TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 13 de abril de 2010

infinito

Vendo-me não conheço:
O rosto traçado
antes do útero.

Não mudou o silêncio.

Penso seriamente
na juventude.

Posso erguer montanhas.
Sem dúvida.

Vendo-me não entendo:
por trás da testa
a febril nuca.

Deus deve estar feliz
muito feliz com o poeta.

Um Sátiro bondoso
que deixou de comer carne.

De fumar cachimbo.
De pegar sereno.

Não, meu amor
não existe outra forma
de amar senão atento.

A santa loucura dos versos.
Também das cores.

Eu que sou míope
e ando sem óculos

tudo que digo
é que Deus está muito
muito feliz mesmo
com o poeta.

Felicíssimo.

Uma ovelha que dorme
e não sonha
que pasta
e não come.

Divaga ao redor olhando
o que se pode tecer
da sua lã
e a quem merece
sua alvura.

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