Os conservadores
brasileiros na variabilidade própria dos matizes de todas as categorias
ideológicas têm em comum o temor de uma sociedade plural e democrática. Eles gozam
da fé inabalável nos EUA e no seu modo de ser. Para eles aquele napalm no corpo
daquela jovem vietnamita, correndo sem roupas após o bombardeio, é apenas um
erro na justa luta contra o mal comunista.
Eles continuam com
horror às eleições livres, chamam de ditadura os eleitos fora do seu credo e
guardam, por enquanto, o silêncio da enorme afeição à ditadura militar de
recente memória. Eles são integrais, totais e orgânicos em seu modo de ver o
mundo: acreditam na fé neoliberal, têm horror à agricultura familiar e amam o
agrobusiness; acreditam na “ordem total” e abominam os movimentos sociais; usam
discurso contra a corrupção para combater as lutas sociais, os direitos sociais
e os direitos humanos.
São competentes na
manutenção do poder mas atabalhoados se as rédeas do Estado não estiverem em
suas mãos. Os conservadores piscam o olho para Pinochet, se amuam com a morte
do “bom velhinho” Videla na prisão e fazem isso de um modo malandramente
disfarçado: combatem Fidel e Raul Castro, além de Hugo Chávez, Rafael Correa e
Evo Morales.
Enfim jamais lerão algo
de um conservador apontando a contradição entre grandes negócios e o desastre
ambiental mundial. Quando abordam o assunto tendem a falar de uma culpa
original e geral contra o ser humano de modo a garantir que o desastre é um
tema irreversível da maldade humana. Jamais apontarão para o grande negócio e a
necessária luta política contra esta ordem que apodrece o presente e apaga o
futuro. Leiamos o seguinte caso.
Sygenta, Monsanto,
Bayer, Dow Chemical, Dupont controlam 100% dos agrotóxicos e dos organismos
geneticamente modificados (plantas e sementes). Agora desenvolveram uma nova
geração de inseticidas neuro-ativos relacionados com a nicotina
(neonicotóides). Um milho geneticamente
modificado da Sygenta matou gado na Alemanha e 52 milhões de americanos
sofreram contaminação com o agrotóxico Atracina em seu lençol freático usado
para beber. A atracina tem a capacidade de mudar o gênero em animais.
Os neonicotóides são
letais para aves e o sistema aquáticos que elas dependem. Esta nova geração de
agrotóxicos tem uma enorme capacidade de persistir no meio ambiente e se
infiltrarem nas águas subterrâneas. Um só grão de milho contaminado com
neonicotóides pode matar um pássaro.
Estes agrotóxicos estão
se acumulando nas águas superficiais e nas águas subterrâneas e muitas coleções
já chegaram ao nível de contaminação suficiente para destruir invertebrados e
aves que dependam destas água. A questão mais recente é o impacto destes
tóxicos sobre a destruição de abelhas selvagens e domesticadas.
A mortandade entre
apiculturas tem sido tão elevada nos EUA que seus proprietários, através de sua
associação, estão processando o governo americano pela sua leniência com o
crime ambiental. Está acontecendo um conflito intenso entre o governo Obama que
defende as empresas produtoras e o governo Putin da Rússia que se indignou com
a mortandade de abelhas em toda a Europa em decorrência dos neonicotóides.
A situação é tão grave
que a Europa tende a que os governos passem a controlar todas as plantas e
sementes. Isso significa que o liberalismo comercial das grandes empresas terá
de perder o proselitismo de seus executivos e de suas ações em bolsa, para
sujeitarem-se à análise ambiental de governos. Os tempos dos negócios
desenfreados para concentrar capital e oferecer glamour à vida de executivos
high-tech se encontra na encruzilhada do desastre físico do planeta. Some-se
mas este efeito os desastres econômicos dos neoliberais.
A natureza da
adjetivação dos relatórios em relação aos organismos geneticamente modificados
está de tal forma talhado que na União Europeia se fala em “sementes
monstruosas” criadas geneticamente. A EU e a Rússia de Putin têm esta visão mas
o governo Obama defende as cinco grandes dos agrotóxicos argumentando que a
morte das abelhas não se deve aos neonicotóides e atribui tais mortes (fora do
normal) a inúmeras causas.
Argumenta-se em
contrário que Obama foi financiado pela Monsanto e que pôs inúmeros
funcionários da empresa em órgãos chaves do governo ligados à regulação dos
agrotóxicos e dos organismos geneticamente modificados tais como o FDA (US Food
and Drug Administration) e a USDA (US Departamento of Agriculture).
A Câmara dos
Representantes dos Estados Unidos aprovou uma lei que anistia previamente todas
as “agrotoxicoleiras” de suas eventuais responsabilidades em desastres
ambientais. Ou seja, protege as sementes geneticamente modificadas de eventuais
litígios perante riscos ambientais. A lei foi sancionada por Obama e passou a
ser jocosamente chamada de “Monsanto Protection Act”. Se alguém no futuro tiver
algum problema de saúde associado com as sementes da Monsanto não poderá
recorrer aos tribunais.
O capitalismo sempre aprende
a fazer negócio e os capitalistas a se eximirem de suas responsabilidades sociais:
se houvesse uma lei como essa em relação a nicotina as companhias tabageiras
jamais teriam sido responsabilizadas pela epidemia decorrente do uso do
cigarro.
Enquanto isso o regime
franco dos conservadores brasileiros teve um grande ideólogo que foi um grande
executivo da Dow Chemical. Chamava-se Golbery do Couto e Silva.
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