do nordeste e muito abestado de pele morena, com voz de repetição, gosta de fazer sem perceber que falam deles mesmos. Repetem o Fernando Gabeira que pode viajar, pode curtir, pode fumar, cheirar, beber e dar, mas isso é coisa de gente fina. Grosso é o Severino. Imoral é o Severino. Imorais são os nordestinos.
Assim, recordo-me quando vejo esses caninos destilando veneno com o moralismo da corrupção. O sistema como um todo leva o povo à miséria e eles se queixam do outro que levou o butim por eles desejado. A mídia nacional, flor maior de algumas famílias, aponta o dedo acusador contra alguns e se locupleta nas mais tenebrosas jogadas. Sempre que algum paladino da moralidade surge, junto a si está o espectro do mais puro cinismo em busca de vantagens (em negócios e na política). É preciso uma verdadeira “semiologia” do texto para ir à busca dos seus signos e significações.
Passado algum tempo, recordo-me do caso Severino Cavalcanti. Aquele nordestino miúdo, malandro, espertalhão, de sotaque forte, cabeça chata e de um provincianismo a toda prova. Recordo-me do dito cujo perdido naquela mesa imensa da direção da Câmara dos Deputados. Aquele “símio” do zoológico dos horrores da classe média, “sul-sudestina”, recebendo pedradas do Deputado estelar Fernando Gabeira. A mídia nacional transforma a estrela em capas de revista e o “símio” em lixo da história. A estrela, por sobre o cadáver daquele “traste nordestino”, quase se elege prefeito da cidade do Rio de Janeiro. E os letrados, os “limpos” dos bares da Zona Sul carioca, votaram em peso no tipo bem urdido. O azar do esquema “vitorioso”, a ética como “Button” de um convencional, quase a frase: quer emagrecer? Pergunte-me como. O azar foi confiar nos “limpos”, era um feriadão e todos se mandaram para os embalos do interior.
Pois o ético, o deputado transparente, aquele que pode, pois nasceu no sudeste, em Juiz de Fora, acha que pode, mas não os Severinos. Seus porteiros, seus faxineiros, seus pedreiros, seus potenciais eleitores. O Gabeira levou o carinho para passear na Europa com o dinheiro público. Mas o Gabeira pode, ele sabe o que faz, ele sabe apreciar o bom e o melhor do velho continente. Mas os Severinos? Devem permanecer nos confins da civilização em sua grosseria essencial, embebidos do mais perfeito sumo da ignorância. Foi tudo o quê Gabeira falou ao se referir a apenas um Cavalcanti.
Não são necessárias provas. Pobre não pode ter compensação social, não pode estudar, nem desejar a justiça. Pobre nem religião pode ter, pois sempre a sua religiosidade é o piso pantanoso de suas almas porcas. Eis o discurso que muito branco do nordeste e muito abestado de pele morena, com voz de repetição, gosta de fazer sem perceber que falam deles mesmos. Repetem o Fernando Gabeira que pode viajar, pode curtir, pode fumar, cheirar, beber e dar, mas isso é coisa de gente fina. Grosso é o Severino. Imoral é o Severino. Imorais são os nordestinos.
6 comentários:
que metranca poderosa cumpadi!!!
e que gabeira queime em seu discurso verde clean. sensacional. esse texto era pra ser lido pelo bonner, no jornal nacional, pra ver se os seve-nordes-rinos-tinos acordam, e simplesmente param de votar. na minha singela opinião, todo político profisional, independente de credo, raça ou lingua, faz parte de uma mesma familia de vampiros.
hasta siempre meu camarada.
O Gabeira é o arauto da direita que reside no Leblon. E até de uma certa esquerda que reside lá.
E é a bola da vez na Rede Globo, que faz de tudo para proteger o seu garoto.
Essa é a prova que ações do passado não servem de desculpa para sempre.
Lupeu eis a razão pela qual tudo que é escondido surge, aquilo que se expõe demasiado ao sol queima. Hoje vivemos mais a notícia de fora do que a que aqui ocorre. Tem mais importância a dor do outro do que a nossa dor. Isso nos leva a paroxismo mentais intensos: a imagem da brutalidade nos choca na Palestina e ali na esquina a mesma cena. O modo como os preconceitos não se superam, como as particularidades e arraigados conceitos não se movem, dizem de um mundo de inversão, mais aquilo que isso. Afinal os fatos existem, as lições estão no mundo, mas a forma como estamos gerindo o todo é de tal maneira mediatizado que se resume a uma mercadoria de consumo instantâneo. Sorve-se como uma garrafa de refrigerante, dá aquele frescor passageiro e depois só aparece na mijada. Andamos para um situação parecida com um diálogo inventado no nordeste de minha época quando três comadres falavam de carestia (tema dominante de então): uma comadre tricotando - mas meninas me disseram que não sei aonde, estão vedendo não sei o quê por não sei quanto. Uma outra completa - Mas que carestia horrível, onde vamos chegar?
Darlan: a perplexidade das forças que podem transformar a sociedade é imensa. Mais ainda as forças que procuram um modo de produção verdadeiramente socialista e democrático. Mesmo a atual crise do capitalismo central, parece, ainda, não ter sido suficiente para recriar condições de hegemonia de uma nova dinâmica popular e democrática. Ainda estamos em curso, ganhando algumas discussões,perdendo outras, mas é este o modo de criarmos uma hegemonia revolucionária ao passo do futuro. De qualquer modo a última crise do capitalismo (de monta como a de 30) não nos deixou grandes lições, foi ali que por vias autoritárias a hegemonia burguesa, perdendo um pouco posições para os partidos de direita, se fortaleceu para o fim do ciclo da crise. Vamos ler,ouvir e assistir muito lenga de imagens, orações, discursos, enviados de Deus, falando desta crise, surfando neste crise, numa postura escapista que a médio prazo abre espaço para o autoritarismo.
Todo mundo sabia que Gabeira não representava algo novo e diferente.
Ele já foi candidato varias vezes e agora fez um marketing diferente, que quase colou. Até agora apareceram as passagens
mas, outras virão.
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