A cinco meses das eleições presidenciais tudo indica que a
disputa se dará entre a atual Presidenta Dilma Roussef e o Senador Aécio Neves.
Ambos mineiros, mas igualmente atrelados politicamente ao projeto paulista.
Parece cada vez mais difícil para Eduardo Campos do PSB construir uma via
alternativa a esta polaridade política que já perdura duas décadas.
Obstáculos de várias ordens se põem no caminho de Eduardo
para expressar a verdadeira alternativa a que se propõe. O domínio dos meios de
comunicação pelo eixo São Paulo-Rio e a vinculação deles à hegemonia
internacional dos EUA é um grande obstáculo. Eduardo apenas será validado se
for para facilitar o segundo turno com Aécio Neves.
Outro grande obstáculo do Eduardo é conseguir fontes de
financiamento para mais do que ser linha auxiliar do projeto político bipolar
PT e PSDB. Sendo um político de grande prestígio em seu estado, Eduardo Campos
não teve tempo para se constituir como um grande líder nordestino. Eduardo não
foi nos últimos anos aquele personagem que atuou nas cenas principais do país.
Não vamos esquecer que Collor de Mello foi inflado pelo medo
das oligarquias com os partidos de origem trabalhista. A mídia lhe deu uma
dimensão política maior do que tinha e os meios empresariais deu eco a isso
durante todo o seu mandato como governador de Alagoas. Numa sociedade
empobrecida e injusta a campanha de que funcionários públicos ganhavam absurdos
enquanto o povo morria de fome, colou como uma luva no sentimento popular.
E observemos a contradição de que um verdadeiro Marajá
nordestino conseguia convencer que toda a exploração dos trabalhadores era
devido aos altos salários do setor público. Era um desvio linguístico e um
corta luz da realidade em que os empresários esfolavam os trabalhadores. Os
empresários eram quem puxavam os cordões do Collor. Quando ele não se prestou
mais para o exercício do fantoche, tiraram-no de cena, mas tendo o cuidado de
aliviá-lo de todos as denúncias recebidas com aconteceu no ano atual. Contemporaneamente
José Dirceu do Partido dos Trabalhadores recebe regime prisional fechado quando
o plenário do TSF lhe deu regime aberto.
Udenismo é a palavra chave para compreender esse linguajar
que construiu a mercadoria Collor de Mello, com a rede Globo hegemônica fazendo
todo a estratégia de Marketing e o merchandising inserido nos noticiários de
suas emissoras. A primeira face do Udenismo no Brasil é ser extensão dos
empresários conservadores atrelados ao projeto americano e ser a cozinha da
mídia nacional. A marca é o denuncismo, o moralismo anacrônico, a agressão
verbal aos adversários, o levante da classe média e especialmente a bandeira de
que é preciso escorraçar da vida política todo ator que milite na causa dos
trabalhadores.
Isso acontece até nas disputas municipais. Mesmo quando
apenas representam brigas paroquiais de grupos querendo dominar o poder
municipal, é certo que os atores que operam nas redes sociais, jornais, rádios
e televisão representam verdades e mentiras do que é interesse público e dos
trabalhadores (“quem trabalha é quem tem
razão”). Não é incomum que vozes do poder de ontem que eram tão virulentas
contra qualquer crítica de sua administração, hoje se diga a voz da democracia
perseguida pelo poder atual. E tome denúncias e CPIs para cima do Executivo.
Empresários conservadores, mídia empresarial, udenismo e a
falsa figuração das verdades do povo se constitui no recheio onde a polaridade
na política atual ainda se manifesta. Isso tudo serve para melhorar efeitos e
esconder os verdadeiros projetos políticos (econômico e social) que
representam. Dando o desconto de ser ele do campo trabalhista, entendo que o PT
e o PSDB estão apresentando as seguintes propostas segundo Paulo Vanuchi:
“A ideia de que o
Brasil tem que seguir nessa linha de promover crescimento, mais emprego,
recuperação do salário mínimo e gastos sociais em programas como o Bolsa
Família.” (a linha de ideias tem como matriz os interesses dos
trabalhadores e assalariados).
“O estado não pode
gastar tanto na questão social e é preciso estimular a produção dos grupos
empresariais, controlar os gastos excessivos, impedir que o salário mínimo
cresça criando problemas para empresas e prefeitos com a defesa de que se
houver um relativo aumento do desemprego, esse será o remédio amargo que o
sistema capitalista requer que a economia funcione melhor.” ( a linha de
ideias das grandes corporações produtivas e financeiras).
A dar credibilidade à análise de Vanuchi tem-se a própria
mídia-empresarial ao acompanhar declarações do Senador Aécio Neves e do
financista Armínio Fraga e o próprio discurso da Presidenta Dilma no dia
primeiro de maio.
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