A tí o que dirias se não fosse um tímido?
Falarias a princípio de mim, de minhas angústias
Das iras tatuadas no íntimo
De minh'alma, ou de minhas tolas astúcias?
Falarias de filosofia, literatura, o que enfim?
Nada disso sou eu, sou simples apenas
Com a alma em cárcere, de bolsos sem rublos
Prisioneiro da dor e do desejo que condena
Desejo, fome, talvez sede, não hás de saber
O que quero nas carnes, nos líqudos dos beijos
Nos corpos a arder
Haverias enfim, de matar-me a fome?
Dar-me-ia o que comer? a vis desejos?
Usando a carne, o corpo e próprio nome?
Quem sois na bruma que o vento impele
Em que páramos ardentes achar-te-ia
A que alturas celestes eu subiria
Para ver-te, sentir-te ho Gabrielle
Quais sentidos porventura aguçaria
O tato, audição,olfato, visão.O que?
Quais deles eu teria,
De verter em fatos para notar você?
Serias sim um cândido espectro
Simbiose da alma e da carne infame
Alma sublime, amor seleto
De ígneo aspecto que meu coração inflame
Sendo você o bálsamo, um divino inferno
Um vício, um luxo nunca tido antes.
Um comentário:
O que dizer de um sentimento masculino tão lindamente revelado ?
Um homem de alma feminina ganha qualquer mulher no laço...de fita , de rosa , de chita !
Achei lindo , o poema... bravíssimo !
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