O século XX, os historiadores sabem, foi o século das ideologias. Assim como o XVIII foi das revoluções. Usando nova moda de linguagem aqui no Rio: “o quê acontece?...” Então o quê acontece? Quem pergunta responde: foi um modo de resolver atrasos relativos de desenvolvimento social e econômico. Aparentemente opondo capitalismo e socialismo, mas a rigor era uma dependência do mercado mundial de comércio. Ou seja, eram partes de um todo.
Os grandes movimentos ideológicos foram superados. Quando se diz a frase, “O Muro de Berlim Caiu”, o fim da União Soviética, na verdade se quer dizer caíram as ideologias como condutoras da humanidade. E sem vencedores. A sobrevivência de um neoliberalismo ligado à expansão do capitalismo financeiro globalizado ainda é o fim das ideologias. Não da história.
Como as marcas do tempo no pensamento humano, especialmente na sua semântica, permanecem por longos tempos, ainda ouvimos muitos termos que relembram aquele passado. Particularmente objeto do pensamento conservador aqui nas Américas. Parece que a Guerra Fria continua com suas categorias. Quando um sistema de saúde público para alguns americanos significa um “monstro socialista”.
Interessante dizer que vivemos com algumas relevâncias da velha geopolítica. Vide Nelson Jobim marcando o território do Atlântico Sul na sua palestra em Portugal. Há quinze dias o ex-dirigente russo Mikhail Gorbachev relevou à BBC que Margareth Thatcher e Mitterrand pediram para ele fazer um ataque militar à Alemanha Oriental para evitar a reunificação.
Aquelas sofisticadas ideologias do século XX, que metodologicamente produziu um conhecimento vasto em várias áreas das preocupações humanas não foram simplesmente esquecidos. Os conhecimentos não desaparecem com o fim da importância política das ideologias. Explicarão o futuro do mesmo modo que servia quando elaborada. O pensamento socialista e o liberal de mercado continuam produzindo conhecimento o tempo todo.
A questão agora é que a contradições estão noutro patamar, inclusive a depender dos países e continentes. Uma questão bem diferente da luta do passado entre socialismo e liberal de mercado é a luta política atual, que parece muito mais estratégica: qual a forma mais racional de produzir melhores efeitos com o sistema de produção, circulação e consumo das mercadorias? É pelo Estado ou pela livre fruição dos mercados livres a disputarem espaço comercial?
Efetivamente são estas as questões do momento. Não há destaque no pensamento doutros sistemas de propriedade da produção, noutro modo de organizar o acesso a bens e materiais essenciais à vida. Esclareço: claro que continuam imaginando, quero dizer que não é esta a luta principal agora. Poderá ser no futuro? Sem dúvida alguma a depender, inclusive das crises atuais do sistema financeiro dos países mais desenvolvidos.
Um último parágrafo a este texto já longo. Todos recordam a série de televisão e filmes chamados Jornada nas Estrelas. Que se passava essencialmente no micro-cosmo de uma nave espacial indo até onde ninguém jamais fora. Examinem a visão de futuro daquela geração dos anos 60 nos EUA e do seu pensador principal nos roteiros: Gene Roddenberry. Era uma sociedade racional, com formação militar hierarquizada (claro era uma nave), planejada, estratégica, que representava uma federação, voltada para a ética, os direitos humanos, a liberdade cultural e o bem estar das pessoas. Tudo isso num estado de produção com todos dedicados a grandes missões no espaço e no futuro.
Os grandes movimentos ideológicos foram superados. Quando se diz a frase, “O Muro de Berlim Caiu”, o fim da União Soviética, na verdade se quer dizer caíram as ideologias como condutoras da humanidade. E sem vencedores. A sobrevivência de um neoliberalismo ligado à expansão do capitalismo financeiro globalizado ainda é o fim das ideologias. Não da história.
