TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Marcos Vinicius Leonel

Uma alma sagaz
e plena de estranhamentos
ao sair do quarto -
mesmo com a luz apagada
permanece uma parte.

A fogueira não arde o suficiente.
As cinzas jogadas ao vento retornam.
Nas faces o frescor da genialidade.
Na jugular o leve batimento cardíaco.

Uma alma sossegadona
e plena de estranhamentos
ao pousar os carnívoros olhos sobre a escrita -
mesmo aos devaneios da clarividência
um inquiridor apetite persiste.

As inquisições não torraram todos os tendões.
O bruxo refez seus calcanhares
agora com asas de pégaso.

Uma alma inteligente
e plena de estranhamentos
enquanto corrige provas -
mesmo com os miolos ardendo
sorri fácil
e de soslaio.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Arrasou. Retrato poético , em preto e branco... O fino da arte !