ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Jon Lord, tecladista e fundador do Deep Purple, em 1969; Lord morreu
nesta segunda (16), aos 71, de embolia pulmonar
Jon Lord, tecladista e fundador
do grupo Deep Purple, morreu anteontem em Londres, aos 71 anos, depois de uma
longa batalha contra um câncer no pâncreas.
Mais que um grande músico, o
britânico Lord foi um pioneiro na fusão do rock com a música clássica, vertente
do rock que ele ajudou a popularizar.
Lord aprendeu piano clássico e
sonhava em ser um concertista. Era também grande fã de pianistas de jazz, mas
acabou seduzido pela intensidade e pelo talento de Jerry Lee Lewis e
apaixonou-se pelo rock.
Nos anos 1960, trabalhou como
músico de estúdio e chegou a gravar músicas que se tornariam clássicas, como
"You Really Got Me", do grupo The Kinks.
Em 1968, Lord fundou o Deep
Purple, banda inglesa que logo se destacou pelo virtuosismo de seus
instrumentistas, como o guitarrista Ritchie Blackmore e o baterista Ian Paice.
A formação clássica da banda, a
partir de 1969, incluiria ainda o vocalista Ian Gillan e o baixista e cantor
Roger Glover.
O Deep Purple fazia um hard rock
com muitas influências de blues, e Lord começou a incorporar ao estilo da banda
o som de seu teclado Hammond, que se tornaria uma das marcas do grupo.
Diferentemente de muitos grupos
de rock pesado da época, como Black Sabbath, que fazia músicas mais simples e
diretas, os integrantes do Deep Purple gostavam de fazer longas
"jams", o que os tornou também admirados por fãs de rock progressivo.
Em 1969, Lord compôs o
"Concerto para Grupo e Orquestra", que a banda executou e gravou com
a Royal Philarmonic Orchestra. O disco é considerado pioneiro na fusão de rock
com orquestras.
Nos anos 1970, o Deep Purple fez
fama com discos pesados, como "In Rock" (1970) e, especialmente,
"Machine Head" (1972), um clássico que influenciou muitos grupos de
heavy metal que surgiriam nos anos seguintes.
Mesmo durante a fase mais heavy
do grupo, os teclados de Jon Lord sobressaíam.
Em "Smoke on the
Water", música mais emblemática do Deep Purple -- e inspirada por um
incêndio que, em 1971, destruiu um cassino em Montreux, na Suíça, onde se
realizava um show de Frank Zappa --, Lord tocou seu órgão Hammond ligado em um
amplificador Marshall, criando um som pesado e distorcido.
A influência de Jon Lord no rock
é imensa e atinge músicos de diversos estilos. Não é à toa que artistas tão
díspares quanto Rick Wakeman, um dos pilares do rock progressivo, e Tom
Morello, guitarrista do pesadíssimo Rage Against the Machine, tenham divulgado
mensagens emocionadas de pesar.
Folha de S. Paulo
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