O a Deus
Depois que Cícero morreu
Não foi nem o asco do vazio
Nem o azedume inquieto da tamarindo
Que tanto tem testemunhado tudo
Nem muito menos as evoluções imberbes
Do catarro nas narinas dos infiéis
Que parecem procriar lacunas
E cômodos para a acomodação do meretrício
Foram mesmo os dias bastardos aqueles
Esconderijos de metais alumiados
Que dissolveram as soluções
Em soluços e esparsos
Agora o vórtice da chapada
Fornece o friume das ladainhas
E a cor furtiva nas mãos postas das carpideiras
A poucos metros dentro da sala está
O mistério desenhando no descascar das paredes
O mar negro o mar morto e o pacífico
Agora não sobram xícaras virgens
Apenas palavras ermas se renovam e
Despencam da imprecisão
E passam a ciscar no terreiro
O solícito está estendido em branquidão
Guarando sobre as pedras
Mais do que nunca são parcos
Esses dias bastardos sem culhões
Não é sem unhas esse desespero áspero
Que se alumbra feito enfermo de ataque epilético
Há uma notícia ainda guardada no candeeiro
A luz é um véu feito de organdi que diz
Se tu voltar pelo vale do Cariri
Lembra de pagar a estrada com pegadas firmes
Sem que se aborreça o vento só por cuspir
Agora a argila é argola que pode
Prender em seu visgo em vigor
O supremo direito de ir e vir
Marcos Leonel
4 comentários:
Eita , poeta bom !
Sou fã !
Marcos Pound um poeta que não Ezra em momento algum. Diz com verdade aquilo que os irmãos Campos da Paulicéia Desvairada dizem de si e Marcos pelo lajedo com plumas de xique xique espinhoso, metais alumiados sobre o teto de ventosas encatarradas fala do seu árido e intrasponível sertão. Poesia pode ser tudo, menos não ter espaço e nele a presença humana.
Que força poética,
meu camarada!
Abraços.
O melhor elogio é quando ele vem de poetas, e com excelência de ser, fico grato e muito mais emprenhado, é isso mesmo, cheio de novos versos.
abraços irmãos
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