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sábado, 13 de junho de 2009

Bairrismo e Desenvolvimento - O Crato precisa Repensar o seu próprio Futuro !


Cidade Líder -> Cidade Satélite -> Cidade Líder


janela do crato 2a


Muito já se tem escrito sobre as relações de metrópole e cidades-satélite, que hoje constituem-se na realidade mais imediata da região do cariri, com a criação recente, da Região Metropolitana. Há diversas considerações a serem feitas quando se toca nesse assunto delicado, que envolvem questões que incluem ( mas não se limitam ) a desenvolvimento, orgulho, perda de liderança Política, e o mero e clássico bairrismo.

Talvez pelo fato de a cidade do Crato já haver sido a capital do Cariri em todos os sentidos, e a cidade de Juazeiro do Norte, um mero distrito em décadas passadas, explique-se muitos dos fatos e pensamentos que hoje permeiam a realidade, em torno das questões que envolvem os dois municípios, em especial a recente criação da zona metropolitana do cariri. Pelo fato também de ter havido um esvaziamento paulatino e bem-orquestrado, implementado por diversos fatores, dentre eles, a perda das lideranças políticas nos anos 70, que por si só, é fator crucial a ser levado em conta, a falta de uma conscientização do povo do Crato em votar em candidatos que atendessem aos interesses da cidade ( dormiram no ponto, na verdade ), e o próprio bairrismo que gerou o falso orgulho que os Cratenses nutriam, de achar que Juazeiro jamais seria uma ameaça próxima.

Essa auto-confiança enganosa, que foi levada ao extremo pelos Cratenses, em tempos idos, se auto-iludindo nos anos 70, promoveu o rebaixamento do comércio, da indústria e de todos os aspectos do desenvolvimento do Crato, pois já ocorria debaixo dos seus narizes, uma migração inexorável para a vizinha cidade de Juazeiro, que pelo "movimento" das romarias, já nas décadas anteriores, forneciam um mercado muito promissor, em todos os sentidos. Pelo fato de até, coisas que mais representavam a cidade, como a Educação e a Cultura haverem sido literalmente "levadas" para a grande metrópole da Fé, Juazeiro, é que há no Crato hoje, um grande descontentamento em haver perdido a primazia da liderança da região. E isso agora, convenhamos, é uma realidade sem volta. É um ponto irreversível. Não há como competir com uma metrópole. Não há como Maracanaú, por exemplo, competir com Fortaleza em pé de igualdade.

Esse descontentamento, muitas vezes, quando se apresenta de diversas formas, no seio da população Cratense, seja em artigos, panfletos, jornais, etc, tende a ser encarado pelos mais desavisados como um mero bairrismo cratense. É preciso aqui, distanciar precisamente o que seja o mero bairrismo da realidade. Eu, por exemplo, detesto o bairrismo puro, simples, idiota, porque isso leva ao orgulho, e foi precisamente quem promoveu a queda do Crato. O Culto ao eterno provincianismo, que aqui ainda reina em alguns setores, levou o Crato a SE ESCONDER num passado glorioso distante, ( parecidíssimo com a Alemanha de Hitler e seu Terceiro Reich, ao tentar invocar figurs míticas de tempos idos ), refugiando-se no que já não existe mais, e que alguns querem desenterrar, como quem desenterrava um estandarte da raça ariana. Quando o correto seria repensar os caminhos para o futuro.

Precisamente por não perceber o perigo que o rondava, o Crato, imbuído da sua mais alta confiança, exacerbada, seu bairrismo tolo, e pelo provincianismo improdutivo, é que levou a cidade a essa situação atual.

As questões de atitude em relação à metrópole para o desenvolvimento regional já não são as mesmas para as outras cidades do cariri. Já não é o mesmo caso por exemplo, da cidade de Barbalha, que sempre se moveu quase que a reboque do Crato e do Juazeiro, em décadas anteriores. Barbalha, que nunca teve grandes pretensões, hoje cresce bastante, e isso só anima aquele povo. Quero dizer que a situação de Barbalha, foi de melhorar a sua posição no ranking, e o Crato, de perdê-lo. Quem não tem nada, fica feliz quando ganha. E quem tem tudo, quando perde, reclama.

A verdade, é que Juazeiro, independentemente do Padre Cícero, HOJE, já caminha com as próprias pernas. Já se firmou como metrópole na região do cariri, queiram alguns ou não. Tirem o Padre Cícero de lá, e o desenvolvimento continuaria de forma semelhante, porque quem sustenta Juazeiro agora, são as próprias leis de mercado. E o mercado vai para a metrópole, para onde tem mais dinheiro em jogo, aliás, como sempre foi, assim como os rios correm também para o mar. Não se pode questionar muito o modelo a partir de agora, quando o mercado assume as diretrizes principais do desenvolvimento, e sim o que levou a estas diretrizes.

Resta aos Cratenses, repensarem em como não se tornarem reféns de uma realidade cruel que os remete a serem apenas uma cidade satélite, girando em torno da metrópole. Talvez seja tempo do Crato repensar novos modelos de desenvolvimento em todos os sentidos: econômico, Agrário ( já que possui extenso território ), turístico, ( já que possui uma Chapada do Araripe, imensa, em seu favor, e poderia muito bem se tornar uma capital de turismo do estado, como é a cidade de "Campos do Jordão" para São Paulo, que movimenta milhões de dólares todo ano, apenas com turismo, e possui padrão de vida de primeiro mundo.

