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sábado, 18 de setembro de 2010

"Propina de 200 Mil Reais era paga dentro da Casa Civil" - Revista Veja - Edição de Hoje, Sábado 18 de Setembro

"Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?"

Reportagem da revista "Veja" publicada neste sábado afirma que o ex-assessor da Casa Civil Vinícius de Oliveira Castro, apadrinhado político da ex-ministra Erenice Guerra e sócio de Israel, filho dela, recebeu R$ 200 mil em dinheiro vivo como propina advinda da compra emergencial de Tamiflu feita pelo governo em junho de 2009. Dilma diz que não sabia de atuação de filho de Erenice no governo Filho de Erenice 'nomeou' amigos para pasta de Dilma. Segundo a revista, o dinheiro era um agrado para que ele se calasse a respeito da suposta compra superdimensionada do medicamento, que custou aos cofres públicos R$ 34,7 milhões, e teria sido feita para a obtenção de uma comissão pelo negócio. A "Veja" afirma ainda que Vinícius teria se desconcertado ao se deparar com o dinheiro dentro de um envelope em sua sala na Casa Civil, a poucos metros do gabinete de Erenice.

"Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?", teria perguntado a um colega do órgão.

"É a 'PP' do Tamiflu, é a sua cota. Chegou para todo mundo", foi a resposta do colega, segundo a "Veja".

PP é a sigla usada para pagamentos oficiais do governo.

A revista diz que duas pessoas confirmaram a história, em depoimentos gravados. Uma delas, o ex-diretor de Operações dos Correios e tio de Vinícius, Marco Antonio de Oliveira. Outra, um amigo que trabalhava no governo.

A seu tio, Vinícius teria confidenciado o pagamento da propina antes que o assunto viesse à tona na imprensa.

"Foi um dinheiro para o Palácio. Lá tem muito negócio, é uma coisa. Me ofereceram 200 mil por causa do Tamiflu", teria dito a Oliveira. Além disso, de acordo com a "Veja", teria contado que outros três funcionários da Casa Civil também receberam pacotes com igual quantia de dinheiro.

Na última segunda-feira, Vinícius Castro pediu demissão da Casa Civil.

TELEFONIA

A reportagem da "Veja" afirma ter apurado outro caso de corrupção na Casa Civil, este tendo o marido de Erenice, o engenheiro José Roberto Camargo Campos, como lobista, em negócio avaliado em R$ 100 milhões de reais.

Em 2005, diz a revista, no cargo de diretor comercial de uma pequena empresa de comunicações chamada Unicel, Camargo teria convencido dois donos a disputar o mercado de telefonia móvel.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por decisão pessoal de seu então presidente, Elifas Gurgel, teria feito uma concessão para a Unicel operar telefonia celular em São Paulo. A decisão foi rejeitada por setores técnicos da agência, que contestaram a capacidade técnica e financeira da empresa de tocar o negócio. O processo teria demorado dois anos para ser julgado.

Erenice e o marido, segundo a "Veja", teriam conversado pessoalmente com Gurgel, conselheiros e técnicos da empresa, defendendo a legalidade técnica da operação.

Um conselheiro da agência disse à revista que Erenice fazia pressão sobre técnicos e conselheiros. O técnico que questionou a legalidade da operação, diz a "Veja", voltou atrás e mudou o parecer. O conselheiro Pedro Jaime Ziller também teria referendado a concessão. Logo depois, dois assessores dele teriam trocado a Anatel por cargos bem remunerados na Unicel.

O Conselho da Anatel teria, ainda, acatado o pedido da Unicel para que se reduzisse de 10% para 1% o valor da entrada da concessão de R$ 93 milhões. A decisão foi contestada pelo Ministério Público e, há duas semanas, considerada ilegal pela Justiça.

A "Veja" afirma que o marido de Erenice trabalha para convencer o governo a considerar que a concessão da Unicel é de utilidade pública para a Plano Nacional de Banda Larga para receber uma indenização. Segundo a revista, técnicos do setor calculam que, se isso desse certo, a empresa ganharia R$ 100 milhões de reais.

Procurado pela revista, Castro não quis se pronunciar.

MOTOCROSS

Outro acusação feita na reportagem é a de que Israel Guerra, filho de Erenice, teria cobrado propina de um corredor de motocross que era patrocinado pela Eletrobrás, estatal sob a influência da mãe. Do patrocínio de R$ 200 mil, o motoqueiro Luís Corsini afirma ter pagado R$ 40 mil a Israel.

Reportagem Investiugativa.
Fonte: Website da Revista VEJA de Hoje, 18 de Setembro de 2010

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