TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 14 de junho de 2009

Metalinguística

O poema mesmo quando parido
de um só sopro ou um só vômito
sobre almofadas ou sobre pedregulhos
pode amanhã necessitar de uma aspirina.

A humildade do poeta vem da graça
de sentir dor de cabeça ainda que suave a ressaca.

Uma verso enfraquecido entre sílabas fortes.
Um ritmo empoeirado sob mormaço de imagens.

O poema nunca é eterno
enquanto o poeta não dorme
ou ao dormir cheio de vaidade.

Outros lacaios atentos
até conhecem mais sobre a obra
do que o criador meio lesma e meio incauto.

Convém entretanto
não encabular o poema
com tiros certeiros no alvo.

Pode o projétil dar a curva
e atingir em cheio a mão do poeta.

Gelo além de mergulhar no copo de uísque
serve também para aliviar o inchaço da fivela de cinto.

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