TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Carta de Geraldo Urano a Luiz Carlos Salatiel (II)
É preciso viver, ainda que doa. Isso você tem feito; eu não. Continuo não só anestesiado, mas também me escondendo. Mas já não tenho mais como me esconder. A noite ficou clara.
Como vai o amigo, tão corajoso?
Não quero falar mal do Brasil; apenas continua uma mulher muito louca. Me deixa cansado. Com seus dois olhos de rubi e sua garganta rouca, ela vai por ai, aprontando.
Estou completamente desafinado. Pretendo viver mais em paz. Você tem me ajudado nisso. É isso aí, você sabe viver. Você não bebe água quente; o mundo é uma geladeira. Você tem alguma coisa contra os pinguins? Acredite: eu queria ser um pinguim.
Não dá pra viver em paz; eu não sou o Himalaia. Mas curto, como você, os picos eternamente nevados. Dizem que há força espiritual por lá. Eu quero encontrar isso por aqui mesmo. Um dia eu vou embora para o Texas.
Caralho! O tempo voa mesmo. (...) Um dia eu vou embora para dentro de mim, e viver plenamente o caos. Nosso tempo é caos. Você morre e a vida continua.
Tenho vivido uma espiritualidade que não é para esse tempo. Eu é que não quero pirar mais do que já estou. Quando estiver mal, use o controle remoto. Somos do deserto e as cidades ainda são de pedra.
Quando é mesmo que o mar vai engolir o litoral? Ele já me engoliu.
O sangue corre nas veias do planeta. É o homem explorando o homem, nos mínimos detalhes.
Quem precisa de moral? Quem precisa de mim? Nem eu mesmo. Quero é me modernizar, viver um tempo sem cara e muito caro para viver.
Vá ao supermercado; eu estou nas prateleiras. Me explodiram; eu era uma baleia.
Por quanto tempo o mar aguentará o homem?
Quem não morre, não vive.
Dinheiro é bom demais.
A vaca é irmã da mulher.
O vento e o poeta são amigos.
Gosto muito de você.
Um grande abraço do amigo Geraldo Urano.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
A ATUAL PANDEMIA DE INFLUENZA PODERIA TER SIDO EVITADA? - por José do Vale Pinheiro Feitosa
O vírus da atual pandemia é o influenza de sorotipo A e subtipo H1N1. O influenza se divide em 4 sorotipos (também chamados gêneros na taxionomia clássica) A, B, C e Thogotovirus. Todos os sorotipos podem atingir humanos. O subtipo H1N1 representa um dos subtipos das combinações possíveis da glicoproteína N e H. São conhecidos 16 subtipos para N e nove subtipos para H. Em outras palavras a variabilidade destes vírus é enorme e nunca é possível uma vacina universal para todos eles. Na atual pandemia as vacinas levarão até seis ou oito meses para serem desenvolvidas. Não é incomum que a vacina chegue após a maior intensidade do “fogo”.
De qualquer modo uma determinada combinação destes subtipos costuma se adaptar ao ser humano e permanecer em circulação por vários anos. Este é o motivo pelo qual todos os anos o Ministério da Saúde do Brasil vacina a população de idosos contra tais vírus circulantes. A atual vacina não tem efeito protetor para esta pandemia, mas protege contra o vírus já efetivamente circulante no país. Por isso a campanha de vacinação será continuada buscando atingir as metas necessárias.
A tendência do vírus influenza em promover pandemias (epidemias mundiais) deve-se em primeiro lugar à sua natureza infecciosa de vias respiratórias, se transmitindo facilmente pelo ar e por objetos contaminados. Em segundo lugar decorre da intensa movimentação humana entre os continentes, especialmente a partir do comércio mundial pós-industrial. Nos últimos 200 anos já foram identificadas 10 pandemias. Uma das mais conhecidas foi a gripe espanhola de 1918-1919 (anos da primeira guerra mundial), foi do tipo A e subtipo H1N1 (não o mesmo vírus atual, pois cada uma destas combinações dos subtipos possuem variações genéticas cruzadas), mas curiosamente começou na América do Norte (EUA) e tendo como reservatório o suíno (a seguir esta questão será melhor esclarecido em relação ao modelo aviário). A última grande pandemia foi a de 1968 (Hong Kong) com o tipo A e subtipo H3N2. Guarde este subtipo que terá importância a seguir. Considere, também, que vários sorotipos e subtipos continuaram provocando surtos e epidemias em várias países ao longo dos últimos anos.
O modelo de desenvolvimento e variabilidade do vírus envolve várias espécies de animais, especialmente aves, porcos, cavalos, mamíferos aquáticos entre outros. O modelo quando se refere aos humanos parece envolver, mais uma vez a economia. A intensidade da criação de aves e porcos para o abate se encontra na raiz da linha humana. O modelo leva a considerar a origem de quase todos os subtipos que atingem os humanos como oriundos de aves aquáticas, que espalham o vírus num largo horizonte intercontinental e se fixam no criadouros dos animais para abate. Então a granja e as pocilgas estão para a essência do modelo, como a aglomeração humana nas cidades é para a rápida transmissão interpessoal (pelo ar e perdigotos).
