Na postagem sobre pensamentos musicais o Dihelson aclara sua elaborção nos comentários. Ao explicar a abrangência da música sobre a poesia, por exemplo, fica mais claro o motivo pelo qual ele diz que a música não precisa de tradução para ir direto ao espírito de qualquer ser humano. O maior exemplo seria a difícil (jamais se pode dizer intraduzível) tarefa de traduzir um poema em francês que ele apresentou. Aí tomamos o pulso da questão.
A questão básica é que a arte, como expressão de uma cultura, é datada e tem espaço. Não significa que ela seja incompreensível em outra época ou noutro lugar, apenas quer dizer que o significado de uma obra é contextualizado. Mas num mundo multicultural, com veículos de mídia universal, com uma produção em escala e multinacional, meriadianos e paralelos já foram mapeados em todas as sociedades. Continua a existir a questão social, das etnias, dos guetos, das tribos e tantas outras particularidades, mas a abrangência de todas as artes é muito superior a qualquer época anterior da história.
Não tem nem três meses que o próprio Dihelson ao falar das grandes obras da chamada música clássica (barroca, clássica, romântica, moderna) falava sobre a impossibilidade delas em ouvidos e pessoas não afetas a certo conhecimento musical. Se seguíssemos esta premissas não poderíamos burilar o universalismo automático da música. Ou da poesia, ou do conto, ou do romance que afinal se transformaram em obras locais de expressão universal. O maior exemplo disso é o próprio Guimarães Rosa que tanto pode nos provocar dificuldades, mas é reconhecido como um texto universal e, portanto, traduzível para outras culturas.
Na verdade o Dihelson aponta uma verdade fundamental: a dificuldade de comunicação entre as pessoas em particular e entre sociedades no geral. Aliás dentro das próprias sociedades através das classes. No entanto as culturas, as artes, existem para que os humanos se expressem numa linguagem local plenas de elementos do planeta. Aliás universal mesmo já que nele nos encontramos.
A questão básica é que a arte, como expressão de uma cultura, é datada e tem espaço. Não significa que ela seja incompreensível em outra época ou noutro lugar, apenas quer dizer que o significado de uma obra é contextualizado. Mas num mundo multicultural, com veículos de mídia universal, com uma produção em escala e multinacional, meriadianos e paralelos já foram mapeados em todas as sociedades. Continua a existir a questão social, das etnias, dos guetos, das tribos e tantas outras particularidades, mas a abrangência de todas as artes é muito superior a qualquer época anterior da história.
Não tem nem três meses que o próprio Dihelson ao falar das grandes obras da chamada música clássica (barroca, clássica, romântica, moderna) falava sobre a impossibilidade delas em ouvidos e pessoas não afetas a certo conhecimento musical. Se seguíssemos esta premissas não poderíamos burilar o universalismo automático da música. Ou da poesia, ou do conto, ou do romance que afinal se transformaram em obras locais de expressão universal. O maior exemplo disso é o próprio Guimarães Rosa que tanto pode nos provocar dificuldades, mas é reconhecido como um texto universal e, portanto, traduzível para outras culturas.
Na verdade o Dihelson aponta uma verdade fundamental: a dificuldade de comunicação entre as pessoas em particular e entre sociedades no geral. Aliás dentro das próprias sociedades através das classes. No entanto as culturas, as artes, existem para que os humanos se expressem numa linguagem local plenas de elementos do planeta. Aliás universal mesmo já que nele nos encontramos.
5 comentários:
Excelente colocação, meu caro José do Vale, e permita-me acrescentar apenas algumas palavras:
A origem da palavra é humana como meio linguístico, como objeto da comunicação verbal. As máquinas possuem linguagem também, se comunicam em linguagem binária, de ZERO e HUM e se entendem perfeitamente, sem deixar margem à dúvidas. Talvez de forma mais EXATA no sentido matemático da palavra do que os humanos, em que empregam as emoções para expressar idéias sobre o tapete da gramática.
E nesse ponto, é que em meus textos, eu sempre ressalto que a música vai direto aos sentidos, sem passar pela gramática, nem pelas palavras, ela é consumida como glicose pelo músculo, na forma direta.
