TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cala-te, Fernando – Por José Nilton Mariano Saraiva

Por conveniência, leniência ou incompetência (sem trocadilho), a mídia brasileira jamais contestou ou questionou seriamente as declarações do ex-presidente FHC, o sociólogo fajutão que não entende nada de gente, de pessoas ou do ser humano. Tido e havido como o “rei do gogó”, capaz de levar os menos avisados no “papo” ou “conversa fiada” até com certa facilidade (ele mesmo se vangloriou disso em uma dessas revistas semanais, ao comentar sobre suas palestras internacionais), referida figura sempre deitou e rolou absoluto em seus pronunciamentos à mídia tupiniquim, como se fora o dono da verdade absoluta, sem que fosse confrontado pra valer.
Eis que agora, depois de anos condenado ao ostracismo e evitado até pelos próprios companheiros de partido, que o esconderam durante a recente campanha eleitoral em razão do legado desastroso ou verdadeiro caos que foi o seu governo, FHC ainda encontrou quem se dispusesse a lhe conceder valioso espaço para verbalizar suas basbaquices e asneiras, via divulgação de uma “carta aberta ao Presidente Lula” (onde mostra profunda inveja do metalúrgico que lhe mostrou como se administra um país, independentemente de currículo acadêmico).
Foi seu erro maior.
Contemporâneo de FHC lá no Chile, quando do exílio por motivos políticos, o professor emérito da Universidade Federal Fluminense, Theotônio dos Santos, dirigiu-lhe uma assertiva e “contundente” carta aberta, onde dinamita e põe por terra, um a um, as fanfarronices por ele elencadas na carta ao presidente Lula da Silva.
Aos fatos.
1) Que o plano real acabou com a inflação: na verdade, segundo Theotônio, os dados mostram que até 1993 a economia mundial, “in totum”, vivia uma hiperinflação, a ponto de todas as economias apresentarem inflações superiores a 10%. A partir de 1994todas as economias do mundo apresentaram uma sistemática e consistente queda da inflação – ou deflação - para menos de 10% e não só o Brasil (portanto, vamos acabar com a blasfêmia que o governo Lula estaria apoiado nessa premissa para alcançar resultados positivos); na verdade, a inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o governo FHC e o real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada e não o foi; 2) Que o real era uma moeda forte: como explicar então que essa mesma moeda, que no início do governo FHC valia 0,85 do dólar, no decorrer de oito anos haja se desvalorizado quatro vezes, com a moeda americana chegando a atingir quatro reais (a verdade verdadeira, e quem entende um pouco de economia sabe disso, é que, de maneira irresponsável e suicida, por questões eleitoreiras o “real” foi mantido artificialmente com um alto valor, levando-nos à crise mundial de 1999); 3) Sobre o rigor fiscal: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal ??? Nem aqui, nem na China; 4) Quanto à evasão de divisas: em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS e teve que se ajoelhar ante o FMI, Banco Mundial e BID, a fim de arranjar “money” pra saldar seus mais urgentes compromissos (só pra ilustrar, hoje nossa reserva monetária atinge 270 bilhões de dólares; 5) Mídia subserviente: por mais que tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo (que o diga o Serra na atual campanha, que mesmo contando com o apoio de boa parte da mídia, falta-lhe o essencial: apoio popular).
Alfim, a conclusão fulminante do professor Theotonio é antológica: “Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil, teórica e politicamente, de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população”.
Xeque-mate. Ou que mais ???
Portanto: cala-te, Fernando !!!

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