O oceano do poeta
é um córrego de tênue lâmina.
Engraçado é que o poeta -
ora se afoga desnorteado,
ora acorda feliz riscando o meio-fio.
Nesse mágico córrego
deslizam tantas coisas
sem fundamento.
Mas o poeta,
não sei como,
acaba vendo milagres -
Uma dançarina com sapatilhas amarelas
dançando jazz na pequena marola.
Logo depois desce
a cavalaria inteira
de soldadinhos de chumbo.
Em certos dias -
pode-se até achar moeda antiga
e uma flauta encantada.
O que mais intriga
no córrego de tênue lâmina
é a transparência da água -
mesmo em tempos de reboliço
no fundo do poço.
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