TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

As peripécias de Zedoca

PEDRO ESMERALDO

Zedoca, um caboclo afro-descendente, octogenário, nasceu e se criou no Sítio São José, em Crato. Teve sua trajetória no labor diário da agricultura. Fiel, amigo, autodidata, não se aperfeiçoou em seus estudos devido à falta de apoio material, pois teve que trabalhar para o sustento da família. Dedica-se à música, mesmo sem ter conhecimento profundo da arte musical. Aprecia os cantores da velha guarda como Orlando Silva, Carlos Galhardo, Chico Alves, Nélson Gonçalves e outros.

Diz sempre que, se tivesse a oportunidade que essa juventude tem hoje, não ficaria no anônimo. Não se deixaria levar para o obscurantismo e nem cairia nas brumas da ignorância. Apreciaria bons livros. Leria de tudo que fosse de revista, ouviria com freqüência os noticiários do dia-a-dia, andaria de mãos dadas com o saber. Diz que não aprecia essa musica moderna, como o “rock-and–roll”, pois a considera um destempero, não equivalente à musica da velha guarda, como samba, baião, etc.

Zedoca é realmente um senhor cheio de vontade; leva tudo a sério, não vacila nas manifestações políticas ruidosas. Procura sair da ignorância e considera a maioria dos políticos “persona non grata”, vez que esses ditos políticos não levam nada a sério pelo Brasil.

Infelizmente o nordestino é muito ingênuo e cai sempre nas armadilhas, sem saber sair das dificuldades.

Apesar de seu pouco estudo, Zedoca gosta muito de história. Foi um fiel escudeiro, já que se dedicava de corpo e alma à perfeição de seu trabalho.

Observador contumaz, sabe separar o joio do trigo, não fala mal de ninguém, é maneiroso e evita as conversas que prejudicam aos seus semelhantes.

Zedoca é aposentado por tempo de serviço pelo INSS. Obedece às leis da natureza, mora em uma casa pobre, mas de boa qualidade, vive lutando pelo dia de amanhã até quando Deus um dia o chamar.


Crato CE, 24 de novembro de 2008.

Obs.: Postagem em atenção a pedido de seu autor.

Um comentário:

Carlos Rafael Dias disse...

Pedrinho, mais uma vez parabéns pelas suas crônicas, bem escritas e sinceras.