Abelardo de Carvalho
Há uma década(*), precisamente, morria no Rio de Janeiro, no hospital psiquiátrico Juliano Moreira, o negro Artur Bispo do Rosário. Sem receio nem comedimento, é por mim considerado o maior e mais genuíno artista brasileiro. Nenhum outro foi tão profundo na sua pesquisa pessoal. Nenhum outro foi tão universal, tão ilimitado e sagrado. Em tempo: Bispo não esculpiu santos, não decorou igrejas, nem nunca trabalhou com nenhuma espécie de tinta, telas ou cavaletes. A matéria prima de seu trabalho advinha do lixo recolhido no hospital, sucatas, restolhos e trapos de pano, que eram desfiados e posteriormente utilizado em seus bordados.
Artur Bispo do Rosário era, dentre outras coisas, um bordador de obras primas. Passou mais da metade de sua vida trancafiado no Juliano Moreira, mumificando seus objetos pessoais: escovas de dente, talheres, tesouras, etc. As loucuras de Artur Bispo do Rosário não cabem numa simples dissertação, é preciso se deparar com a sua vasta obra para se ter a dimensão de quem foi Artur Bispo do Rosário. Era um artista obcecado por jogo de xadrez, misses e geografia; um artista que, com sua sede de registros, extrapolou as dimensões da pintura e criou fantásticas vitrines com copos de alumínio, pentes de plásticos e objetos variados.
Criado por uma família rica, em Botafogo foi, quando jovem, marinheiro e lutador de boxe. Certo dia recebeu uma mensagem de Deus, de Deus, ele dizia: era o início de seu desequilíbrio mental. Internado, ele logo se intitulou xerife e passou a bater nos companheiros. Ficou recluso numa solitária, onde passou grande parte de sua vida. Segundo Bispo, Deus lhe havia pedido que "Reconstruísse o universo" e "Registrasse a sua passagem aqui na terra". Durante meio século, não fez outra coisa. Para ele, a sua obra era um desejo de Deus, mas para o crítico Frederico de Morais, que o apresentou ao mundo, tudo não passava da mais genuína arte.
Em Belo Horizonte foi criado um Centro de Convivência que leva o seu nome. De certa maneira, ao que parece, é um extensão, no que concerne ao tratamento, do Hospital Pedro II, onde existe o bem sucedido Museu do Inconsciente. Em ambos os casos, os pacientes desenvolvem práticas artísticas e os resultados são surpreendentes. Prova disto, é a exposição que se realiza na Feira de Artesanato do Minascentro, em Belo Horizonte.
Hoje o nome de Artur Bispo do Rosário já correu os quatro cantos do planeta. Os europeus se extasiaram e, desde então, o reverenciam. Sua exposição visitou as principais capitais do mundo. Em um de seus mantos, Artur Bispo do Rosário bordou o nome das mulheres que seriam salvas, por ele, no Juízo Final. Este manto deveria acompanhar-lhe na subida aos céus, cujo desejo não foi atendido. Todos os principais conceitos e seguimentos de arte moderna estão contido na sua obra. É preciso observar que Bispo, sendo interno, estava alienado do mundo e por isso a sua originalidade é incontestável. Quando, em vida, quiseram expor os seus trabalhos, ele foi enfático: "Não faço isto para os homens, mas para Deus".
Artur Bispo do Rosário era, dentre outras coisas, um bordador de obras primas. Passou mais da metade de sua vida trancafiado no Juliano Moreira, mumificando seus objetos pessoais: escovas de dente, talheres, tesouras, etc. As loucuras de Artur Bispo do Rosário não cabem numa simples dissertação, é preciso se deparar com a sua vasta obra para se ter a dimensão de quem foi Artur Bispo do Rosário. Era um artista obcecado por jogo de xadrez, misses e geografia; um artista que, com sua sede de registros, extrapolou as dimensões da pintura e criou fantásticas vitrines com copos de alumínio, pentes de plásticos e objetos variados.
Criado por uma família rica, em Botafogo foi, quando jovem, marinheiro e lutador de boxe. Certo dia recebeu uma mensagem de Deus, de Deus, ele dizia: era o início de seu desequilíbrio mental. Internado, ele logo se intitulou xerife e passou a bater nos companheiros. Ficou recluso numa solitária, onde passou grande parte de sua vida. Segundo Bispo, Deus lhe havia pedido que "Reconstruísse o universo" e "Registrasse a sua passagem aqui na terra". Durante meio século, não fez outra coisa. Para ele, a sua obra era um desejo de Deus, mas para o crítico Frederico de Morais, que o apresentou ao mundo, tudo não passava da mais genuína arte.
Em Belo Horizonte foi criado um Centro de Convivência que leva o seu nome. De certa maneira, ao que parece, é um extensão, no que concerne ao tratamento, do Hospital Pedro II, onde existe o bem sucedido Museu do Inconsciente. Em ambos os casos, os pacientes desenvolvem práticas artísticas e os resultados são surpreendentes. Prova disto, é a exposição que se realiza na Feira de Artesanato do Minascentro, em Belo Horizonte.
Hoje o nome de Artur Bispo do Rosário já correu os quatro cantos do planeta. Os europeus se extasiaram e, desde então, o reverenciam. Sua exposição visitou as principais capitais do mundo. Em um de seus mantos, Artur Bispo do Rosário bordou o nome das mulheres que seriam salvas, por ele, no Juízo Final. Este manto deveria acompanhar-lhe na subida aos céus, cujo desejo não foi atendido. Todos os principais conceitos e seguimentos de arte moderna estão contido na sua obra. É preciso observar que Bispo, sendo interno, estava alienado do mundo e por isso a sua originalidade é incontestável. Quando, em vida, quiseram expor os seus trabalhos, ele foi enfático: "Não faço isto para os homens, mas para Deus".
(*) 1989
Um comentário:
O compositor e músico Arrigo Barnabé, conhecido por suas parceiras com Itamar Assumpção e por sua procura à novas linguagens e roupagens para a música cantada e instrumental brasileira, sempre foi um grande admirador da figura de Arthur, talvez o artista plástico com maior respaldo atualmente no mundo do Brasil.
Bom, Arrigo compôs uma Missa In Memorian de Arthur em 2003, orquestrada, um trabalho amplamente elaborado, à quem interesse aí vai o link pra baixar o albúm:
http://sombarato.blogspot.com/2007/02/arrigo-barnab-missa-in-memoriam-arthur.html
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