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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

"Meu Olho de Vidro", de Jackson Bantim

  • Jackson Batim, o Bola, fez uma apanhado de décadas e chama a atenção da sociedade para uma reflexão para a preservação de suas tradições culturais e, sobretudo, os bens naturais que ainda se mantém em reservas naturais
Reportagem de ELIZÂNGELA SANTOS
"Bola", mestre da luz e da imagem, apresenta acervo de duas décadas de fotografias raras e belas da Região Sul

Juazeiro do Norte. Um passeio iconográfico e reflexivo do cineasta e fotógrafo Jackson Bantim, o "Bola". Por mais de duas décadas, mostra, além de imagens raras e belas da região do Cariri, a preocupação com a preservação da cultura e a natureza. São mais de quatro décadas de trabalho, que ele resolveu reunir no catálogo de imagens "Meu Olho de Vidro", que está sendo lançado na região.

A seleção foi minuciosa diante dos milhares de registros durante todos esses anos. "Um olhar emocionado das paisagens, paragens e personagens do mundo que vivi", diz Bola. Jackson Bantim faz parte do Grupo de Pesquisa em Cultura Visual, Espaço, Memória e Ensino (Imago), da Universidade Regional do Cariri (Urca).

Junto com a equipe e pesquisadores da instituição, tem feito um trabalho voltado para o registro de importantes documentários, a exemplo do mais recente lançado "Formação Romualdo - Um Milagre Paleontológi-co". O filme trata da riqueza e importância dos fósseis da Chapada do Araripe, já traduzido em vários idiomas e exposto em diversos países, principalmente os que hoje estão inseridos na rede mundial de Geoparks do planeta.

A cultura popular é outro tema explorado pelo cineasta em seu trabalho e grades nomes do Cariri da poesia, a exemplo de Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, no qual é admirador do seu trabalho.

Acervo

Bantim possui um grande acervo de imagens com o poeta. Além dele, o mestre da xilogravura Valderêdo Gonçalves, e outro mestre e incentivador dos grupos de cultura da região, mestre Elói Teles. "Foi uma forma de expressar a amizade e o trabalho junto a esses grandes artistas e amigos", diz ele.

Para o fotógrafo, esse é um documento que expõe a beleza exótica da Chapada do Araripe, com uma vegetação que insere desde o serrado à caatinga. Seu material chegou a ilustrar capas de vários livros, discos, e até material didáticos em escolas públicas, além de revistas e jornais. Ele recorda as belas imagens que fez na Cascata, em Crato, fonte que jorrava água em todas as fases do ano. Agora, apenas no período de chuvas.

"Ao olharmos essas imagens, não tem como não se lançar a uma reflexão do quanto o homem vem degradando a natureza e essa beleza tem que ser mantida em nome da vida", avalia. Também podem ser vistos em seu trabalho flagrantes de rara beleza, de quem se embrenha na Floresta Nacional do Araripe (Flona), para captar imagens raras, a exemplo do pássaro ainda em risco de extinção, o soldadinho-do-araripe, ou até mesmo de um pequi no galho em forma de coração. Ou até mesmo perceber a beleza de uma flor de jitirana brotando de dentro de uma sucata de veículo.

"Esse álbum não é apenas uma coisa bonita de se ver, mas tem suas advertências", alerta. O trabalho de Bantim foi dedicado ao seu avô, Luiz Gonzaga de Oliveira, o Gonzaguinha, que inaugurou uma fase importante da fotografia no interior do Estado, em longas andanças.

Talento

Muito cedo, o seu avô demonstrou talento para captar o cotidiano da cidade do Crato, em sua máquina Kodak Full Screen. Ele foi o primeiro fotógrafo profissional do Cariri, com uma atuação desde 1885 a 1930. Seguindo os passos do avô, agora reúne importantes fatos, acontecimentos e figuras naturais para dar apresentar um registro histórico.

A inspiração do trabalho pioneiro do avô tem-lhe valido um crescente desenvolvimento da arte de captar a realidade pela e a imagem. Conforme conta, é um importante legado.

Algumas de suas fotografias podem ser encontradas no Museu Histórico do Crato, outras são guardadas como relíquias pela família, a exemplo de imagens do Cassino Sul-Americano, Seminário São José e Praça Juarez Távora, reserva e memória da cidade do Crato.

Como não deveria deixar de ser, Jackson Bantim dá segmento a esse trabalho, com o toque de admiração artística e grande amor pela região.

Acervo
2 décadas de fotografias importantes de elementos regionais estão agora registradas em um catálogo que se configura como documento histórico

Mais informações:
Contato com Jackson Bantim
Rua Pedro Bantim, 33
Crato - CE
Telefone (88) 9212.2147


Fonte: Diário do Nordeste - Online

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