TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sensação boa

Tantos dias sóbrio
que cheguei a tropeçar
no cadarço da minha barba.
O poeta precisa da misericórdia
do seu demônio confidente
e do seu anjo da guarda silencioso.
Quem vê inferno
ora voa em plumagem celestial.
Como também em horas angelicais
ouve-se o som do batuque das profundezas.
Tantas noites abstêmio
que acabei perturbado
sem saber de fato e ao certo
o que era luz ou o que era trevas.
O poeta - estou certo desta verdade -
precisa da confraternização dos seus opostos.
Amigo secreto, beijos nas faces, um aguardente.
O pior é declarar-se culpado antes dos primeiros fogos.

Um comentário:

Marta F. disse...

Ao dizer eu sou, acaba sendo...o crer é poder, não é...o meu primeiro Natal com você, vocês...reticências para nós, elas trazem um vir-a-ser, gosto delas...
És um trabalhador dos versos, um operário tenaz. Ponto pra você.