Por José do Vale Pinheiro
O pessoal da comunicação, seguindo o exemplo dos gramáticos, tem criado manuais que regram a escrita. Isso se ampliou tanto que empresas como a Folha de São Paulo criaram o seu próprio manual. Até aí “morreu Neves”. A questão é querer aplicar os manuais a um instrumento vivo, histórico, diversificado, inovador e de muita especificidade embora se queira universal como é uma língua (pelo menos para os que a entende).
Quem escreve não o faz sobre o fio da navalha dos valores canônicos. Normalmente procura expressar, refletir, contar e assim do diante algo ou alguma coisa. Quanto mais se fizer compreendido melhor, mas certamente toda a riqueza das suas circunstâncias virá não como regras de manuais de redação.
Hoje no blog Terra Magazine o lingüista Sirio Possenti levante bem esta questão ao prefaciar um livro intitulado “Não é errado falar assim”, de Marcos Bagno também lingüista e escritor. Possenti introduz a questão parodiando falsos valores enciclopédicos que se tornam irremovíveis e motivos de classificação de erro gramatical. Entre o bíblico gramatical e a ciência ele sugere esta: “no campo científico, a atitude intelectual mais elementar consiste em considerar que a verdade nunca é definitiva, que repetir o texto de uma autoridade simplesmente pelo fato de ela ser uma autoridade é um defeito, não uma virtude”.
Ele evolui afirmando que o elemento fundamental nas ciências desde o século XVI “ainda está ausente nos estudos de língua” E aí ele remete seu raciocínio para o que chama “fatos da língua” ao invés de cânones congelados através do tempo e do espaço. E desse modo se expressa: “por que ainda não conseguimos dizer simplesmente que a forma X é um fato da língua (mesmo que digamos em seguida que ele não nos agrada, assim como podemos não gostar de uma comida, de uma roupa, de uma música)? Por que continuamos dizendo simplesmente que se trata de um erro, ou, pior, que é um horror?”
Esta discussão nos convém, pois escrever parece ter se transformado na quintessência humana e não este enlace diário de nossas vidas. São tantos os obstáculos gramaticais, lógicos, estéticos, de estilo e assim por diante que o mais comum é ter se transformado um ato bastante comum em algo sofrido, arrancado de um cipoal espinhoso e instransponível.
É com clareza que Possenti diz que o livro do Bagno: “Pede apenas que as pessoas sensatas parem de considerar erros de português formas lexicais ou gramaticais que são diariamente condenadas sem razão. E ele o faz em nome do simples fato de que elas ocorrem sistematicamente. E não é que ocorrem na boca de iletrados, mas sim na escrita de pessoas letradas, o que comprova sistematicamente com as abonações encontradas na mídia”.
O texto do Bagno não se volta contra as gramáticas e nem contra as normas gramaticais mais comuns. Apenas sugere que se leia melhor tais gramáticas e se compreenda “fatos da língua padrão brasileira atual, da norma culta atualmente falada e escrita no Brasil. Falada e escrita variavelmente, é claro, como sempre foi, aliás”.
Quem escreve não o faz sobre o fio da navalha dos valores canônicos. Normalmente procura expressar, refletir, contar e assim do diante algo ou alguma coisa. Quanto mais se fizer compreendido melhor, mas certamente toda a riqueza das suas circunstâncias virá não como regras de manuais de redação.
Hoje no blog Terra Magazine o lingüista Sirio Possenti levante bem esta questão ao prefaciar um livro intitulado “Não é errado falar assim”, de Marcos Bagno também lingüista e escritor. Possenti introduz a questão parodiando falsos valores enciclopédicos que se tornam irremovíveis e motivos de classificação de erro gramatical. Entre o bíblico gramatical e a ciência ele sugere esta: “no campo científico, a atitude intelectual mais elementar consiste em considerar que a verdade nunca é definitiva, que repetir o texto de uma autoridade simplesmente pelo fato de ela ser uma autoridade é um defeito, não uma virtude”.
Ele evolui afirmando que o elemento fundamental nas ciências desde o século XVI “ainda está ausente nos estudos de língua” E aí ele remete seu raciocínio para o que chama “fatos da língua” ao invés de cânones congelados através do tempo e do espaço. E desse modo se expressa: “por que ainda não conseguimos dizer simplesmente que a forma X é um fato da língua (mesmo que digamos em seguida que ele não nos agrada, assim como podemos não gostar de uma comida, de uma roupa, de uma música)? Por que continuamos dizendo simplesmente que se trata de um erro, ou, pior, que é um horror?”
Esta discussão nos convém, pois escrever parece ter se transformado na quintessência humana e não este enlace diário de nossas vidas. São tantos os obstáculos gramaticais, lógicos, estéticos, de estilo e assim por diante que o mais comum é ter se transformado um ato bastante comum em algo sofrido, arrancado de um cipoal espinhoso e instransponível.
É com clareza que Possenti diz que o livro do Bagno: “Pede apenas que as pessoas sensatas parem de considerar erros de português formas lexicais ou gramaticais que são diariamente condenadas sem razão. E ele o faz em nome do simples fato de que elas ocorrem sistematicamente. E não é que ocorrem na boca de iletrados, mas sim na escrita de pessoas letradas, o que comprova sistematicamente com as abonações encontradas na mídia”.
O texto do Bagno não se volta contra as gramáticas e nem contra as normas gramaticais mais comuns. Apenas sugere que se leia melhor tais gramáticas e se compreenda “fatos da língua padrão brasileira atual, da norma culta atualmente falada e escrita no Brasil. Falada e escrita variavelmente, é claro, como sempre foi, aliás”.
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