Os cabelos brancos que
vendem.
A americana Cindy
Joseph de 60 anos é uma requisitada modelo para campanhas publicitárias no seu
país. Seus cabelos não pintados, completamente brancos, vendem a imagem para o
país que envelheceu demograficamente. Esta é a explicação mais importante?
Não. O fenômeno é a
crise americana. Os mais jovens não têm oportunidade e os mais velhos que ainda
gozam de alguma grana da poupança feita ao longo da vida são os
consumidores com grana no bolso. Então o público alvo com dinheiro se compõe dos
mais idosos e tome cabelos brancos nas campanhas para vender bugigangas ao ócio
de aposentados.
O que parece ter base na realidade nem sempre
é a principal explicação.
Por exemplo, que o sal
é um importante fator para o aumento da pressão arterial. Por isso a população
afrodescendente no Brasil teria maior tendência à hipertensão pela sujeição,
geração após geração, a uma dieta rica é sódio através das carnes salgadas.
Mas a questão é outra.
Na travessia entre a África e as Américas a desidratação e a fome matavam por
vezes mais da metade dos prisioneiros que seriam vendidos nos mercados de
escravos. Eram muitos jovens os prisioneiros e não suportavam as condições do
transporte de dias através do Atlântico. Quem sobrevivia mais? Quem eram os
mais resistentes?
Os jovens que eram
naturalmente mais poupadores de sódio. Estes conseguiam reter mais sódio e mais
líquidos e resistir à morte. Esta seleção tem enorme peso para explicar a razão
de ao serem submetidos a dietas altas em sódio com as carnes salgadas de terem
maior tendência hipertensiva: eles não necessitam tanto sódio. São poupadores
de sódio.
São mais probos aqueles
que correm as ruas a denunciarem a corrupção? São mais democratas aqueles que
levam seu tempo a condenar os regimes socialistas? São mais religiosos aqueles
ferozes guardiãs dos poderes hierárquicos do templo? O capitalismo livre e
solto, sem concorrente ideológico, mostrou-se o mais elevado padrão político do
progresso humano?
O farisaísmo é a
fantasia preferida neste vasto baile de mascarados. O mais destacado
totalitário renega a alteridade na primeira fila das pedradas nos “pecadores”
da ordem. O cetro de sua eminência é lustrado todos os dias pelas mãos suaves
de unhas ferinas em nome da fé. Agora a palavra é a do mercado livre, amplo e
solto em sua gloriosa locução aos desempregados do mundo.
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