Então o modelo de decisão em Saúde Pública passa necessariamente pela questão do interesse econômico que envolve grandes empresas e grandes criadouros daqueles animais. Por isso é que incide uma feroz crítica à atual pandemia e envolve a Organização Mundial de Saúde, não sem razão liderada por asiáticos na atualidade. É que o modelo que apontava o caminho de uma nova pandemia já estava “anunciado” com a gripe de Hong Kong. A revista Science já identificara que o porco era um elo essencial para “forjar” no seu organismo o vírus aviário, tornando-o “apto” na adaptação humana e ampliando a própria virulência do H1N1 (subtipo dos suínos). Já havia a identificação de um aumento de virulência numa epidemia de porcos nos EUA em que se identificara que o subtipo H1N1 possuía genes do H3N2 da epidemia de Hong Kong.
Então fica claro que o ensaio da revista apontava uma linha para controlar a atual pandemia no interior dos criadouros de porcos. Se não fosse o Laissez Faire dos anos 90, quando o Estado Mínimo da Era Reagan considerava o Mercado acima de todos e as atividades econômicas um rolo compressor da sociedade, seria bastante provável que atual epidemia não estivesse ajuizando ainda mais a grande crise provocada por esta era.
A pior imprensa do mundo II: A carta não publicada.
Saiu no Blog do Nassif.
De Dilma Rousseff
1. Em 30/03/2009, a jornalista Fernanda Odilla entrevistou-me, por telefone, a pedido do chefe de redação da Folha de São Paulo, em Brasília, Melchíades Filho, acerca das minhas atividades na resistência à ditadura militar.
2. Naquela ocasião ela me informou que para a realização da matéria jornalística, que foi publicada dia 05/04/09, tinha estado no Superior Tribunal Militar – STM. No entanto, eu soube posteriormente que, com o argumento de pesquisar sobre o Sr. Antonio Espinosa, do qual detinha autorização expressa para tal , aproveitara a oportunidade e pesquisara informações sobre os meus processos, retirando cópias de documentos que diziam respeito exclusivamente a mim, sem a minha devida autorização
3. A repórter esteve também no Arquivo Público de São Paulo, onde requereu pesquisa nos documentos e processos que me mencionavam, relativos ao período em que militei na resistência à ditadura militar. Neste caso, é política do Arquivo de São Paulo disponibilizar livremente todos os dados arquivados e, em caso de fotocópia, autenticar a cópia no verso com os dizeres “confere com o original”, com a data e a assinatura do funcionário responsável pela liberação do documento.
4. Os documentos pesquisados pela jornalista foram aqueles relativos ao Prontuário nº 76.346 e as OSs 0975 e 0029, sendo também solicitadas extrações de cópias.
5. Apesar da minha negativa durante a entrevista telefônica de 30/03 sobre minha participação ou meu conhecimento do suposto seqüestro de Delfim Neto, a matéria publicada tinha como título de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro do Delfim”. O título, que não levou em consideração a minha veemente negativa, tem características de “factóide”, uma vez que o fato, que teria se dado há 40 anos, simplesmente não ocorreu. Tal procedimento não parece ser o padrão da Folha de São Paulo.
6. O mais grave é que o jornal Folha de São Paulo estampou na página A10, acompanhando o texto da reportagem, uma ficha policial falsa sobre mim. Essa falsificação circula pelo menos desde 30 de novembro do ano passado na internet, postada no site www.ternuma.com.br (“terrorismo nunca mais”), atribuindo-me diversas ações que não cometi e pelas quais nunca respondi, nem nos constantes interrogatórios, nem nas sessões de tortura a que fui submetida quando fui presa pela ditadura. Registre-se também que nunca fui denunciada ou processada pelos atos mencionados na ficha falsa.
7. Após a publicação, questionei por inúmeras vezes a Folha de São Paulo sobre a origem de tal ficha, especificamente o Sr. Melchiades Filho, diretor da sucursal de Brasília. Ele me informou que a jornalista Fernanda Odilla havia obtido a cópia da ficha em processo arquivado no DEOPS – Arquivo Público de São Paulo. Ficou de enviar-me a prova.
8. Como isso não aconteceu, solicitei formalmente os documentos sob a guarda do Arquivo Público de São Paulo que dizem respeito a minha pessoa e, em especial, cópia da referida ficha. Na pesquisa, não foi encontrada qualquer ficha com o rol de ações como a publicada na edição de 05/04/2009. Cabe destacar que os assaltos e ações armadas que constam da ficha veiculada pela Folha de São Paulo foram de responsabilidade de organizações revolucionárias nas quais não militei. Além disso, elas ocorreram em São Paulo em datas em que eu morava em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Ressalte-se que todas essas ações foram objeto de processos judiciais nos quais não fui indiciada e, portanto, não sofri qualquer condenação. Repito, sequer fui interrogada, sob tortura ou não, sobre aqueles fatos.
9. Mais estranho ainda é que a legenda da ficha publicada pela Folha dizia: “Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu”. Ora, se a Folha sabia que os chamados crimes atribuídos a mim não foram por mim cometidos, por que publicar a ficha? Se optasse pela publicação, como ocorreu, por que não informar ao leitor de onde vinha a certeza da falsidade? Se esta certeza decorria de investigações específicas realizadas pela Folha, por que não informar ao leitor os fatos?
10. O Arquivo Público de São Paulo também disponibilizou cópia do termo de compromisso assinado pela jornalista quando de sua pesquisa, ficando evidente que a repórter não teve acesso a nenhum processo que tivesse qualquer ficha igual à publicada no jornal.
