TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 11 de julho de 2010

em Brasília, 19 horas

 
A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou quarta-feira, dia 7, o projeto de lei que flexibiliza o horário de transmissão do famigerado programa "A Voz do Brasil".
Pelo texto, as emissoras comerciais poderão difundir o chatíssimo programa entre às 19h e 21h. O projeto será analisado agora pela Comissão de Educação antes de ir a plenário. Se aprovado, retorna à Câmara, pois mexeram lá em alguns itens da redação e precisam de uns retoques. Nas rádios públicas, não haverá alteração, e o maçante programa mantém o horário obrigatório.
Flexibilizar não significa muita coisa. Aliás, nada. É a mesma teoria de "liberdade vigiada", ou "você é livre para dizer o que eu penso".  Essa aberração radiofônica deve ser extinta, sumariamente. O programa é anacrônico, envelhecido, obsoleto. Não faz mais sentido em mundo de multiplicidade de mídias.
Criado em 1935, com  o nome de "Programa Nacional", tinha a finalidade de divulgar o governo no ditador Getúlio Vargas. Anos depois passou a se chamar de "A Hora do Brasil", e no governo do crudelíssimo Garrastazu Médici recebeu o nome que conhecemos hoje, com veiculação obrigatória em todas as rádios do país, por determinação do Código Brasileiro de Telecomunicações. E já foi até para o Guiness Book como o programa de rádio mais antigo do Brasil.
Recentemente fizeram uma versão "moderna" do tema musical de abertura, o clássico "O Guarani", de Carlos Gomes, com uns arranjos suingados de samba, choro, capoeira. Mas não adianta. A alma do programa é avessa, retrógada, de um bolor enfastiante. Além do absurdo do Estado tutelar o que devemos ouvir, não faz sentido um programa para divulgar notícias dos três poderes, quando  cada um deles tem estações de rádio e tv, além de páginas na internet. A "Voz do Brasil" pra mim é a mesma coisa de mandar correspondência pelo pombo-correio na era do e-mail.

4 comentários:

Unknown disse...

O programa pode ter sua chatice, mas eu acho importante.
Se deixássemos só ao interesse dos donos das rádios, aí sim não teríamos informação nenhuma dos poderes.
Isso porque os donos de meios de comunicação não exercem a liberdade de expressão, mas sim a liberdade de empresa.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Acompanho o mesmo raciocínio do Darlan. Hoje o programa é um importante instrumento para o controle social de políticas públicas numa realidade completamente diferente desta que o Nirton tão bem explica. Acontece que o Programa se atualizou, especialmente após a Constituição de 88, no sentido do seu conteúdo quando a nossa realidade passou a ter uma base muito mais intensa de políticas públicas sendo executadas por municípios.

Unknown disse...

Fora que a maioria absurda do povo brasileiro não tem acesso à Internet e também aos sinais de rádio e TV do Senado, câmara e similares.

Nirton Venancio disse...

Caros, entendo os argumentos de vocês em defesa do programa. Mas continuo considerando-o anacrônico. E é uma imposição, o que me incomoda. Como vocês devem saber, A Voz do Brasil é preso, conduzido, engessado por uma lei que não permite nem suspender sua execução no caso de anunciar alguma calamidade pública que esteja ocorrendo naquele horário. O que é uma contradição, já que o rádio continua sendo um meio de comunicação que atinge os mais distantes lugares. Não vejo modernização, atualização no perfil do programação, a não ser na versão de O Guarani, o que não faz diferença. E o que lá se noticia está 24 horas nas estações dos três poderes. É uma redundância.