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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dom Corleone: o verdadeiro Ethos dos EUA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando vou ao Crato e não encontro ninguém à noite, suponho que estejam em casa na internet ou vendo televisão. Por isso mesmo suponho que um ou outro terá nova oportunidade de assistir ao Poderoso Chefão de I a III. Estão num destes Telecines da vida.

E aí cá deste canto estou a me perguntar o que acham da ética daquela máfia? O lógico é que a morte para tomar o negócio do outro e a cartelização do comércio seja algo abominável ao bom cidadão.

Então me pergunto: alguém efetivamente sabe diferenciar aqueles mecanismos do mundo normal dos negócios? Sempre a concentração, a exclusão do outro e o domínio absoluto das mercadorias e fregueses.

Tanto na máfia quanto na livre concorrência o inato de ambos é o mesmo: o domínio das riquezas do comércio. Por isso mesmo esta natureza transposta para a política de Estado se torna o Ethos de um povo.

Os norte-americanos, tanto por historicamente pretenderem herdar o império britânico, quanto por irem ao extremo da experiência acima citada, têm no seu Ethos o domínio e o controle do território nacional alheio. Agora mesmo isso ocorre no México.

Mas o princípio é completo: visam o lucro em amplo sentido. Ganham em tudo que fazem na chamada “Guerra contra as Drogas”. Enquanto ao México restam milhares de mortos, uma situação de militarização generalizada que pode desencadear golpes militares e o esvaziamento produtivo nacional. Aos EUA tudo ao nosso reino.

Aliás, o NAFTA rebentou o México. A tal zona de livre comércio que tentaram impor a toda América Latina, era uma arapuca que disparou. Criaram milhares de empresas maquiadoras de produtos perto da fronteira com os EUA. Não agüentaram a “livre concorrência” dos asiáticos.

Por exemplo, entre as vizinhas El Paso nos EUA e Ciudad Juarez no México, a face negra do domínio americano se mostra. Ciudad Juarez perdeu perto de 100 mil empregos, até o prefeito da cidade mora em El Paso devido à violência.

Os EUA são tão ferozes neste “destino manifesto” que agora vendem milhões de dólares em armas, pagam consultores, invadem o território mexicano e alguns milhares de agentes americanos estão no território vizinho em perseguição aos mexicanos, especialmente pobres das periferias urbanas.

Além disso, os americanos ganham bilhões de dólares para lavar o dinheiro da venda das drogas. Em outras palavras, os bancos norte-americanos estão levando de volta para si o lucro que os mexicanos tiravam com os viciados ricos do “american way of life”.

Segundo algumas estimativas a aliança entre os cartéis de droga (inclusive da América do Sul) e a banca norte-americana é superior a qualquer outra atividade do sistema da banca privada americana. Tal correlação escancara o Ethos americano.

Não tem guerra contra as drogas coisa alguma. É simplesmente o domínio desta “dinheirama” gerada pelo consumo de drogas. O governo americano funciona apenas como o Capo de proteção dos seus bancos. Não é diferente dos matadores de Dom Corleone.

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