11. Mais ainda: a referida não existe em nenhum dos arquivos pesquisados pela jornalista, seja o STM, seja o Arquivo Público de São Paulo. O fato é que até o momento a Folha de São Paulo não conseguiu demonstrar efetivamente a origem do documento.
12. Considero ainda que a matéria publicada na sexta-feira,17 de março, em que a Folha relata as minhas declarações ao jornalista Eduardo Costa, da rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, não esclarece o cerne da questão sobre a responsabilidade do jornal no lamentável e até agora estranho episódio: de onde veio a ficha que afirmo ser falsa?
13. Após 21 dias de espera, não acredito ser necessária uma grande investigação para responder à seguintes questões: em que órgão público a Folha de São Paulo obteve a ficha falsa? A quem interessa essa manipulação? Parece-me óbvio que a certeza sobre a origem de documentos publicados como oficiais é um pré-requisito para qualquer publicação responsável.
14. Transcrevo abaixo o texto literal do termo de responsabilidade assinado pela jornalista em 22/01/09:
“Declaro, para todos os fins de Direito, assumir plena e exclusiva responsabilidade, no âmbito civil e criminal, por quaisquer danos morais ou materiais que possa causar a terceiros a divulgação de informações contidas em documentos por mim examinados e a que eu tenha dado causa. Ficam, portanto, o Governo do Estado de São Paulo e o Arquivo do Estado de São Paulo exonerados de qualquer responsabilidade relativa a esta minha solicitação.
Declaro, ainda, estar ciente da legislação em vigor atinente ao uso de documentos públicos, em especial com relação aos artigos 138 e 145 (calúnia, injúria e difamação) do Código Penal Brasileiro.
Assumo, finalmente, o compromisso de citar a fonte dos documentos (Arquivo do Estado de São Paulo) nos casos de divulgação por qualquer meio (imprensa escrita, radiofônica ou televisiva, internet, livros, teses, etc).” (Cópia em anexo)
15. Por último, cabe deixar claro que a ficha falsa foi divulgada em vários sites de extrema direita, como: a) Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), blog de apoio ao Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra, ficha falsa postada em 30 de novembro de 2008; b) Coturno Noturno – Blog do Coronel: ficha falsa postada em 27 de março de 2009 (a ficha está “atualizada” apresentando uma foto atual) (http://coturnonoturno.blogspot.com/2009/04/desta-parte-dilma-lembra-tudo.html). A partir daí, outros sites na internet também divulgaram a ficha: a) http://fórum.hardmob.com.Br/showthread.php; b) http:/www.viomundo.com.Br/blog/dilma-terrorista/
16. Estou anexando a este memorial cópia de alguns documentos que considero importantes para sua avaliação:
➢ Termo de responsabilidade assinado pela jornalista no Arquivo de SP;
➢ Autorização do Sr. Antonio Espinosa para acesso aos seus documentos
➢ Termo de Compromisso assinado pela jornalista Fernanda Odilla junto ao STM.
Governos tucanos prejudicam a educação pública
Amigos leitores estes TEMPORÁRIOS, COLABORADORES, AMIGOS DA ESCOLA só existem em São Paulo mesmo ?
Saudações Geográficas!
João Ludgero
A pior imprensa do mundo.
Dia chuvoso e Monteiro Lobato - por Armando Lopes Rafael
Para quem não sabe, Monteiro Lobato foi um dos bons intelectuais brasileiros do século passado. Ele abraçou idéias marxistas; escrevia muito bem e era conhecido pela coragem de dizer o que pensava, sem preocupação de desagradar. Foi também ardoroso defensor das idéias republicanas – antes, e nos primeiros dias pós golpe militar de 15 de novembro de 1889 – mas quando viu os frutos advindos da Proclamação da República, escreveu, em 1918, um artigo com o título de “Dom Pedro II era a luz do baile”.
Permita-me compartilhar com o caro leitor a dois trechos do artigo citado:
“O fato de existir na cúspide da sociedade um símbolo vivo e ativo da Honestidade, do Equilíbrio, da Moderação, da Honra e do Dever, bastava para inocular no país em formação o vírus das melhores virtudes cívicas. O juiz era honesto, se não por injunções da própria consciência, pela presença da Honestidade no trono. O político visava o bem público, se não por determinismo de virtudes pessoais, pela influência catalítica da virtude imperial. As minorias respiravam, a oposição possibilizava-se: o chefe permanente das oposições estava no trono. A justiça era um fato: havia no trono um juiz supremo e incorruptível. O peculatário, o defraudador, o político negocista, o juiz venal, o soldado covarde, o funcionário relapso, o mau cidadão enfim, e mau por força dos pendores congeniais, passava, muitas vezes, a vida inteira sem incidir num só deslize. A natureza o propelia ao crime, ao abuso, à extorsão, à violência, à iniqüidade – mas sofreava as rédeas dos maus instintos a simples presença da Eqüidade e da Justiça no trono”.
