Lendo a “força das palavras” de Sérgio de Luiz Balsito, do Sinal Nacional, para Almina Arraes em que destaca “a lucidez e objetividade da autora no desenvolvimento da obra foram pontos de destaques nos comentário recebidos”, vem à memória o recente episódio das “palavras da força”. Todos nós ficamos confortáveis, pois somos capazes de distinguir uma da outra.
Uma vez que a força das palavras de pessoas como Almina Arraes fazem parte dos mistérios da eternidade enquanto tudo é aparentemente finito, a palavra da força é a desgraça do finito fantasiado da eternidade se desmanchando em pó. Enquanto a força da palavra vai além do combustível para mover a máquina do sucesso e deste modo tornando o sucesso um resto no principal que é a conquista de si mesmo como humano, a palavra da força não resiste nem às imagens que capturam os eventos.
A palavra da força edita o outro para garantir a força. Por isso acusa mentira nos outros quando mente. Ameaça a integridade alheia para esconder o próprio ardil. A palavra da força tem horror ao futuro e esconde o passado para manter um eterno hoje. A palavra da força não pode imaginar o futuro em que ela não esteja e nem reexaminar as imagens do vídeo do passado onde a farsa de agora se desfaz.
A palavra da força treme diante da responsabilidade de suas próprias palavras. As palavras da força mudam de cor, dançam de um lado para outro, num rodopio exuberante igual raios laser. E se os raios laser não cegarem a assistência, ao menos esconderão o palco das palavras que pedem interdição, os gestos que dizem loucura, as cenas de subterfúgios para não aparecerem as garras ferinas da palavra da força.
As forças da palavra de Almina Arraes não são para brandir o estatuto do idoso e nem criar um status bolorento de uma idade se encaixando no arranjo geral de uma sociedade solidária assaltada por egoístas conquistando a pepita de ouro a qualquer custo. Pelo contrário, as palavras de Almina têm força por que são includentes. Poder expressar sua arte de pintora. Ser parte do conclave de idéias ainda incipiente na internet e não temer as barreiras tecnológicas.
A força da palavra de Almina é por que é revolucionária, pela mulher e por todos aqueles que o capitalismo deseja interditar numa espécie de parque infantil com babás de meia idade dizendo o que devem fazer. Algum idiota que não consegue enxergar além da ponta do nariz irá argumentar com a senilidade, como se ao assumir a palavra da força não estivesse expressando a própria decadência.
Almina Arraes faça minha a força das palavras de Sérgio de Luiz Balsito, mas gostaria de fazer uma confissão: eu sou mais invejoso do que imaginava ser. Por que o Sérgio se antecipou antes de mim a explicar tão bem o seu papel revolucionário de um segmento ativo da nossa sociedade?
Acabei de ler uma história que lembra este contraste entre a força das palavras e as palavras da força. O jornalista Uruguaio Rodolgo Porey estava encapuzado ao lado de um estudante e ambos sendo supliciados por torturadores. Foi quando ouviu do estudante a frase: Me cago em dios (cago em Deus). De repente o chefe dos torturadores gritou de lá: Respete las ideas ajenas, mocito! (respeite as idéias alheias, mocinho!). E eles sendo torturados exatamente por terem idéias diferentes dos torturadores que o supliciavam por isso.
Almina Arraes está jogando um segmento esquecido da sociedade no debate da rede mundial e isso me orgulha muito enquanto cratense. Revolução é isso e os reacionários de sempre sonham em interditar. Mas se me orgulho de Almina mais ainda me orgulha o povo da minha terra que tão perto se aproxima em solidariedade a Almina.
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