Prometo então que te deixarei
tão vã quanto desconhecida
abstrata
sem nome.
Não te apartarei dos sentidos
da falta e da ausência
nem do pleno vazio.
Prometo então que te deixarei
andar com as próprias asas
e guardarei meus óculos
embaçados de gordura
e de lágrimas.
Dentro do banheiro
ao observar as formiguinhas
desesperadas com a minha voz
correndo entre cantos e fendas
levantarei os pés cauteloso
para que elas se cuidem
sob meus chinelos.
Sei o quanto é doloroso
quebrar costelas e contorcer-se
rodopiando pelo frio do piso.
Prometo então que te deixarei
oculta no meu depressivo silêncio
também nos meus particulares sussurros.
Não te forjarei outra vida
nem ousarei aflorar a sequidão
dos meus lábios.
Serás o de sempre:
névoa e pedreira
sobre ombros
colada nos cílios.
Prometo então que te deixarei
em paz, rica e perfumada
a zombar da minha angústia.
Não é bom nem vistoso
o sangue do meu nariz.
3 comentários:
domingos,só agora percebo como as formigas são recorrentes na sua poesia. freud explica !?
um abraço e ótimo retorno.
Lupin, talvez seja
porque as formigas
se deixam levar
pela ventania
sem lhes quebrar
tantas costelas.
Ou quem sabe
por longa convivência
entre mim e elas
desde a infância.
Freud não explica
embora também adore
conversar e admirar
as formiguinhas
pelo divã.
Forte abraço,
meu camarada.
sei que tem também um pintor famoso que usa muito as formigas em seus trabalhos.
acho que era o SALVADOR DALÍ porém, não posso afirmar com a plena certeza.
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