“Ignorávamos isso na monarquia. Foi preciso que viesse a república, e que alijasse do trono a Força Catalítica para patentear-se bem claro o curioso fenômeno. A mesma gente, o mesmo juiz, o mesmo político, o mesmo soldado, o mesmo funcionário até 15 de novembro (de 1889), bem intencionado, bravo e cumpridor dos deveres, percebendo, na ausência do imperial freio, a ordem de soltura, desaçamaram a alcatéia dos maus instintos mantidos em quarentena. Daí o contraste dia a dia mais frisante entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob qualquer das boas intenções quadrienais que se revezem na curul republicana”.
Ah! Monteiro Lobato! O que escreveria você sobre os dias atuais?
terça-feira, 28 de abril de 2009
Sindicato dos Bancários comemora 50 anos
Petisco riscos. Frases em pequenas caixas que mando pra ninguém. O mundo é um mar grande demais. E na realidade, não quero descobrir um novo mundo. Ela é bonita. Ela é estrangeira. Ela queima em minhas mãos. Tenho uma ilusão de ir embora de mim. De não me continuar na manhã seguinte. De me pendurar na árvore do tempo e enganá-lo. Olho pro céu e armo uma briga com potestades que não me respondem. Que nunca me responderão. Tem um muro na frente. Tem uma casa na frente. Uma rua. Um poste. Um beijo que queima na cabeça. No coração. Quero não amar. Não me amarrar mais. Me soltar, nem que seja disso. Não há espaço na geladeira pra tantas garrafas de água. Não há mais espaço dentro de mim para tanta loucura. Tantas frases não ditas. Tantas perguntas que não serão respondidas. E baixo os olhos e só encontro os sapatos desamarrados. E baixo os olhos e só vejo os buracos de uma rua abandonada. E baixo os olhos e vejo uma formiga obscena levando um pedaço de uma planta talvez necessária. E baixo os olhos procurando algo que perdi. Que perderei. Que não sei. Não sei mais de nada. Pequenos pinos de tamanho diferente batem em sonoridades diferentes e rezo. Pra algo. Nem sei se rezo. Meio no meio. Sem saber de que lado da estrada estaciono pra olhar o por do sol. Não há nada com que se preocupar. A lição não será feita. Quem cresce crescerá. Não dependerá dos meus desejos. Ou olhará meus planos com olhos de acreditar. Estou pronto. Pro novo. Não estou pronto pro novo. Nunca vou estar pronto. Não sei onde fica o pronto. O ponto do ônibus. Pra onde vai o ônibus. Ela. Será que era ela na janela. Com um livro na mão, e a cara de quem não sabe pra onde está indo também. Amasso a massa entre os dedos. E as idéias me fogem, como presidiários que estouraram o muro de uma prisão de segurança máxima. Detesto sombras. Detesto sol demais. E a liberdade conta piadas que não entendo 24 horas por dia. Que? Quem? Prego numa cruz meu sorriso decorado e decido: só rir se tiver vontade. Só olhar a noite se for absolutamente imperativo. Só cantar no banheiro se lembrar a letra inteira. É verdade. É verdade que não gosto tanto assim de frutas. É verdade que não bebo tanta água. É verdade que gosto de café e cigarros. Que isso faz parte de mim assim como o mar não faz. Não sei recordar. Não sei gravar coisas que não quero em minha caixa preta de memórias editáveis. Eu não nasci no dia que digo. Não vou morrer no dia que quero. Não vou sonhar os sonhos que digo quando for dormir. Não vou editar minhas frases como se fossem ser lidas por um milhão de pessoas. Posso invadir sim. Gosto de invadir. De passar por cima. Gosto de trepar. De ver o rosto da mulher que está comigo sofrer os sinais da transfiguração que torna tudo a mesma massa viva e suarenta. Não olho os sinais. Não sei os sinais. Não sei falar em libra. Não respeito minorias. Sei dos perfumes que ardem em meu nariz nascido em terra estranha. Não planto. Não colho. Não sei a metade das coisas que precisaria pra morar sozinho. Detesto as pessoas e preciso delas. Nada se refaz. E ouço o grito do vizinho. Um grito que preferia mudo. Noutro mundo. O carro atropela o menino vendedor de jornal no sinal vermelho. Tem sempre alguém morrendo. Tem sempre alguém achando que vai ficar vivo tempo demais. O barão de barra de ouro comia suas crias como um deus possesso. Olhava com olhos de dono tudo a sua volta. Cada légua vista era sua. Bundas, vacas e escravos. Tudo seu. Um dia levou uma topada que arrancou sua unha. A gangrena comeu o barão aos poucos. E um riso que veio na asa de um urubu caiu como chuva por todas as léguas de dor. Choveu setenta dias. E nunca mais se ouviu o silencio. Tem uma pedra no lugar do coração. Do coração do mutante.
Líder da oposição na Venezuela pede asilo político ao Peru
O líder de oposição venezuelano Manuel Rosales, ex-candidato à Presidência, oficializou pedido de asilo político ao governo peruano nesta terça-feira, alegando que é vítima de perseguição política em seu país.
O advogado de Rosales em Lima, Javier Valle-Riestra, disse que o pedido foi feito ao Ministério das Relações Exteriores do Peru por meio da entrega de documentos que, segundo ele, confirmariam que o governo do presidente Hugo Chávez realiza uma "perseguição permanente a Rosales e a sua família".
O pedido de asilo foi feito logo depois das declarações do ministro do Interior da Venezuela, Tareck El Aissami, de que pedirá à Interpol a captura internacional de Rosales se o oposicionista não se apresentar ao tribunal venezuelano onde enfrenta julgamento sob acusação de corrupção.
