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terça-feira, 1 de novembro de 2011

As oposições e o câncer na Laringe do ex-presidente Lula - José do Vale Pinheiro Feitosa

O câncer na laringe do ex-presidente Lula, como todo tumor maligno, tem capacidade de destruir as estruturas na qual se inicia e de se espalhar para outros órgãos onde os atingirá. O princípio geral de todo tratamento do câncer é destruir ou retirar as células cancerosas para que elas não causem os problemas citados. Por isso o presidente Lula fará quimioterapia que é a destruição das células cancerígenas para que não continuem causando problemas na sua laringe e nem se espalhe para outras regiões do seu corpo.

O câncer de laringe é o mais comum dos tumores malignos que atinge a região da cabeça e do pescoço e são tão comuns que chegam a representar 2% de todos os tipos de cânceres. Existe uma quantidade imensa de grupos, tipos e sub-tipos de cânceres, sem contar o estágio em que já se encontra a definir uma rota de sobrevivida ou cura.

O presidente Lula tem um tipo câncer em estágio inicial com muitas chances de cura definitiva. Mas o câncer de laringe nele é muito mais do que simplesmente uma doença atingindo uma pessoa. Nele o câncer é politizado, vai além de apenas sinais, sintomas, diagnóstico, tratamento e recuperação.

O câncer nele é no aparelho fonador, aquele que efetivamente articula a voz. E a voz é o instrumento, o veículo principal do pensamento do político. A sua voz é quem empresta emoção, quem realça fatos e diminui factóides. Desde sua liderança no movimento operário que sua voz move o espírito e a consciência da luta dos trabalhadores, especialmente em São Paulo. A sua voz foi central na formação de um dos maiores partidos das Américas e no exercício político no governo do Brasil.

Em Lula até mais do que em pessoas como Fernando Henrique, em comparação tomando um exemplo recente. Lula, como Brizola e outros grandes líderes nacionais vieram da cultura oral, daquela forma básica que é a voz. A voz em que a maioria dos brasileiros se comunica e transmite idéias. A voz em Lula é até muito mais que um instrumento de comunicação. Em Lula a voz é poder político de um momento histórico do povo brasileiro.

Por isso os seus adversários ficam tão excitados, rodeando o assunto sem quererem se expor em baixarias, sempre querendo saber por quanto tempo e se pode ser definitivo que esta voz se cale. Outro efeito do tratamento do câncer de Lula é a contradição que os adversários exploram pelo fato dele não fazer o tratamento num hospital público.

Desta exploração entre o público e o privado residem dois efeitos a colar na mente das pessoas: Lula é elitista e só quer as coisas boas da elite branca de São Paulo e por outro lado os hospitais públicos são muito ruins, por isso ele não se atreve a ir a um hospital público fazer o seu tratamento.

A oposição realmente está usando uma contradição política, mas sob bases mentirosas. É uma forma inteligente e precisaria outra inteligência para derrubar esta bobagem toda. Os hospitais de câncer públicos são mais consistentes que os privados e existe uma simbiose imensa entre os dois setores, especialmente pelo duplo emprego dos médicos e profissionais de saúde numa e noutra ponta. Eles são mais consistentes por que têm mais volume de atendimento, fazem pesquisa, têm estatísticas de protocolos de tratamento e são os principais centros de formação de profissionais de cirurgia e clínica oncológica no país. Fora disso só quem vai financiado pelo governo ou aqueles privilegiados que vão fazer formação no exterior com o objetivo de ganhar rios de dinheiro com a exploração comercial da doença.

Mas aí vem um sério problema do atual Ministério da Saúde. Nunca vi tanta inércia diante de uma manipulação da opinião pública como esta exercida pela oposição, especialmente na internet. Será que ninguém veio a público para colocar os pingos nos ii? Eu pelo menos não li nenhuma manifestação dos Conselhos e Sindicatos dos profissionais de saúde rebatendo este besteirol que vai colar como uma verdade.

Sob o elitismo de Lula isso decorre de fato de outro fenômeno pessoal e político. Lula tem um médico particular que circula na elite médica de São Paulo que vive do grande negócio de milhões de dólares entre o Sírio Libanês, o Alberto Sabin, a Beneficencia e assim por diante. O fenômeno político decorre primariamente da dicotomia criada no país entre o setor público e a saúde suplementar. A saúde suplementar, dos planos de saúde, passou a ser a grande fonte de financiamento de hospitais poderosos e tem muito prestígio no operariado especialmente paulista da origem de Lula. Muitos acordos sindicais, de natureza salarial se fazem com a concessão de planos de saúde coletivo. Poucos brasileiros sabem que os planos de saúde são fundos mutuais e que os principais financiadores são: os operários em seus acordos com patrões e o governo federal com a renúncia fiscal.

Outro dado da exploração política do câncer de Lula foi o oportunismo de demonstrar que Lula tem este câncer por que fuma muito e bebe bebida alcoólica em excesso. Novamente a idéia é uma manipulação por que se você pretende apontar a questão de indivíduo não pode interpretar isso desta maneira. O fato de beber e fumar são fatores de risco, extraído de estudos gerais da população e apontam uma probabilidade comparativa com grupos que não fumam e nem bebem. Não é uma causa específica, até por que o câncer foi o primeiro problema de saúde pública a derrubar os conceitos da das doenças infecciosas quando se tinha a idéia que uma doença como a tuberculose tinha como causa única o bacilo da tuberculose.

O câncer de laringe, como a maioria dos cânceres, tem múltiplas causas e nunca se sabe como elas contribuem especificamente. Então o que se deseja, mais uma vez, é usando uma evidência probabilística jogar para o público que Lula está pagando os seus pecados. Mas câncer nenhum é um pecado. Pode ser uma precaução, uma prevenção primária ou secundária, mas não um sentimento moral que evidentemente falta em quem faz tentativas de tirar tais ilações sobre a doença do ex-presidente da república.

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