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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Análise: Jon Lord deixa legado imenso ao rock


ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Jon Lord, tecladista e fundador do Deep Purple, em 1969; Lord morreu nesta segunda (16), aos 71, de embolia pulmonar

Jon Lord, tecladista e fundador do grupo Deep Purple, morreu anteontem em Londres, aos 71 anos, depois de uma longa batalha contra um câncer no pâncreas.
Mais que um grande músico, o britânico Lord foi um pioneiro na fusão do rock com a música clássica, vertente do rock que ele ajudou a popularizar.
Lord aprendeu piano clássico e sonhava em ser um concertista. Era também grande fã de pianistas de jazz, mas acabou seduzido pela intensidade e pelo talento de Jerry Lee Lewis e apaixonou-se pelo rock.
Nos anos 1960, trabalhou como músico de estúdio e chegou a gravar músicas que se tornariam clássicas, como "You Really Got Me", do grupo The Kinks.
Em 1968, Lord fundou o Deep Purple, banda inglesa que logo se destacou pelo virtuosismo de seus instrumentistas, como o guitarrista Ritchie Blackmore e o baterista Ian Paice.
A formação clássica da banda, a partir de 1969, incluiria ainda o vocalista Ian Gillan e o baixista e cantor Roger Glover.
O Deep Purple fazia um hard rock com muitas influências de blues, e Lord começou a incorporar ao estilo da banda o som de seu teclado Hammond, que se tornaria uma das marcas do grupo.
Diferentemente de muitos grupos de rock pesado da época, como Black Sabbath, que fazia músicas mais simples e diretas, os integrantes do Deep Purple gostavam de fazer longas "jams", o que os tornou também admirados por fãs de rock progressivo.
Em 1969, Lord compôs o "Concerto para Grupo e Orquestra", que a banda executou e gravou com a Royal Philarmonic Orchestra. O disco é considerado pioneiro na fusão de rock com orquestras.
Nos anos 1970, o Deep Purple fez fama com discos pesados, como "In Rock" (1970) e, especialmente, "Machine Head" (1972), um clássico que influenciou muitos grupos de heavy metal que surgiriam nos anos seguintes.
Mesmo durante a fase mais heavy do grupo, os teclados de Jon Lord sobressaíam.
Em "Smoke on the Water", música mais emblemática do Deep Purple -- e inspirada por um incêndio que, em 1971, destruiu um cassino em Montreux, na Suíça, onde se realizava um show de Frank Zappa --, Lord tocou seu órgão Hammond ligado em um amplificador Marshall, criando um som pesado e distorcido.
A influência de Jon Lord no rock é imensa e atinge músicos de diversos estilos. Não é à toa que artistas tão díspares quanto Rick Wakeman, um dos pilares do rock progressivo, e Tom Morello, guitarrista do pesadíssimo Rage Against the Machine, tenham divulgado mensagens emocionadas de pesar.

Folha de S. Paulo

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