No princípio, oito anos atrás (2003), foi aquele diagnóstico pra lá de contundente e capaz de nocautear qualquer um: câncer de próstata, em fase embrionária. E aí, por intermináveis e sofridos dois meses (excluindo-se os finais de semana), sessões diárias de radioterapia (37), que, ao que tudo indica, surtiram o efeito desejado; o “bombardeio” teoricamente foi suficiente pra aniquilar o inimigo (pelo menos as medições trimestrais do PSA indicam isso, embora sempre paire a sombra da suspeita de uma recidiva).
Num segundo momento, cinco anos após (2008), o falecimento da matriarca da família, por todos admirada, já que de uma dedicação extremada a todos os filhos vivos (10) e ao marido, sábia conselheira de todas as horas e fator de equilíbrio e ponderação no dia-a-dia de todos nós, mesmo os não residentes no Crato, como o signatário. Uma dor profunda e inenarrável, que só quem tem a oportunidade de experimentar pode avaliar.
Agora, a desagradável surpresa: após 26 anos de convivência, dois filhos (gêmeos de 22 anos e concluindo o curso superior), a velha companheira de guerra resolve que não dá mais, que trilhará novos caminhos, que a relação não tem mais condição de prosseguir, se acha esvaziada.
E lá vamos nós, que até então morávamos em apartamento próprio (quitado) no agradável Bairro de Fátima, aqui em Fortaleza, à procura de “alugar” um espaço qualquer, a literalmente “montar” um canto novo onde possamos nos abrigar da chuva e sol. E tem sido extremamente difícil, já que a nossa combalida remuneração não permite maiores vôos (além de que, o senso de responsabilidade nos impõe que na atual moradia ficarão os filhos e a mãe, até que consigamos arquitetar uma partilha que não prejudique ninguém).
No mais - e principalmente – não há como deixar de reconhecer que a parte psíquica foi seriamente avariada, já que nos sentimos um tanto quanto deslocados, sem a inspiração devida pra redigir um simplório memorando e nem sequer conseguir concentrar-se naquilo que aprendemos a gostar: a leitura (atenção Zé Flávio e Zé do Vale: “depressão” à vista ???).
Tem sido um “difícil recomeço”...
3 comentários:
Zé Nilton nos apresenta três momentos dolorosos do mover-se da vida. São aqueles momentos que se assemelham pelo grau de abatimento que nos causam. Mas são movimentos também. Como outros movimentos com diferentes significados afetivos. Mas é claro que a vida, embora qualificada em seus termos, continua sendo o viver. E viver é o pulsar neste ambiente que precisa ser realizado como nosso, contra nós ou afinal uma fusão entre nós e ele. A vantagem no momento atual é que poderemos sempre contar com apoio técnico inclusive se achamos que algo vai além do sofrimento que já por si é muito forte. Portanto, Zé Nilton, ponha o barco para navegar siga sua intuição.
Caro Nilton,
Já diziam os ascendentes que "prá frente é que as malas batem". a batedeira, amigo, mais cedo ou mais tarde é inevitável. Claro que carregamos conosco todos aquela ideia de imortalidade, mas os sutos pouco a pouco se vão tornando mais frequentes. A garnde questão é aquela de enfrentar o inimigo mais próximo ( o da vez) e seguir em frente.Claro que poderemos precisar da ajuda dos universitários e de um espinafrezinho do Popeye e aí é ter a consciência de que serão armas que iremos somar contra o inimigo atual. Vamos adiante, amigo! Força!
Desculpe-me não pude deixar de ler o seu desabafo meio que intalado ainda, mesmo que não dirigido a mim, mas exposto aos meus olhos, só posso te dizer neste momento, forças querido amigo... Embora isto não te alivie, estarei rezando por ti.
Umgrande abraço! E perdão pela ousadia.
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