Dizem que uma imagem representa mais de 1.000 palavras. poderosa imagem de um sol poente, basta 1 milissegundo para ser compreendido com todas as nuances pelo cérebro e assimilado pela alma com cores, nuances, e milhares de informações, que se passadas para palavras, tomariam minutos ou horas, e centenas de palavras para descrevê-lo.
Porque a palavra, a língua, sempre é descritiva, representativa de "ALGO", a essência.
E se ao invés da imagem, que já é poderosa, atingíssemos o cérebro com a própria linguagem em que ele entende: O PENSAMENTO ? nada há mais rápido que o pensamento, nem mais poderoso. Nada viaja mais rápido que uma idéia.
E eu te digo. Em certas músicas, que não duram mais de 5 minutos, pode-se fazer uma viagem pela galáxia sem sair do lugar. É como ter bibliotecas inteiras passando pelo pensamento, em códigos rápidos que podem ser traduzidos para palavras em qualquer língua desse planeta ou fora deste planeta, embora durassem séculos para serem postos no papel e uma tarefa monumental do tradutor que até poderia falhar.
Se houver ( e eu creio que haja ), outras inteligências no universo além da nossa, certamente que deverão ter seu conjunto linguístico também, o que para a comunicação entre os povos será sempre necessária a tradução fatigante.
Mas quando seres comungam da mesma energia, o próprio pensamento une as mentes, e é possível se conversar em perfeita sintonia apenas pelo pensamento, pela energia das vibrações. Fazemos isso constantemente sem o saber... sem o notar...
Nisso, rui todas as fronteiras da palavra, dos fonemas, pois nos comunicaremos de mente para mente,e como falei, grande parte da música é inaudível. É audível apenas com os ouvidos do espírito. É energia na sua forma mais pura e absorvível à mente.
Eu anseio que um dia nossa civilização chegue a um estado de entendimento dessas coisas todas, pois essa energia já flui em nós hoje em cada gesto, em cada olhar, em cada toque de pele, e tudo o que vibra. Resta cada um despertar sua percepção aguçada de mundo e das suas inúmeras representações.
Abraços,
Dihelson Mendonça
Dihelson: a depender do interesse da cada um, os blogs têm este papel. O papel de estimular as visões do mundo. Não vamos cansar o leitor com longos textos mas gostaria de apontar algumas questões.
a) não existe linguagem das máquinas. A linguagem binária é uma linguagem humana criada a partir do comportamento da natureza. Uma corrente que passa ou deixa de passar: se encontra acesa ou apagada. O significado da linguagem das máquinas são as instruções, automatizadas ou não, do ser humano. Se formos às origens dos números romanos e dos arábicos, iremos encontrar a mesma coisa.
b) a fonética não é tão estranha como estes símbolos gráficos com os quais nos entendemos e discutimos. O Inglês tem palavras que imitam os ruídos da natureza. Basta conversar com um professor da área que isso ficará bem claro. O latim é um pouco mais sofisticado e por isso mesmo até mais universal na origem das atuais palavras, inclusive em inglês.
c) o que vai direto ao espírito? Aí estamos diante não do passeio das palavras ou da conexão direta entre duas pessoas. Estamos diante das visões do mundo. Como você sabe muita gente é agnóstica (acha que é impossível compreender as questões metafísicas) ou materialistas históricas (encontram na historicidade das pessoas tanto a formulação de Deus quanto a do espírito). Para o último tipo de pensamento toda a parte conclusiva da sua consideração não faz sentido. Ou seja a linguagem direta ter o condicionante da universalidade de um criador e um espírito igual ao criador para que todos se tornem iguais e, portanto, não necessitem da intermediação da linguagem (ou de uma linguagem de intermediação).
d) na categoria igual a música poderíamos por a arquitetura, a pintura e a escultura entre outras artes que não necessitam de um aprendizado como primariamente o é em relação à leitura pois se necessita alfabetizar. No entanto estas coisas continuam como questões culturais, portanto étnicas, de classe social, de grupo etário, de gênero para identificar os mais comuns.
Terminei me alongando muito. Desculpe.
Desculpe a sugestão. Gostaria de ler algo do Zé Flávio, do Leonel, do Domingos, do Lupeu, da Socorro, do Sávio, entre outros sobre tais questões.
Quando li o texto de Dihelson havia escrito algo, mas em seguida excluí.
