Mosquinha de banheiro
tão plácida e cínica
no cano da descarga
comove minha alma.
Em eterno exílio nos ralos
a compadecer dos seus infortúnios.
Raramente aventura-se
pelos sujos trilhos do box
até o ladrilho.
Que pecado mortal cometido.
Que praga de mãe furiosa.
Que solidão infernal.
Mosquinha de banheiro
sei que sua única maledicência
é evoluir-se constantemente
a um piscar de olho.
Talvez o poeta enganado esteja -
e não tenha observado sua imortalidade.
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