De acordo com Javier Valle-Riestra, a captura não será viável porque Rosales já pediu asilo político.
Além de advogado especialista em assuntos internacionais, Valle-Riestra é congressista e um importante líder do partido do presidente do Peru, Alan García.
Acusações
O líder da oposição deveria ter comparecido nesta segunda-feira ao tribunal.
Rosales foi acusado pelo Ministério Público (MP) do Estado de Zulia de enriquecimento ilícito durante sua gestão como governador.
O MP afirma que Rosales não pode comprovar a procedência de US$ 68 mil em sua declaração de patrimônio relativa aos anos de 2002 a 2004.
Os membros da oposição venezuelana dizem que Rosales não cometeu nenhuma irregularidade e que o julgamento é parte de uma "onda de perseguição política" do governo a seus adversários.
O governo, por sua vez, defende a aplicação da lei e o julgamento por corrupção.
Relações diplomáticas
Rosales não era visto em público desde março, quando anunciou estar "refugiado" no interior do Estado de Zulia (oeste do país).
A imprensa peruana, citando fontes diplomáticas, afirma que Rosales entrou no país no domingo, acompanhado da família.
Desde então, abandonou suas funções como prefeito da cidade de Maracaibo, a segunda maior da Venezuela, delegando o cargo a um ex-deputado.
Rosales foi o dirigente que uniu a fragmentada oposição venezuelana nas eleições presidenciais de 2006 e enfrentou o presidente Hugo Chávez nas urnas como candidato de mais de 40 partidos. No entanto, foi derrotado por Chávez, que recebeu 63% dos votos.
O analista internacional peruano Alejandro Deustua teme que esta situação possa afetar as relações diplomáticas entre Peru e Venezuela, frágeis há algum tempo pela série de discussões entre Chávez e Alan García.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090421_rosales2_mm_ac.shtml
Comentário: Acho engraçado como fatos explodem na mídia e por trás dela a todo momento e a maioria dos "pensadores" que nos rodeiam teimam em usar a velha "tática" do goucho marx: Você prefere acreditar em mim ou em seus próprios olhos? rsrsrs
segunda-feira, 27 de abril de 2009
UMA CIVILIZAÇÃO IGUAL A UM ORGANISMO VIVO
Basta se ter mais de trinta anos para saber-se o que ocorreu com os carros. A introdução de circuitos impressos na sistemática dos automóveis levou a se ter carros que param de repente, dão pau e não adianta levantar o capô. Não existe o mecânico da esquina, tudo agora depende do computador para ajustar. Outro dia um amigo, que tem uma destas camionetes fabolosas de caras, com que o governo do Ceará contemplou a concessionária para sua polícia militar, bateu muito de leve numa moto. Ele dobrava e a moto foi ao encontro do pneu dianteiro. O motoqueiro sofreu alguns arranhões, um espelho reprovisor quebrou e se satisfez com 60 reais para se corrigir. Já a camionete? Soltou uma barra de tração inteligente que direciona os pneus dianteiros e não saiu mais do lugar. Teve que seguir rebocada. Preço do conserto: mais de quatro mil reais.
Na edição da semana passada a Revista Carta Capital publica uma matéria a respeito de um apagão nas telecomunicações na California. Três condados da California (Santa Clara, Santa Cruz e San Benito) ficaram sem acesso as linhas de telefone fixo, celulares e serviços de internet. Foi uma sabotagem muito simples: criminosos levantaram tampas pesadas de bueiros à beira de estradas e fizeram cortes nos cabos de fibra ótica. Numa dimensão incrível foram afetados numa mesma manobra: hospitais, lojas, bancos, serviços de emergência, caixas automáticas e serviços de cartões de créditos. Imaginem a quantidade de funções que foram cessadas com a ausência deste cabo ótico solitário, junto com outros em cadeia, gerando um verdadeiro "infarto" na função vital da sociedade.
Todos lembramos da perplexidade com aquele boeing enorme da Gol com mais de cem pessoas à bordo se precipitando em alta velocidade em direção ao chão deste dos mais de 11 mil metros em que voava. Um ponto vital da sua fuselagem fora atingido por um avião menor que continuou seu vôo até um aeroporto seguro. E isso a que vem?
A organização da civilização era mais dispersa, interdependente e sujeita a forças imprevisíveis da natureza. Agora ela é cada vez mais orgânica e assemelhada ao próprio organismo humano, com suas enormes fragilidades, de sangria incontrolável e de arrtimia que cessa todas as funções.
Ogivas nucleares.
NESTA SEMANA NO BRASIL
Não sem razão o mundo poderia experimentar, começando na América do Norte, uma nova pandemia de gripe. No México já atinge centenas de pessoas nos centros urbanos e já matou 104 pessoas até o dia de hoje. Existem casos nos EUA, na Espanha e Israel. A velocidade com a qual a pandemia poderá se espalhar será bem superior aos demais anos, pois agora as viagens internacionais são mais velozes e mais freqüentes. Já existem dois casos suspeitos de brasileiros oriundos do México. O atual vírus causador é da mesma matriz das grandes pandemias citadas: o da asiática era do subtipo H2N2 e este é do subtipo H1N1. O mais importante é a enorme adaptação do atual vírus a várias espécies: segundo o CDC (Centro de Controle de Doenças americano) se trata de uma mistura jamais vista que ataca simultaneamente suínos, aves e humanos.