Sinceramente, eu peco demais em querer sintetizar todas as questões. E no final acabo insatisfeito com meu esboço. Não tenho um fôlego e clareza de raciocínio admiráveis de Marcos Vinicius Leonel. (Zé Flávio, Carlos Rafael, O próprio Dihelson e ,obviamente, José do Vale Pinheiro Feitosa).
A poesia não precisa de forma alguma ser dividida em partes iguais. Cabe a cada pessoa com sua sensibilidade descortinar uma faceta. Esta mesma pessoa, outro dia, em outra hora, sujeita-se a mais visões totalmente renovadas - uma vez que tanto a poesia, música, pintura não é um objeto estático com apenas uma linguagem estabelecida para todo o sempre. Sobretudo porque o artista - visto como criador - também é mutante e enlouquecido pela própria obra. Claro que com a tradução (francês, inglês, espanhol, grego...) a poesia pode perder em ritmo, imagem, metrificação... Mas também pode ganhar. Há poesia que ao ser lida no seu vernáculo próprio é opaca. Aí, surge um Haroldo de Campos e transcria o mesmo poema doando-lhe vida e exuberância. A tradução por um gênio exarceba em cores e temperatura a criação alheia.
A música de fato atinge em cheio o espírito. E não importa como é atingido o famigerado espírito. Ora alcança-se o cume da grandiosidade humana, ora é o mesmo espírito atolado em excremento fétido absorvido por uma música decadente. Uso a palavra "decadente" para poupar-me de explições sobre o que a indústria leviatã tenta nos pôr ouvidos abaixo.
O romance (como exemplo e citado Guimarães Rosa) pleno de símbolos e recriações pode muito bem ser absorvido por um espírito que detesta música clássica - aquele sujeito que se banqueteia com forró ao se deparar com "Grande Sertão: Veredas" esvair-se em puro arrebatamento.
O ser que bebe da arte - em qual cálice ou caneco for - é forçado a recriar-se e a enlouquecer-se em sua própria alma.
Não sei se fui claro, creio que não. De qualquer forma, abraços de um irmão que ama a Arte.
Mas pouco vai a concertos, ao teatro e a museus. Preciso alimentar meu espírito.
Sinceros abraços.
Boa observação, Barroso!
Vem somar-se ao debate.
Zé do Vale, quando eu falei que as máquinas possuíam linguagem, eu quis dizer que elas USAM de uma linguagem! Eu nunca disse que elas MESMAS construíram. EXISTE A LINGUAGEM DE MÁQUINA SIM. Vc não sabe o que é Assembly ?? Não conhece a linguagem hexadecimal, que já mais evoluída à partir do Assembly, para depois de agrupar em sintaxe, que formam as linguagens mais poderosas como o Pascal, o Visual C++, O Cobol, etc...
A linguagem delas é humana, imitada da natureza, mas não é dessa linguagem universal que me refiro.
Não estou sendo compreendido!
Olha só a precariedade das PALAVRAS:
Eu Digo uma coisa, a pessoa entende outra coisa. Se fosse via música, em qualquer área do universo, eu me faria entender. A palavra é limitada, demorada, e ainda conduz a erros de interpretação. Por mais que se explique algo, sempre alguém não irá entender.
Ao afirmar a linguagem da música como energia vibratória de tudo que existe, e pode ser comprovado pela física, também não falo uma só palavra DEUS no meu texto.
Deus nem precisa existir, nem espírito no sentido religioso para aquilo que eu falo. Ou seja, não estou misturando física com religião.
Entenda-se energia como vibração do universo, ou universos "N" dimensionais em múltiplas frequências. Deus e criacionismo nada tem a ver com o que estou falando sobre música!
Barroso, Guimarães Rosa com certeza, pode levar ao êxtase, após um livro inteiro, após horas de leitura. Esse é o papel da Arte, qualquer arte verdadeira. Falo aqui no poder da música Verdadeira, que com um Só Acorde de 1 milissegundo, causa o mesmo êxtase. Depende apenas, como eu disse, de aguçar a percepção à energia das vibrações.
Talvez mesmo que com esses vocábulos da nossa linguagem, por mais esforço qu eu empregue, não consiga me fazer entender, infelizmente, para transmitir essa idéia.
"Se falando de coisas terrenas não compreendeis, o que acontecerá quando falar das coisas celestiais?"
Abraços,
Dihelson Mendonça
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