TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O que dizer?


A tí o que dirias se não fosse um tímido?

Falarias a princípio de mim, de minhas angústias

Das iras tatuadas no íntimo

De minh'alma, ou de minhas tolas astúcias?


Falarias de filosofia, literatura, o que enfim?

Nada disso sou eu, sou simples apenas

Com a alma em cárcere, de bolsos sem rublos

Prisioneiro da dor e do desejo que condena


Desejo, fome, talvez sede, não hás de saber

O que quero nas carnes, nos líqudos dos beijos

Nos corpos a arder


Haverias enfim, de matar-me a fome?

Dar-me-ia o que comer? a vis desejos?

Usando a carne, o corpo e próprio nome?


Quem sois na bruma que o vento impele

Em que páramos ardentes achar-te-ia

A que alturas celestes eu subiria

Para ver-te, sentir-te ho Gabrielle


Quais sentidos porventura aguçaria

O tato, audição,olfato, visão.O que?

Quais deles eu teria,

De verter em fatos para notar você?


Serias sim um cândido espectro

Simbiose da alma e da carne infame

Alma sublime, amor seleto


De ígneo aspecto que meu coração inflame

Sendo você o bálsamo, um divino inferno

Um vício, um luxo nunca tido antes.

Um comentário:

socorro moreira disse...

O que dizer de um sentimento masculino tão lindamente revelado ?
Um homem de alma feminina ganha qualquer mulher no laço...de fita , de rosa , de chita !

Achei lindo , o poema... bravíssimo !