O Congresso Nacional com passagem aérea, também. Os deputados e senadores vivem distantes de suas casas representando o sistema parlamentar do país. O que não encontra qualquer relação moral e ética é o uso de passagens como barganha, troca, favor, privilégio e safadeza com o dinheiro público. Um garotão como aquele deputado federal do RN é bem o tipo de gente que esta classe média irresponsável tem criado e revistas como a Caras, por exemplo, têm estimulado. Então a safadeza e o senso de privilégio a expensa do povo não tem relação. Agora, finalmente, aos líderes, ao “alto clero” que tanto espezinha o “baixo” nas páginas da mídia: onde se encontra um grande discurso contra esta safadeza? Por que os grandes líderes do Congresso não deram um basta nesta farra? Por que o estilo de reação foi de um “rapazinho” de Sobral, cheio do não me toques, dizendo: ministério público é o caralho?
Agora mídia e Congresso Nacional têm inteira relação. O papel da imprensa é informar sobre os fatos relevantes da sociedade e este das passagens do Congresso o é. Agora o modo, a intensidade e a boca viciada do cachimbo da imprensa é mera intimidação com o Congresso Nacional. Os esquemas concentrados em famílias, as concessões que ocorrem em tenebrosas transações fazem dos grupos empresariais da mídia nacional inteiramente suspeitos de intimidação ao poder concedente. No mesmo modo que sociedade se escandaliza com deputados e senadores, também cabe com o vampiresco comportamento do golpismo da mídia nacional.
Sobre a efemeridade das mídias
No encerramento da Escola para Livreiros Umberto e Elisabetta Mauri, em Veneza, falamos, entre outras coisas, sobre a efemeridade dos suportes da informação. Foram suportes da informação escrita a estela egípcia, a tábua de argila, o papiro, o pergaminho e, evidentemente, o livro impresso. Este último, até agora, demonstrou que sobrevive bem por 500 anos, mas só quando se trata de livros feitos de papel de trapos. A partir de meados do século 19 passou-se ao papel de polpa de madeira, e parece que este tem uma vida máxima de 70 anos (com efeito, basta consultar jornais ou livros dos anos 1940 para ver como muitos deles se desfazem ao ser folheados).
Portanto, há muito tempo se realizam congressos e se estudam meios diferentes para salvar todos os livros que abarrotam nossas bibliotecas: um dos que têm maior êxito (mas quase impossível de realizar para todos os livros existentes) é escanear todas as páginas e copiá-las para um suporte eletrônico.
Mas aqui surge outro problema: todos os suportes para a transmissão e conservação de informações, da foto ao filme cinematográfico, do disco à memória USB que usamos no computador, são mais perecíveis que o livro. Isso fica muito claro com alguns deles: nas velhas fitas cassete, pouco tempo depois a fita se enrolava toda, tentávamos desemaranhá-la enfiando um lápis no carretel, geralmente com resultado nulo; as fitas de vídeo perdem as cores e a definição com facilidade, e se as usarmos para estudar, rebobinando-as e avançando com frequência, danificam-se ainda mais cedo.
Tivemos tempo suficiente para ver quanto podia durar um disco de vinil sem ficar riscado demais, mas não para verificar quanto dura um CD-ROM, que, saudado como a invenção que substituiria o livro, saiu rapidamente do mercado porque podíamos acessar online os mesmos conteúdos por um custo muito menor. Não sabemos quanto vai durar um filme em DVD, sabemos somente que às vezes começa a nos dar problemas quando o vemos muito. E igualmente não tivemos tempo material para experimentar quanto poderiam durar os discos flexíveis de computador: antes de podermos descobrir foram substituídos pelos CDs, e estes pelos discos regraváveis, e estes pelos "pen drives".
Com o desaparecimento dos diversos suportes também desapareceram os computadores capazes de lê-los (creio que ninguém mais tem em casa um computador com leitor de disco flexível), e se alguém não copiou no suporte sucessivo tudo o que tinha no anterior (e assim por diante, supostamente durante toda a vida, a cada dois ou três anos), o perdeu irremediavelmente (a menos que conserve no sótão uma dúzia de computadores obsoletos, um para cada suporte desaparecido).
Portanto, sabemos que todos os suportes mecânicos, elétricos e eletrônicos são rapidamente perecíveis, ou não sabemos quanto duram e provavelmente nunca chegaremos a saber. Enfim, basta um pico de tensão, um raio no jardim ou qualquer outro acontecimento muito mais banal para desmagnetizar uma memória. Se houvesse um apagão bastante longo não poderíamos usar nenhuma memória eletrônica.
Mesmo tendo gravado em meu computador todo o "Quixote", não o poderia ler à luz de uma vela, em uma rede, em um barco, na banheira, enquanto um livro me permite fazê-lo nas piores condições. E se o computador ou o e-book caírem do quinto andar estarei matematicamente seguro de que perdi tudo, enquanto se cair um livro no máximo se desencadernará completamente.
Os suportes modernos parecem criados mais para a difusão da informação do que para sua conservação. O livro, por sua vez, foi o principal instrumento da difusão (pense no papel que desempenhou a Bíblia impressa na Reforma protestante), mas ao mesmo tempo também da conservação.
