licença para pensar

Aquele homem precisa pensar
e o cigarro na mão, seu álibi perfeito
loucos é que param ao léu a pensar a esmo
mas aquele homem precisa pensar
e um copo na mão, o álibi perfeito
onde quer que sente a contemplar a vida moderna
os acessórios entre os dedos
burlam a idéia de loucura que envolve os pensadores
um cálice, um trago, os disfarces...o bar
ainda apropriado àquele homem que queria pensar
e precisa de assento, de paisagem em movimento
e um rio correndo, uma vela também é movimento
o homem não quer o silêncio,
ouve um som de violão, uma moto passando
os ruídos urbanos, seu pensamento anda léguas tiranas
entre um gole e o vão da espera de que algo aconteça ou tudo
o homem ainda paira no caminho que as pernas fizeram de casa
até a beira do rio, até sentar, seus porquês mais íntimos
normal como um corvo soturnamente sozinho
onde apenas pensar sem parecer mais um louco
seja pelos cabelos em desalinho, os trajes soltos...