Sarney enfrenta a "maldição" do Senado
A secretaria de imprensa da presidência do Senado mudou a explicação para a omissão da compra de uma casa em Brasília avaliada em R$ 4 milhões em declarações do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), à Justiça Eleitoral. Segundo nota divulgada no fim da tarde, a assessoria informa que o erro foi cometido "por esquecimento, depois de feita a atualização patrimonial". A denúncia foi feita em reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo. Na primeira nota, divulgada mais cedo, a justificativa para a omissão era que o contador, por equívoco, teria repetido na declaração à Justiça Eleitoral apresentada em 2006 a mesma lista de bens de 1998, quando ainda não constava a compra da casa. No entanto, a lista de bens de 1998 é diferente da de 2006, quando cinco novos bens foram incluídos ao patrimônio do senador.
A secretaria de imprensa da presidência do Senado mudou a explicação para a omissão da compra de uma casa em Brasília avaliada em R$ 4 milhões em declarações do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), à Justiça Eleitoral. Segundo nota divulgada no fim da tarde, a assessoria informa que o erro foi cometido "por esquecimento, depois de feita a atualização patrimonial". A denúncia foi feita em reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo. Na primeira nota, divulgada mais cedo, a justificativa para a omissão era que o contador, por equívoco, teria repetido na declaração à Justiça Eleitoral apresentada em 2006 a mesma lista de bens de 1998, quando ainda não constava a compra da casa. No entanto, a lista de bens de 1998 é diferente da de 2006, quando cinco novos bens foram incluídos ao patrimônio do senador.
Nos últimos anos, três ex-presidentes do Congresso foram punidos com a perda do cargo ou do mandato por envolvimento em casos de corrupção, fraudes e irregularidades variadas. O senador Antônio Carlos Magalhães, que já morreu, usou sua autoridade para permitir, entre outras coisas, a violação do sigilo do painel de votações. O senador Jáder Barbalho se aproveitava das prerrogativas de presidente para obter vantagens financeiras através das quais conseguiu acumular uma vistosa fortuna. O senador Renan Calheiros, o último a deixar pela porta dos fundos a presidência, mantinha uma rede de amigos empreiteiros para todo o tipo de obra, inclusive bancar sua despesas pessoais. Há quatro meses, o senador José Sarney, o atual presidente, vaga por um labirinto de acusações que a cada dia apequenam sua biografia. Acuado, ele chegou a pensar na semana passada em comunicar a renúncia - hipótese que ainda não está descartada. Seria o quarto presidente a deixar o cargo em catorze anos.
Existe um problema envolvendo aquela imponente cadeira azul de couro, desenhada pelo arquiteto Oscar Niemayer e um dos símbolos maiores do poder da democracia e não é ergonômico. Os senadores José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho e ACM têm outras características em comum. Todos eles são oriundos de poderosas oligarquias políticas do Nordeste, acostumadas a apoiar o governo de plantão, seja ele qual for. Essa simbiose alimenta a liderança política regional e, em contrapartida, garante estabilidade ao governo no Congresso. Sarney, Renan, Jader e ACM apoiaram todos os governos desde a redemocratização, em 1985. A única exceção, mesmo assim temporária, foi o senador ACM, que tentou aproximar-se de Lula, mas foi rejeitado por divergências históricas com o PT -quando o PT, é claro, ainda tinha divergências históricas.
O presidente Sarney tenta convencer seus colegas que a avalanche de denúncias de irregularidades é um problema institucional que passa ao largo de sua responsabilidade. Não é. Nas últimas duas décadas, Sarney presidiu o Congresso três vezes e participou decisivamente da eleição de seus sucessores todos, à exceção de ACM, ex-ministro das Comunicações do governo Sarney, peemedebistas próximos a ele. A máquina administrativa do Senado, que tem incríveis 10 000 funcionários e é pontuada de casos escabrosos de irregularidades, também era conduzida por um servidor indicado por Sarney, o ex-diretor-geral Agaciel Maia.
(Fonte: Veja)
Um comentário:
O texto abaixo ainda faz parte da matéria da VEJA:
Da Líbia, onde estava em visita oficial, o presidente Lula ligou para seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e mandou que acalmasse pessoalmente o senador. Depois, telefonou para Dilma e para o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Pediu à ministra que fosse até Sarney e o convencesse a não tomar nenhuma atitude antes de sua volta do exterior. A Berzoini, ele ordenou que enquadrasse a bancada do PT no apoio ao presidente do Senado. Dilma telefonou a Sarney logo em seguida e marcou um encontro pessoal, que aconteceu na casa dele no início da tarde de quarta-feira. Ela lhe garantiu que o presidente e o governo estavam a seu lado e que uma eventual renúncia serviria apenas à oposição. Dilma ainda deu a garantia de que o PT deixaria de fazer carga pelo seu afastamento da presidência. Saiu de lá com o compromisso de Sarney de que não daria nenhum passo político antes de conversar com Lula.
Em mais uma impressionante demonstração de que controla o partido com mão de ferro, o presidente da República desautorizou o senador Aloizio Mercadante, líder do PT que adotara um discurso anti-Sarney. Passou a coordenação dos movimentos petistas no Senado a Ideli Salvatti, a cumpridora de missões do Planalto. A falta de conexão do governo e do PT com a sociedade quando o assunto é ética ficaria mais evidente após a chegada de Lula ao Brasil. Ele, que já dissera que Sarney não era uma pessoa comum e, por isso, merecia ser tratado de uma maneira diferenciada, ligou para o senador e afirmou que não lhe faltaria apoio político para ficar no cargo. Quanto à bancada petista que queria o afastamento imediato do presidente do Senado... Na noite de quarta-feira, dez senadores do partido foram à casa de Sarney lhe prestar solidariedade".
Postar um comentário