Como as marcas do tempo no pensamento humano, especialmente na sua semântica, permanecem por longos tempos, ainda ouvimos muitos termos que relembram aquele passado. Particularmente objeto do pensamento conservador aqui nas Américas. Parece que a Guerra Fria continua com suas categorias. Quando um sistema de saúde público para alguns americanos significa um “monstro socialista”.
Interessante dizer que vivemos com algumas relevâncias da velha geopolítica. Vide Nelson Jobim marcando o território do Atlântico Sul na sua palestra em Portugal. Há quinze dias o ex-dirigente russo Mikhail Gorbachev relevou à BBC que Margareth Thatcher e Mitterrand pediram para ele fazer um ataque militar à Alemanha Oriental para evitar a reunificação.
Aquelas sofisticadas ideologias do século XX, que metodologicamente produziu um conhecimento vasto em várias áreas das preocupações humanas não foram simplesmente esquecidos. Os conhecimentos não desaparecem com o fim da importância política das ideologias. Explicarão o futuro do mesmo modo que servia quando elaborada. O pensamento socialista e o liberal de mercado continuam produzindo conhecimento o tempo todo.
A questão agora é que a contradições estão noutro patamar, inclusive a depender dos países e continentes. Uma questão bem diferente da luta do passado entre socialismo e liberal de mercado é a luta política atual, que parece muito mais estratégica: qual a forma mais racional de produzir melhores efeitos com o sistema de produção, circulação e consumo das mercadorias? É pelo Estado ou pela livre fruição dos mercados livres a disputarem espaço comercial?
Efetivamente são estas as questões do momento. Não há destaque no pensamento doutros sistemas de propriedade da produção, noutro modo de organizar o acesso a bens e materiais essenciais à vida. Esclareço: claro que continuam imaginando, quero dizer que não é esta a luta principal agora. Poderá ser no futuro? Sem dúvida alguma a depender, inclusive das crises atuais do sistema financeiro dos países mais desenvolvidos.
Um último parágrafo a este texto já longo. Todos recordam a série de televisão e filmes chamados Jornada nas Estrelas. Que se passava essencialmente no micro-cosmo de uma nave espacial indo até onde ninguém jamais fora. Examinem a visão de futuro daquela geração dos anos 60 nos EUA e do seu pensador principal nos roteiros: Gene Roddenberry. Era uma sociedade racional, com formação militar hierarquizada (claro era uma nave), planejada, estratégica, que representava uma federação, voltada para a ética, os direitos humanos, a liberdade cultural e o bem estar das pessoas. Tudo isso num estado de produção com todos dedicados a grandes missões no espaço e no futuro.
2 comentários:
José do Vale, uma questão que permanece é a desigualdade social. Que provoca a luta de classes em todos os seus aspectos - culturais, sociais, ideológicos, econômicos. Basta olhar para um trabalhador do comércio, um operário da construção civil, um bancário ou um metalúrgico.
Ali, no dia a dia, manifestam-se as contradições de classe, a exploração brutal, travestida de oportunidade de emprego ofertada pelo "mercado".
Essa contradição impulsionará ainda por muito tempo, novas lutas, avanços e retrocessos.
Estamos de acordo Darlan. No texto apenas remeto a discussão das lutas do século XX, sob um manto ideológico, cuja essência era o que Lenin dizia: implantar o socialismo na Rússia é igual à eletrificação. Isso em que pese a defesa de uma política pública, revela, por outro lado, como se buscava o avanço relativo da Rússia em relação aos países que tinham feito a revolução industrial e capitalista antes. Se buscarmos todas as lutas pelo fim do colonialismo, pela libertação da China, Índia, do Apartheid na África do Sul o denominador comum era o desenvolvimento de novas forças produtivas. Isso não cessou, pois não é o fim da história, apenas de um modo de luta que agora passará para outro patamar. Sem dúvida que a discussão maio ou menos Estado é tábula rasa da realidade, mas é a que está vigindo em muitos debates e lutas políticas.
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