TEORIZANDO

TEORIA

Ao mal, fazer-lhe o mal
até o mal pedir arrêgo
mastigadinho mastiguemos
sem mastigar se engole sêco
se ao bem, fazer o mal não convém
o bem não implica
causar boa impressão
a má impressão feita antítese
na síntese, o bem e o mal
são elementos de formação

Na incompreensão das coisas
distâncias avolumam-se
como paralelepípedos de uma cidade inteira
calçadas sem transeuntes
carros fazendo pegas
felizes os ignóbeis
pela dispersão das horas
pela distração das teclas
na lenta agonia de compor o aleatório
fazedor de versos não é poeta,
nem profeta
ou pelo bem mal construído
ou pelo mal bem construído sem desdém
os maus, pequena porcentagem na terra, ainda bem
senão cadeia qualquer domicílio



BANDEIRA BRANCA

Poesia come e dá de comer
Houaiss sério:
- doce com cedilha
tem gosto de mentira
Aurélio brincando
adoça a réplica:
- nem com licença poética?
o poste que dá luz
e o poste que não dá
mais vale o que deu, o que deram
infelizmente Houaiss e Aurélio
não tiram ímpar ou par
tapioca com recheio de bacalhau é bom, leia
o que ela escrever é bom...
o que ele escrever é bom...
poesia come e dá de comer
com suco de maracujá
no rendez-vous, sem mal querer