É possível que dentro de alguns séculos a única forma de ter notícias sobre o passado, quando todos os suportes eletrônicos tiverem sido desmagnetizados, continue sendo um belo incunábulo. E, dentre os livros modernos, os únicos sobreviventes serão os feitos de papel de alta qualidade, ou os feitos de papel livre de ácidos, que muitas editoras hoje oferecem.
Não sou um conservador reacionário. Em um disco rígido portátil de 250 gigabytes gravei as maiores obras-primas da literatura universal e da história da filosofia: é muito mais cômodo encontrar no disco rígido em poucos segundos uma frase de Dante ou da "Summa Theologica" do que levantar-se e ir buscar um volume pesado em estantes muito altas. Mas estou feliz porque esses livros continuam em minha biblioteca, uma garantia da memória para quando os instrumentos eletrônicos entrarem em pane.
A nova realidade da Região Metropolitana do Cariri
(Fonte:"Diário do Nordeste", 27-04-2009)
CARIRI
Universitários aquecem mercado imobiliário
Oferta de imóveis é constante em Juazeiro, com a demanda crescente do público universitário (Foto: Elizângela Santos)
Não somente os romeiros se sentem atraídos para Juazeiro. Agora, um novo público procura a cidade
domingo, 26 de abril de 2009
Queria entender de telepatia. E também de outras coisas da vida. Mas sou ocupado pra caralho, termino sempre deixando isso de aprender coisas novas pra amanhã. Amanhã. Queria entender isso de amanhã. Porque sempre me dizem que amanhã vai ser tudo diferente. Que os caras vão ser honestos. Que as relações serão espontâneas. Que as gargalhadas não vão ofender a lei do silêncio. Que eu vou ter mais grana. Que vou demorar a gozar. Enfim, as coisas que não consegui até hoje estão guardadas nessa caixa chamada amanhã. Mas eu ainda vou aprender telepatia. Talvez amanhã, ou depois, ou daqui a quinze dias. As outras coisas da vida eu vou separar em pastas. Depois vou elencar prioridades. Depois vou determinar um tempo para estudar com calma. Uma coisa é certa: preciso de uma rede. Talvez aprender a tocar violão seja uma boa. Tenho letras sabidas. Acho que dariam músicas sabidas também. Até lá, nesse amanhã, preciso saber se vou achar alguém pra dividir essa rede. Pra escutar essas músicas sabidas que vou fazer amanhã. Pra me olhar tocando esse violão que com certeza vou estar tocando depois de amanhã, ou no máximo em dez anos. Mas na boa, eu vou ser bom nisso de telepatia. A tal da telepatia me seduz. Sabendo disso, da tal telepatia, vou fuçar a mente de deus. Vou querer saber dele o mistério das cores, e das sete notas musicais, e do universo, verso mais bonito. Mas também vou querer saber o porquê da cara engraçada dos macacos, e do sabor maravilhoso da cerveja, da sedução dos seios das mulheres, e do bigode sisudo dos comunistas. Mas vou deixar isso pra amanhã. Ta ficando tarde, é domingo, vou tomar um banho e dormir. Que o amanhã chega já, e diz o povo que o amanhã não espera porra de ninguém.
SOPA DE LETRAS by LUPIN
Quando não existiam livros de auto-ajuda
Vocês acreditam que duas pessoas conversem seriamente, por horas a fio, sobre lobisomens? Pois nós conversamos. Há algum tempo eu me dedicava a estudar a 'lubisomidade'. Isso mesmo, a psicologia das pessoas que se transformam nesse ser notívago e sofredor, cumprindo um terrível fadário. Desculpem o fadário, mas eu escrevia assim, meio parnasiano.
Francisco Aniceto tinha mais de sessenta anos, discorria sobre várias ciências, embora lesse e escrevesse com dificuldade. Todos o chamavam de 'Mestre'. Conversando com ele compreendi que a sabedoria é um dom, a capacidade de pensar uma virtude, e ambos independem da erudição e da escolaridade. Contos filosóficos do mundo inteiro foram inventados por anônimos.
Sentados em bancos rústicos de madeira e couro, os dois interlocutores se mediam, como os violeiros repentistas antes de começarem um desafio. No arroubo de minha juventude - perdoem o arroubo e o excesso de juventude -, fiz a primeira pergunta.
- Mestre Chico, o senhor já viu lobisomem?- Ver visível eu nunca vi, não. Mas dizer que existe, existe. Porque tudo o que se diz que existe, é porque existe.
Levei uma rasteira, fiquei meio zonzo com a resposta. Então, o homem além de músico era filósofo?!
- Desculpe, dá para explicar melhor?- O lobisomem é uma notícia, alguém que precisa cumprir o seu tempo. O sujeito está preso a uma maldição, ou um castigo. Digamos que ele é o sétimo filho homem de uma casa, ou cometeu a infelicidade de bater na mãe, ou vestiu uma camisa com sete nós pelo avesso e espojou-se sete vezes numa encruzilhada, da direita para a esquerda, em noite de lua cheia.
E a conversa caminhava com arrepios e sustos, quando um cachorro latia ou passava correndo ao nosso lado.
- Será um lobisomem? - Hoje ele não corre. Só de quinta pra sexta-feira.
