Os desejos por uma realidade podem se tornar numa pintura
assinada, em que traços e cores jamais poderão ser modificados. Estas pinturas
ficam nas paredes, imutáveis, realizando aquele momento capturado pelo artista.
Podem perder as cores e os traços se confundirem, acrescentando novos valores
pictóricos, mas estes valores serão sempre aqueles do tempo em curso, jamais a
face do momento.
Assim, imagino, vêm o mundo alguns leitores e assistentes da
nossa grande mídia centrada no eixo Rio-São Paulo, pertencente às quatro
grandes famílias. Especialmente a fidelidade canina dos leitores da revista
Veja que a tinham em conta como único instrumento de luta ideológica. Contra o
comunismo, o ateísmo, a degradação dos costumes familiares, o petismo corrupto,
o imbecil do Lula e outras bandeiras mais. Além de venderem produtos milagrosos
e panaceias de modo em geral.
Agora o tempo mostra os métodos desta mídia, especialmente da
Veja. Atolada até os joelhos na matéria fecal do mais puro banditismo numa
simbiose perfeita: fonte de combate aos inimigos de ambos. Portanto no cerne do
denuncismo para vender edições e aumentar audiência numa mistura entre fonte e
matéria publicada em que os negócios escusos se confundem até não mais desbotar
com o tempo: o quadro permanece imutável.
A Argentina faz reestatização de sua empresa petrolífera,
para melhor coordenar sua política energética e a mídia nacional brasileira
joga sujo. Faz gracinha com a barba de um assessor econômico do governo
argentino, uma deslumbrada do Bom Dia Brasil num arroubo de puxa-saquismo chegou
a vadiar que a Argentina poderia estatizar o Messi, isso para fazer ponte com a
atual decisão do Barcelona no campeonato europeu. E assim foi. Ninguém deu palavras
aos interesses do povo argentino.
E aí Marine Le Pen, da extrema-direita francesa surpreende
com 20% dos votos nas eleições. A velha direita neoliberal entendeu o recado? O
discurso por uma ordem estatizada, radicalizada, totalitária e antidemocrática
é a resposta de quem não tem emprego, futuro e nem proteção social. Vão culpar
os muçulmanos no bolo, vão criar as simbologias tão bem usadas no fascismo
europeu dos anos 30 do século XX e este nhém nhém nhém a serviço do sistema
financeiro não cessa.
Assim como aquela figura patética do Rei de Espanha, que não
serve para nada em termos políticos e nem social, menos ainda econômico. Não
atrai nada para a combalida economia espanhola, mas, no entanto, vai para a
África. Matar elefantes! Em Botswana que constrói sua balança comercial com o
turismo e com a caça a animais silvestres. O Rei da Espanha obrou tão fétido e
degenerado como as descargas intestinais da história de uma era decadente. Ou
melhor: a fratura no quadril da moral monárquica.
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