TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ói nós aqui!


Pense num entusiasmo de viajante! Pense! Pois fora assim que ele chegou da Europa. A primeira vez que atravessara o Atlântico desde a ponta do Mucuripe até o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa. O cabo fica há 140 metros do nível do mar e localiza-se na freguesia de Colares, no Concelho de Sintra, Distrito de Lisboa. Para que servem tais informações? Isso eu deixo para vocês decidirem. Isso sem contar que apesar do Word ter estranhado a palavra Mucuripe, para minha alegria estranhou, também, Concelho e Sintra. Aqui no meu não mais estranhará: anexei ao dicionário do programa. E o quê isso tem a ver? Não sei.

Mas voltando à regra narrativa. A Europa valeu o que pagou. Até mesmo o Euro aos olhos da cara em relação ao famélico Real fora compensado pelas intensas alegrias da viagem. E a compra da máquina digital? "È uma coisa fantástica. Depois de se acostumar que não tem mais que comprar filmes, a liberdade de fotografar é total". É bem verdade que sobrou para a família no retorno ao santo lar. Horas de olhos pregados no vídeo da televisão. do Oceanário de Lisboa o relógio bateu tantos minutos que no final o caixa de tempo se esgotara.

Era frio. Final de ano. Inverno de agasalhos, roupas sobre roupas e calefação. E tantas foram as taças de vinho, pão e primo piatto - e chega: o Euro mata, - que os corpos saíram do continente falando mais alto com a gravidade e a balança. Lisboa no Natal e quase nem jantavam, nada funciona, durma-se mais cedo, pois no dia seguinte nada estará aberto. Vida de turista é um caminhar através das veredas das possibilidades.

Paris. Ah! Paris! Que coisa. Mas não precisava ter sido apressado e entrado no toalete auto-lavante logo após a saída do último usuário. Tomar um banho em regra junto com a higienização da casinha solitária. Mas isso foi um acidente isolado, pois logo sabia andar pelos buracos do metrô. Bem que tentou achar o que levaria a Farias Brito, sua terra natal, mas não encontrou. Culpa dos engenheiros franceses que conhecem umas tal de Sorbonne Cliny, Montparnasse, La Defense e assim por diante.

Paris é uma festa. Pena que os japoneses tomaram conta do baile, da orquestra e do bar. O lugar onde os japoneses amadurecem é no Louvre. eles ficam de um corredor para outro, aos montes, subindo e descendo, de sala em sala clicando suas máquinas digitais. O lugar exato em que todo os japoneses do mundo brotam fica de frente da Mona Lisa. É como uma fonte jorrando água continuamente. Até mesmo de noite eles devem brotar, pois no dia seguinte, assim que as portas do museu se abrem eles ocupam os espaços entre uma pintura e outra, subindo a escadaria da Vitória de Samotrácia.

Mas nada igual a Roma. Não existe quem se equipare. Nem o Crato. Roma é demais! Nas ruas, nos jardins, nos prédios antigos, nas igrejas e os museus. A coisa mais linda – pareceu-lhe que noutra encarnação tivera algo com ele - foi o Prédio de Vitório Emmanuel. Ficou pasmo sob a sua monumental composição. Roma inteira vale um Vitório Emmanuel. Até a noite de ano novo, sem fogos e samba, na Via Veneto. Roma fora a jóia de sua viagem.

De uma coisa se arrependera. agora ter podido ir a Roma. Seria tão bom que por tivesse antes que os prédios da Roma Imperial se tornassem aquelas ruínas que ninguém entende nada. Apenas colunas caídas, pedaços de paredes, pisos e muito entulho. Mas não tem nada não, Roma ainda tem o Vaticano, a Pietá, o Coliseu aos cacos mas ainda de e suas colinas.

Por último a língua estrangeira. Foi em Verona que a experiência se mostrou fértil. Entregando o carro na locadora. Pedem à moça da recepção que os levem até o hotel em que se hospedavam. Afinal estavam entregando o carro com antecedência e aquilo poderia ser uma cortesia. a moça olhou para eles e disse: " Mais rapaz não precisa não. É bem ali. uns passinhos e vocês estão no hotel. Fica bem aqui ". E apontou para o mapa. Nisso um destes chatos que sempre existem se virou e perguntou se o diálogo tinha sido mesmo em tais termos. Bem ele disse: " Mas foi em italiano." E o chato não deixou de chatear: "E como é que se diz em italiano: não precisa não." ele explicou que não saberia repetir as palavras estrangeiras, mas fora aquilo mesmo que ela dissera apontando para o mapa da cidade. E o chato: " E como é "bem aqui" em italiano. " Ele resmungou e respondeu: " Falar estrangeiro é uma experiência única, não dar para repetir".

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