Sou uma criatura trôpega,
portanto minha poesia é míope,
imperfeita, longe da estabilidade.
Tiro dela sangue, lágrima, hálito, gases.
Não me preocupo
com os ruídos,
com as imagens desfocadas,
com a truculência da rima ausente.
Minha Poesia é pagã -
um poço de crenças.
Errante
ainda caminho
levando nos olhos ciscos
e fungos no couro cabeludo.
De madrugada,
enquanto as corujas do teto me olham,
a mão doce adormece meu lado mau
e uma asinha de borboleta é refletida
na ponta da unha, já disse:
aquela que nunca cresce.
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