O poema mesmo quando parido
de um só sopro ou um só vômito
sobre almofadas ou sobre pedregulhos
pode amanhã necessitar de uma aspirina.
A humildade do poeta vem da graça
de sentir dor de cabeça ainda que suave a ressaca.
Uma verso enfraquecido entre sílabas fortes.
Um ritmo empoeirado sob mormaço de imagens.
O poema nunca é eterno
enquanto o poeta não dorme
ou ao dormir cheio de vaidade.
Outros lacaios atentos
até conhecem mais sobre a obra
do que o criador meio lesma e meio incauto.
Convém entretanto
não encabular o poema
com tiros certeiros no alvo.
Pode o projétil dar a curva
e atingir em cheio a mão do poeta.
Gelo além de mergulhar no copo de uísque
serve também para aliviar o inchaço da fivela de cinto.
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