TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PT E PSDB: atores secundários no enredo da MÍDIA - José do Vale Pinheiro Feitosa


Esse episódio das declarações de Marcos Valério publicadas pelo Jornal Estado de São Paulo tem o dom de exultar os adversários de Lula em diversos tons, desde o riso de canto de boca de quem sempre soube do fato até o ladrar endoidecido de cães hidrófobos. Quem cria o fato político: a mídia não apenas do Estadão, mas o martelar ecoado por todo o pavilhão dos meios à disposição das grandes Corporações. Os políticos de oposição, até por um dever de ofício, vão às instituições em busca do efeito no embate que necessitam.

A Presidenta Dilma Roussef, de viagem oficial na França, é a voz quase única no dia da publicação em defesa de Lula com a seguinte frase: “Repudio todas as tentativas – essa não seria primeira vez – de tentar destitui-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem. Respeito porque o presidente Lula foi o presidente que desenvolveu o país e que é responsável pela distribuição de renda mais expressiva dos últimos anos, pelo que ele fez internacionalmente, pela sua extrema amizade pela África, pelo seu olhar e pelo estabelecimento de relações iguais com países desenvolvidos. Considero Lamentável essa tentativa de desgastar a imagem do presidente.”

No mesmo dia o PT soltou uma nota, mas no dia seguinte políticos aliados, membros do governo e políticos do PT deram resposta à matéria do Estadão. Nessa altura a história nacional tomava a memória de muita gente: vivia-se um ensaio de um clima de radicalização política muito parecido com o verificado durante o Suicídio de Vargas e com o Golpe Militar que destituiu João Goulart. Especialmente setores da esquerda, com idade vivida no episódio Jango, manifestaram o paralelo das situações.

No terceiro dia o eco de mídia se mantinha quando ações reativas no campo da situação política começaram a surgir. Destacou-se um requerimento convidando Fernando Henrique Cardoso a prestar informações sobre a lista de Furnas. O sinal de radicalização é evidente e com capacidade de provocar a oposição mesmo que as mídias das grandes empresas não repercutam a informação.

Mas o espetáculo do julgamento do Mensalão já era mesmo quase a repetição da República do Galeão, sem militares e sem um gênio histriônico como Carlos Lacerda. Outros tempos, o espetáculo era da mídia, com atores vestidos de toga a voluntária ou involuntariamente servir ao exercício da radicalização. Como vemos tudo é política, não se fala de outra coisa, apenas política.

Hoje o Senador Aloisio Nunes do PSDB de São Paulo veio em defesa de Fernando Henrique Cardoso. Não jogou “m” no ventilador, fez a defesa política da principal liderança do seu Partido. Assim como os políticos que se manifestaram em defesa de Lula. A defesa feita pelo Senador Aloisio é tão política que é igual à defesa da Presidenta Dilma apenas com diferenças de palavras: “Não poderia deixar de expressar minha indignação contra o uso de um instrumento para promover uma guerra suja e sem quartel contra um ex-presidente da República a quem o Brasil deve tanto.”   

A radicalização política surge nas grandes empresas de mídia que representam interesses “in extremis” quando é impossível conter o quadro de transformação pelo qual o país passa desde o fim da ditadura militar. Quando se chegou ao fim do ciclo deprimido da nação e novos ventos começaram a refrescar a opressão subjacente ao regime autoritário. Os políticos e, especialmente, o PT e o PSDB estão perdendo a iniciativa política para empresários provocadores. A política a reboque de um papel que tais empresários usurparam como se iniciativa fosse o que não passa de tampão para que a brisa não circule.

Espero que o projeto de nação se sobreponha ao fel de provocações radicais.   

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