TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 14 de setembro de 2008

DIÁLOGO COM UM ESTRANHO DO SUPERMERCADO

Um dia após o outro. Se aquele filho da puta não pagar hoje aquele negócio eu vou foder a alma dele. Um lote de refugo, prazo vencido, negócio é negócio, quem deve paga. Ele que engane lá a freguesia dele. Não tenho porra nenhuma com isso. Me dever é que não vai. São cinco mil pau e eu quero vivinho aqui na mão. Hoje mesmo. Antes do banco fechar. Quero o dinheiro vivo, em nota de cem pau. Onde fica o nome deste desgraçado. Porra vou sair desta bosta, o celular não tem linha.

E aí meurmão? Temos assunto prá resolver. Hoje? Que horas? Ás 15:30? No Brasil do Recreio? Dentro da agência. Tô lá. Este dinheiro muda de mão hoje mesmo.

Esta bosta de agência não tem estacionamento legal. Vou botar a pick up neste capim.

Olha o carro do malandro.

Vamos ali para o fim do balcão. Conferido. Tá tudo aqui. É só dizer que o pessoal do supermercado quer se livrar daquela mercadoria. Eles só tomam prejuízo. Eu pego o material com a maior facilidade. Mas não entrego caixa vazando e nem material mofado. Eu examino tudo. É negócio limpo. Esta bosta de prazo de validade é frescura. Isso dura muito mais que a embalagem diz. É garantido. Um abraço. Você guardou o meu celular? Legal. Até.

Porra desta tranca. Tenho que chegar em Botafogo antes das seis horas. A parada precisa desta grana para hoje mesmo. O quê?

Passa a grana se não eu atiro. Fica quieto. Passa a grana. Eu atiro na tua cabeça e o meu amigo ali na moto acaba com tua vida. Vamos logo com esta porra.

Eu vou deixar este filho da puta se mandarem. A moto deles é uma bosta. Com esta pick up eu passo por cima e deixo só lama.

Pum! Pum! No meu joelho filha da puta. Ele vai continuar atirando. Eu vou morrer.

Ei rapaz deixa o homem vivo. Não viemos aqui para matar ninguém. Deixa ele vivo. Corre para aqui.

E aí?

Fiquei um tempão no hospital. Um século na fisioterapia. E depois fiquei gordo para cacete. Hoje a coluna é uma bosta. Não suporto ficar em pé nem meia hora.

Puta que pariu. Por isso é que acho que ninguém pode ter arma de fogo. Se alguém fosse pegado tinha que ser duro.

Mas eu teria uma arma de fogo.

E o que é que tu faria com a arma de fogo se alguém te provocasse.

Eu ativara.

Viu é por isso mesmo.

É mesmo o bicho humano é ruim demais para ter arma de fogo. Se policial pegasse uma arma de fogo deveria até receber um prêmio.

Pronto minha mulher chegou deixe-me empurrar este carrinho de compras. Boa tarde.

Boa tarde.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Sem saber quem postou , confundi os autores ...
Lupeu ?
- Era José do vale...
Ótimos !