TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Maniqueísmo

Nós seguimos em caminhos contrários.
O que nos aproxima apenas o perfume
do primeiro dia.

O encanto quebrou-se.
Os cacos do jarro de porcelana
revelam toda a nossa imaturidade.

A Poesia é por demais grandiosa
aos nossos míopes olhos.

As palavras no ato da escrita
se trôpegas não se sustentam -
tosca então a formulação do desconhecido.

Nunca o verdadeiro poeta
será caolho e terá ego -
mas se comentarem que meus filhos
são feios e tortos morro de desgosto e de ódio.

Quanta tolice,
somos mães do vento
e soberbos não sabemos.

Na verdade
nossos discípulos
desejam nossa morte.

Rangem os dentes.
Esfregam as mãos.
Espreitam nosso voo
com o ventre em brasa.

Escreva seu poema -
e tranque a gavetinha da cômoda.

2 comentários:

Marta F. disse...

Intimou geral, hein?
Então,... é como uma teia de aranha sendo tecida...estou nela, vamos tecer.
valeu.

Carlos Rafael Dias disse...

Nos pequenos atos do dia-a-dia
Na mais intempestiva das reações daqueles que não são dados a oportunidade do erro
No acaso do jarro que se quebra e na realidade dos cacos que despontam
Em tudo que, a despeito de não ser puro, é necessário
A Poesia se faz vista e abre os olhos dos cegos

Um grnde abraço, poeta-camarada