não dá para fazer mais nada
afastem as vitrines charmosas da oscar freire
o céu desfiado
nenhuma rua maior do que por onde passa o medo
mas todas indo e vindo
uma calçada de gelo
o sol o sol o sol o sol
nos espantamos
derrete os prédios
a taxa de juros os histogramas de macd
esfuma-se a linha de sinal
brisa na cara ventania sobre as águas frias
ontem hoje amanhã agorinha
tudo o que é nada é liquido é sólido
a porta por onde se entra com os olhos em chamas
o espelho às avessas lamenta imagens estilhaçadas
da cidade que oculta seu rosto irreconciliável com a vida
os caminhos quebrados da periferia
todas as palavras que não cabem
no areal do real apontam
o lançamento mais moderno
moderno moderno moderno
efêmero o que era eterno
"caramba caramba caramba senhores"
pedaços do coração espalhados
onde alguém que sabe tudo e mais um pouco
usa perfume pirateado e deveria dizer
"mireya tu me surpreendes
não esperava tal coisa
que bonita está a tarde..."
mas não dá para fazer mais nada
quem haverá de silenciar o que foi
cultivado em nossos ouvidos?
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