Seguindo a ideia de uma outra utopia frente ao atual sistema
capitalista. Toda utopia é a construção do futuro e quando aplicada à realidade
vai enfrentar as contradições. Como dizia o filósofo Alemão Ernest Bloch: viver
o futuro no presente. Nem sempre realizáveis, as utopias ao menos se prestam
para que seus cultores sintam a renúncia dos seus motivos nobres. É muito comum
entre os cristão a renúncia ao amor fraterno, pelo menos na prática, em razão
de sociedades desiguais que aceitam a servidão humana.
Agora mesmo o Papa Francisco tem dito coisas que ferem
mortalmente o atual sistema de lucros e transações sob base do interesse
compensatório. O modelo você sabe, vale pelo que em negócio me proporciona. Estendido,
por exemplo, com as indulgências pagas, com o dízimo e a tabela dos preços dos
sacramentos.
Nem preciso falar em figuras abjetas que pregam milagres com
a mão, enquanto na outra sustenta o saco que recepciona o lucro do milagre.
Falo de coisas do tipo de quem chega para “encomendar” o corpo de um rico e se
engana ao se aproximar do corpo de uma família pobre. Quanta decepção pelo
engano, interrompe o ritual antes da metade e vai em busca da família que o
encomendou.
E eis que o Papa Francisco anda a pregar o amor gratuito de Deus por nós. Retorne à
palavra gratuito, que não requer pagamento. Não depende da transação. E se
conclui que a pessoa que é muito amada é levada, naturalmente, a amar muito.
Quem é amado de modo gratuito, sem ter que dar nada em troca, ama sobretudo a
todos.
Algo mais revolucionário em relação a este mundo baseado no
sucesso, no acúmulo de bens materiais e em levar vantagens nas transações com o
outro? Isso é de uma radicalidade que põe por terra todos os alicerces em que a
própria Igreja foi construída e se sustenta.
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