Emerson Monteiro
Dado ser espírita e haver lido, há poucos dias, nos “blogs” Cariri Cult e Blog do Crato, nos quais colaboro, um texto de Dihelson Mendonça a propósito do Espiritismo, me vejo na condição de emitir alguns conceitos a propósito deste assunto.
Antes de maiores considerações, vale argüir o direito à liberdade de culto, apanágio das conquistas democráticas da nossa Constituição, o que significa, em leves toques, se respeitar que cada cidadão disponha de liberdade para escolher o credo que melhor lhe responda às questões básicas filosóficas (De onde se vem? Para onde se está indo? E o que estamos fazendo na Terra?). Portanto, trata-se de questão soberana rumo ao despertar de Si mesmo, das outras liberdades e da felicidade, motivo de toda organização geral da vida social.
Tema por demais íntimo, a religiosidade humana chegou, no andar da civilização e da cultura, aos sistemas religiosos que existem, de variadas formas, ao alvedrio das pessoas que a eles se submete, ao nível das tantas compreensões.
Longe de pretender esgotar tão volumoso caldo de cultura, importa dizer que o mito religioso acompanha os seres humanos desde seus primórdios, analisados através dos primeiros registros pictóricos de caverna detectados e pesquisados.
Caso houvesse, pois, uma resposta definitiva, a saber: um diagnóstico absoluto quanto às escolhas verificadas, se inválidas ou válidas, e nem aqui chegaria a estas teclas. Assim, ao modo como ainda se acham os humanos e sua busca da Verdade, ninguém possui a solução conclusiva, portanto.
Por outro lado, há que se conhecer melhor o Espiritismo de que fala o texto citado.
De início, a palavra Espiritismo passou a existir apenas com a publicação de “O livro dos espíritos”, texto publicado em 18 de abril de 1857, em Paris, França, de autoria do professor Hipollite Leon Denizard Rivail, assinando com o pseudônimo de Allan Kardec. Nesse trabalho, estariam “respondidas todas as perguntas que qualquer cientista de sã consciência faria sobre a vida após a morte”, no dizer dos membros da Sociedade de Ciências de Paris, à ocasião do seu lançamento.
Até essa publicação, inexistiam as palavras Espiritismo e Espírita (havia, sim, Espiritualismo e Espiritualista). Elas foram, só então, criadas pelo Prof. Rivail. Este aspecto demonstra a impropriedade de algumas traduções bíblicas ao afirmar que Moisés condenara o Espiritismo. Tratava-se, isto sim, do mediunismo, função biológica outra, adiante estudada sob o nome de "histerismo" por Sigmund Freud e outros pesquisadores da psiquê.
Depois vieram outras obras de Allan Kardec, quais “O livro dos médiuns” (um tratado clássico da Parapsicologia), “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Comentários das máximas morais de Jesus), “A gênese”, “O céu e o inferno”, “O Espiritismo em sua expressão mais simples”, etc., de igual autoria.
Quero informar, a título deste comentário, que o Espiritismo, de passo com a exigência do Positivismo, que permeou o pensamento da segunda metade do século XIX, propõe reunir na sua estrutura doutrinária três abordagens conjuntas: Filosofia, Ciência e Religião. Segundo Allan Kardec, “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a Razão face a face em qualquer época da humanidade”. Sua disposição, por isso, é unir a Ciência com a Religião, através do aprofundamento de conceitos e avaliações.
No entanto, com o decorrer da história, não vem tarefa das mais fáceis organizar a informação e que evitar que outras manifestações religiosas utilizem os mesmos termos originais da doutrina para preencher lacunas de denominação que por ventura reclamem palavras correspondentes. Daí, os equívocos que se confundir Espiritismo Cristão, a doutrina kardecista, com outras religiões medianímicas, com ênfase na cultura do Brasil.
Deste modo, em rápidas e despretensiosas pinceladas, amplio o leque de abordagens no que diz respeito a matéria tão vasta, na intenção simples de abrir espaço a uma visão consciente ao se reivindicar um conforto das coisas misteriosas da dor no âmbito da Natureza.
O princípio de tudo isto bem indica a sabedoria e as oportunidades infinitas do vasto universo de perfeição em que nós desenvolvemos o Ser, em cada pessoa por si.
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