TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 15 de junho de 2010

pulpifex maximus


O cristianismo fez-nos perder a herança da cultura antiga, fez-nos perder mais tarde a herança da cultura do islamismo. A maravilhosa civilização árabe de Espanha, mais próxima enfim dos nossos sentidos e dos nossos gestos do que Roma e Grécia, essa civilização foi ESPEZINHADA (não digo porque pés) ; por quê? Porque devia a sua origem a instintos nobres, a instintos de homem, porque afirmava a vida, e, além disso, com as magnificências raras e refinadas da vida mourisca... As cruzadas lutaram mais tarde contra alguma coisa que teriam feito melhor em adorar no pó, uma civilização que faria parecer até o nosso século XIX muito pobre e muito "atrasado". É verdade que queriam recolher despojos; o Oriente era rico... Sejamos, pois, imparciais! As cruzadas... pirataria em grande escala, nada mais! A nobreza alemã - no fundo nobreza de WIKING - achava-se com isso no seu elemento. A igreja alemã, sempre os "Suiços" da igreja, sempre ao serviço dos maus instintos da igreja, mas BEM PAGA... Com a ajuda da espada alemã, do sangue e do valor alemães, foi que a Igreja fez a sua guerra de morte, contra tudo o que é nobre sobre a terra! Aqui poderiam fazer-se perguntas bem amargas. A nobreza alemã falha quase sempre na História da cultura elevada: adivinha-se o motivo... Cristianismo, alcoolismo: os dois grandes meios de corrupção... Em suma, não havia a escolher entre o islamismo e o cristianismo, como tampouco entre um árabe e um judeu. A decisão está tomada; ninguém tem já a liberdade da escolha. Ou bem se é Tschandala ou bem se não é... Guerra de morte a Roma! Paz e amizade com o islamismo. Assim o sentia, assim o fez esse grande espírito livre, o gênio entre os imperadores alemães, Frederico II. Como? Será preciso que um alemão seja gênio, seja espírito livre, para se tornar conveniente? Eu não compreendo como um alemão tenha podido alguma vez sentir-se cristão...
(nietszche)

Nenhum comentário: