Zé Flávio acaba de publicar uma bem humorada crítica a certo
discurso oposicionista que não constrói alternativa e tem medo das mudanças
sociais de um país das nossas dimensões (por isso mesmo: são mudanças macros
que atinge grande número de pessoas). Esse discurso não se restringe aos blogs
do Cariri, mas ele é repercutido com muita frequência por quem posta neles.
Aliás, o Zé faz uma boa referência regional ao lembrar de algumas bandeiras que
são típicas destas postagens.
Uma das características desse discurso é o anticomunismo
febril e neurastênico, um horror a Cuba e à Venezuela e um apego aos modelos de
“sucesso” como o experimento neoliberal do Chile. Aliás um discurso malandro,
pois personaliza a contrariedade ao atacar Fidel, Hugo Chávez, Evo Morales, mas
nunca falam em Pinochet.
Na semana que passou, com a mídia das velhas e endinheiradas
famílias conservadoras do eixo Rio-São Paulo criando uma cortina de fumaça
sobre a reunião da CELAC em Cuba com a história da escala de Presidente Dilma
em Portugal, tivemos maiores mágoas naquele discurso que o Zé Flávio alfinetou.
É o protagonismo do Brasil em Cuba, numa escala que aquele discurso
desconhecia.
Segundo Tomaz Zanotto, diretor do Departamento de Relações
Exteriores e de Comércio da FIESP, o Brasil já emprestou a Cuba um Um Bilhão e
Seiscentos Milhões de Dólares. Incluindo créditos alimentícios para comprar de
alimentos aqui no mercado brasileiro. E agora o maior anacronismo do discurso
que O Zé levantou: isso tudo vem desde o Governo Fernando Henrique Cardoso e se
manteve com Lula e Dilma.
A verdade é que hoje já existem trezentas empresas
brasileiras operando em Cuba. O Governo Brasileiro fará uma série de
associações com empresas de biotecnologia com o país e só no porto de Mariel o
Brasil está investindo 1 bilhão e duzentos mil dólares. As obras são tocadas
por um empresa brasileira, 80% das compras são feitas no Brasil e as receitas
que pagarão o empréstimo serão do próprio porto.
Cuba vai se aproveitar do modelo chinês a partir dos ganhos
de sua própria revolução. População bem educada e um bom sistema de saúde
pública. Segundo o diretor da FIESP as empresas brasileiras instaladas em Cuba
apontam a excelente qualidade técnica do trabalhador cubano.
E olhe que vai ocorrer a ampliação do Canal do Panamá e aí é
uma porta para o Pacífico, é uma escala para a produção brasileira além da
proximidade dos Estados Unidos da América. Se o embargo cair, o porto de Mariel
é fundamental.
Enfim: é preciso usar o bem humorado argumento do Zé Flávio
para que esse discurso se preocupe com a realidade que nos envolve. Que muda
muita coisa em volta, numa velocidade enorme e com elementos inteiramente distintos
de trinta anos passados.
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