Juazeiro cresce hoje verticalmente. Quem vai a Juazeiro sempre, vê que nasce um novo edifício a cada mês, principalmente no bairro da Lagoa Seca. Há inclusive, edifícios apenas ocupado por professores. Estão construindo lá agora, um edifício que será o segundo maior do estado do ceará, e dúzias de outros. Isso mostra a preocupação e o desenvolvimento do mercado imobiliário, e com renda advinda do próprio município, por filhos da terra, com inúmeros investimentos milionários. O povo de Juazeiro, que ganhou dinheiro com o comércio durante as romarias, investe na sua própria cidade, prova inegável da inteligência direcionada, de metas, de gente que não dormiu no ponto e partiu para o campo de batalha, e é inegável que o comércio baseado na fé nos anos 70, 80 e 90, trouxe todo esse desenvolvimento, salvaguardados por filhos eficientes, que bem souberam aproveitar o momento político e ganhar dinheiro com isso. A Política e o Dinheiro andam de mãos dadas. Nenhum político investe por "amor", mas pela perspectiva de ganhar algo em troca. Ninguem dá nada de graça a ninguém. Em todas as relações humanas, há um fator de troca, e os políticos do Juazeiro souberam aproveitar isso. Os do Crato, não! E sem falar também nas peregrinações que trouxeram o que se tem hoje: cerca de 300 mil pessoas na cidade, contra 120 mil do Crato. A população do juazeiro, eu diria que já não cresce, explode. São cerca de 300 mil habitantes hoje, com uma parcela flutuante, e quem sabe em breve, 500 mil habitantes... daqui a pouco, 1 milhão de habitantes!

Portanto, é preciso que haja mesmo uma preocupação dos cratenses em encontrar os seus novos rumos, de quem tinha tudo e perdeu quase tudo. De buscar um desenvolvimento sustentável, unindo ecologia, turismo, comércio, indústrias não-poluentes, e sobretudo, qualidade de vida. Formular novos modelos, novos ideais para o desenvolvimento. REPENSAR os destinos do Crato, essa é que é a verdade. Sobretudo, com metas programadas, e com inteligência. Aquele discernimento que tanto faltou nos anos 70 !

E desde já, proponho que se realize um grande encontro dos Cratenses, com as lideranças, com os políticos que são amigos da cidade, o próprio povo, a CDL, os clubes, para que talvez surjam a partir daí, as novas diretrizes para a cidade no milênio que ora se inicia, e repensar nos destinos do Crato não apenas mais como uma "Atenas" perdida e imersa num passado glorioso, nem como a tristeza de uma cidade satélite, mas como uma cidade que busca seus próprios rumos em meio à selva desenvolvimentista, procurando dar qualidade de vida, que outras cidades já não conseguirão fornecer, pela própria escassez de recursos outros, e aproveitando-se de todos os potenciais: Territoriais, humanos, ambientais, ( imensos, por sinal ), de que se dispõe para promover uma nova revitalização, e um novo início.

Hoje, é o primeiro dia do restante dos nossos dias. Resta, pois, aos Cratenses pararem de olhar para o passado, tirar a cara do buraco e vislumbrar um futuro com garra, com determinação e com todos os meios que hoje frutificaram para todas as cidades que chegaram aos tempos modernos, sem os pensamentos provincianos da gente atrasada, mergulhados num isolamento, que nunca levou a nada, para que possa, de outro modo, atingir no futuro, o seu pleno desenvolvimento.

Texto e Foto: Dihelson Mendonça

2 comentários:

Anônimo disse...

DANIEL WALKER
Juazeiro do Norte disse:
Este texto de Dihelson deveria ser lido em voz alta nas praças públicas da cidade de Crato e depois em todas as salas de aulas, sedes de clubes de serviço e em todas as igrejas, pois é o Sermão da Lucidez. Crato pode crescer com suas próprias pernas, aproveitando o que tem de bom que a Natureza lhe deu (e não deu a Juazeiro) sem se preocupar com o desenvolvimento de Juazeiro. Aliás, Juazeiro só se desenvolver porque não se preocupou com o Crato. Esta é a fórmula do crescimento. Esse negócio de Famílias Tradicionais é bom para enfeitar álbum fotográfico. Os tempos modernos exigem grupos de empresários dispostos a investir apostando no desenvolvimento. Enquanto as tradicionais famílias cratenses ficam perdendo tempo se preocupando em parar Juazeiro (E JAMAIS CONSEGUIRÃO), outras cidades que antes eram pequenas, como Iguatu e Itapipoca, trabalham sem se preocupar com Juazeiro e daqui a pouco serão maiores do que Crato. Parabéns, Dihelson, seus texto deveria ser disciplina no Curso de Economia de Crato. Finalmente apareceu alguém corajosa para abrir os olhos arrogantes de alguns segmentos da comunidade cratense que só pensam em Juazeiro. Vamos crescer juntos, caririenses, pois há espaço para todos, basta que cada cuide de sua parte e ocupe o espaço mais viável.
Daniel Walker

Dihelson Mendonça disse...

Prezado amigo Daniel Walker,

Meu prezado, vindo de você, que é uma das maores expressões dentro do Cariri, eu fico muito satisfeito, é como uma medalha de Honra ao Mérito, porque sua opinião vale por milhares. O Armando Rafael, que comunga também com nosso pensamento, também postou a sua mensagem lá no Blog do Crato, quando eu tomei conhecimento da existência dessa mensagem.

É isso aí. Vamos tentar fazer o Crato se desenvolver sem ficar a se preocupar com as outras cidades. Juazeiro só cresceu porque não ficou tentando parar o Crato. A Inveja não leva a parte alguma.

Um grande abraço,

Muito Obrigado MESMO.

Dihelson Mendonça