TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 12 de julho de 2009


Determino o freio. O feio não passa no controle de qualidade da vida. O sim, qualé a do sim? Se autorizo, autorizo até onde? E por quê? Me digo, como diria pra um milhão de pessoas: - pra ser aceito. O não, qualé a do não? Quando nego, nego por quê? E com que determinismo, ou determinante nego? Determino o freio. O feio que se fôda. Aí penso, e pensar me coloca em xeque no tempo. O tempo, esse carro veloz, vai me esperar, enquanto penso, analiso, peso o bom e o ruim na minha mala? É verdade o que dizem minha senhora: eu ainda ouço rock. E sim, é verdade também: tenho quarenta e três janeiros em minha vida que detesta feios. E Sabe do que mais? Descobri que não sou saudosista. Este fim de semana, vi três bandas se apresentarem na festa dos motoqueiros em Petrolina: lobos do asfalto, on the rock´s e biquíni cavadão. É sério, não sou saudosista. Todo mundo ainda se veste de preto e usa farda, a maconha continua sendo a droga proibida mais permitida da festa, e as músicas? Tudo novo: stepenwolf, led Zeppelin, sabath, purple, doors, Kiss, Queen... os meninos de mais de doze que me olham estranham meus cabelos longos, meus gritos, meu sacudir de cabeça. Penso que eles pensam: o que ele está fazendo aqui? Penso que penso: o que eles fazem aqui? A maconha? Já era velha quando eu era jovem. O som? Era setenta quando eu já era oitenta. Determino o freio? O feio é o novo então? E me flagro pensando: a carne morta da arte no prato fundo do tempo. Como o que já comi. Com outros temperos talvez, com outras pessoas quem sabe. Então decido não determinar. E por conta disso, esqueço o freio. Logo, o feio está livre pra passear em minhas calçadas de memória. Ou talvez, ele nem queira, o tal feio, andar sem anador nessa terra do nunca. Determino que M. Jackson não morreu, assim como Elvis, Morrison e Joplin. Estão todos aí, escondidos em fazendas perto de cabrobó, plantando maconha com dinheiro do governo e detestando presidentes que falam errado. É verdade que a minha verdade é verde. E que bandas de garagem sempre serão mais saborosas. É verdade que eu não acredito em céu, nem na bondade absoluta. Mas, o que posso fazer nesse tempo, em que a velocidade é deus? Eu vou continuar escutando meus rocks sujos, cheirando minha farinha batizada, namorando, bebendo cerveja gelada, olhando o por do sol e pensando: o feio é o freio. E ninguém quer frear quando a ladeira não tem curva. Em tempo: os lobos do asfalto e a on the rocks são do caralho. E a merda do biquíni cavadão? Foi o freio. O feio. Em uma noite em que o futuro fez coro com falcão do rappa: “o novo? Já nasce velho!”

4 comentários:

Maurício Tavares disse...

Gostei do ritmo do texto.

João Ludgero Sobreira Neto disse...

Foi boa doido! Vamos soltar na exposição mais um número do nosso fanzine OS COLERAS, gostaria de publicar te texto. E ai, autizando ou não eu vou publicar! Falou!

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Lupeu sem freio e determinismo é quase uma redundância dizer.

Lupeu Lacerda disse...

grande maurício, o ritmo é rock and roll. que bom que tenhas gostado. ludgero moral, totalmente autorizado. esse e qualquer outro. afinal de contas: "anarquia neles". zé do vale, então está determinado: que a redundância seja meu guia. um grande abraço meu camarada.