O quê explica a repetição de certos fenômenos a ponto de torná-los previsíveis? O tempo, o espaço e a estrutura dos mesmos resultando em funções com resultados assemelhados. Muitos levam em conta a seguinte frase: A história se repete, a primeira como tragédia a segunda como farsa. Na verdade isso é parte daquelas famosas manias burguesas de pinçar frases de um autor para comumente construir outro tipo de farsa: a farsa da sabedoria de mesa de bar.
Na verdade a frase foi pinçada do 18 Brumário de Napoleão escrito por Karl Marx que diz o seguinte: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Caussidière por Danton, Luís Blanc por Robespierre, a Montanha de 1845-1851 pela Montanha de 1793-1795, o sobrinho pelo tio. E a mesma caricatura ocorre nas circunstâncias que acompanham a segunda edição do Dezoito Brumário! Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar e nessa linguagem emprestada. Assim, Lutero adotou a máscara do apóstolo Paulo, a Revolução de 1789-1814 vestiu-se alternadamente como a república romana e como o império romano, e a Revolução de 1848 não soube fazer nada melhor do que parodiar ora 1789, ora a tradição revolucionária de 1793-1795. De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma, traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá produzir livremente nela.”
Repeti a história de Marx para fazer um paralelo entre a decadência dos impérios (especialmente o romano) em comparação com um dos maiores impérios da história: o Império Americano. A Folha de São Paulo traduziu e publicou um artigo escrito por Rod Nordland diretamente de Cabul para o The New York Times que diz o seguinte: “Esta é uma guerra em que os empregos militares tradicionais, de cozinheiros a guardas de base e motoristas de comboios são cada vez mais transferidos para o setor privado. Muitos generais e diplomatas americanos têm guarda-costas empregados de empresas terceirizadas. E junto com os riscos vieram as conseqüências: no ano passado, pela primeira vez, mais funcionários civis de empresas americanas do que soldados morreram no Afeganistão.”
Nordland apresenta uma série de números e confirma que a mesma coisa está ocorrendo no Iraque. Mais “funcionários terceirizados” estão morrendo do que soldados do efetivo para a guerra. Em outras palavras estamos vivendo dois momentos: em primeiro lugar empresas se organizaram para terceirizar a guerra e segundo, isso é o velho e conhecido mercenário. Que guerreia por dinheiro, sem espírito maior do verdadeiro significado da defesa de sua tribo, seu povo ou sua nação.
O mais grave desta farsa americana é que como se observa a terceirização implica em mais mortes para as pessoas em ação. Em outras palavras, estão terceirizando a morte de jovens pobres recrutados por empresas que lucram com isso.
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