As mesmas histórias arcaicas, que atravessam o mundo e chegam aos povos mais distantes, adaptam-se às particularidades, se reinventam.
- Mestre, como se desencanta um sofredor desses?- Com um punhal frio. A bala da arma de fogo não presta. Ela coalha o sangue e ele não escorre. O desencantador chega perto do lobisomem e olha nos olhos dele. Desse modo, ele corre o risco de se molhar no sangue contaminado, de virar um lobisomem também. É a condição. Sem o risco não existe desencantamento. Foi sempre assim, desde o começo dos tempos."Desde o começo dos tempos" era a fórmula mágica que nos ligava a um passado mítico. Por meio dela o Egito ficava na outra rua, a Mesopotâmia a dois passos, e a Índia depois da curva do rio. As distâncias geográficas encolhiam, se tornavam insignificantes no passado comum do nosso mar de histórias.
Francisco Aniceto morreu sem que eu lhe perguntasse pelas mães d'água, nossas sereias. Também não perguntei pelos carneiros dourados, que aparecem ao meio dia, nas pedras do sertão. Nem por outros encantados. Perguntarei a quem por tudo isso? Já não são muitos os que enxergam o invisível. Há um excessivo culto ao real e ao hiper-real: na literatura, no cinema, na televisão.
Até bem pouco tempo, a Natureza não havia sido empurrada para longe de nós. Um empurrão sem volta. E ainda existiam homens comuns ocupados em pensar e interpretar o mundo em que viviam. Não sou saudosista, nem romântico. Mas, vez por outra busco esses homens. Pensar tornou-se uma atividade enfadonha, fora de uso. Coisa de velho. A maioria das pessoas prefere as fórmulas prontas da auto-ajuda.
Melhor parar por aqui. Ou vou falar mal de Paulo Coelho.
Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor.
Fale com Ronaldo Correia de Brito: ronaldo_correia@terra.com.br
sábado, 25 de abril de 2009
Coluna Cariri - por Tarso Araújo
Mais uma tese de doutorado sobre o Padre Cícero vem de ser publicada. Seu autor é Antônio Braga, autor do livro “Padre Cícero- Sociologia de um padre, antropologia de um santo”. A obra é fruto da pesquisa que ele realizou para a elaboração de sua tese de doutorado em Antropologia Social, defendida em 2007 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Antônio Braga: “No meio acadêmico, Padre Cícero e o fenômeno religioso do Juazeiro já foram objeto de um número respeitável de estudos, muitos de grande qualidade”.
"Dantas deu 1 bi à Folha"
por Luiz Carlos Azenha
"O Viomundo recebeu cópia de um cheque por e-mail. Mostra que um certo Pafúncio Dantas pagou 1 bilhão de reais a uma pessoa que tem o mesmo nome de um dos controladores da Folha de S. Paulo.
Donde a manchete: Dantas pagou 1 bi à Folha.
Não consegui confirmar a autenticidade do cheque. Mas também não consegui demonstrar que ele é falso, nem produto de uma de minhas múltiplas personalidades.
Assim sendo, eu publico primeiro. Se a Folha chiar, eu desminto mas deixo claro: não consegui comprovar a autenticidade, nem que é falso.
Essa é a lógica empregada pelo jornal ao admitir que publicou uma ficha de Dilma Rousseff que recebeu por e-mail.
Em vez de enfiar o galho dentro, dizer que fez bobagem e pedir desculpas, a Folha diz:
O primeiro erro foi afirmar na Primeira Página que a origem da ficha era o "arquivo [do] Dops". Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada - bem como não pode ser descartada.
Nem original esse "jornalismo" é.
É uma versão do "testando hipóteses", de Ali Kamel, que foi aplicado com maestria no acidente da TAM em Congonhas. Kamel escreveu, em defesa da imprensa, em O Globo:
Na cobertura da tragédia da TAM, a grande imprensa se portou como devia. Como não é pitonisa, como não é adivinha, desde o primeiro instante foi, honestamente, testando hipóteses, montando um quebra-cabeça que está longe do fim.
Ou seja, a Folha estava apenas "testando a hipótese" sobre a autenticidade da ficha.
Não se esqueçam que quem deu uma grande contribuição a esse gênero do jornalismo foi o repórter Marcio Aith -- ex-Veja, hoje na Folha --, ao reproduzir as contas de integrantes do governo Lula no Exterior."
Neste domingo a Igreja Católica ganha novo santo português
Vamos antes transcrever um trecho da nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa porque, ela também, merece ser lida e assimilada, não só por portugueses mas por homens e mulheres do mundo inteiro.
“Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.
Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos.”
Nuno Álvares Pereira (Ordem Carmelita), também conhecido como o Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria. Nuno Álvares Pereira nasceu na vila de Flor da Rosa, concelho do Crato, mas há também historiadores que defendem que ele nasceu nos Paços do Bonjardim, na vila de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã. É um dos 26 filhos conhecidos do prior do Crato, D. Álvaro Gonçalves Pereira e de Iria Gonçalves do Carvalhal.
Casou com Leonaor de Alvim a 1377 em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja. Quando o rei Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa Beatriz casada com o rei João I de Castela, Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de Pedro I de Portugal, João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros em Abril de 1384, João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém. Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de novembro de 1431, com 71 anos.
Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terremoto de 1755. O seu epitáfio era: